Essa pergunta mexe profundamente com nossos valores e crenças, pois intimamente quase todos nós já vivemos esse conflito, na fantasia, no segredo de sua alma.
Sem fazer apologia de traição e adultério, o campo da psiché admite que os caminhos do coração são indeterminados envolvendo duas situações fortes e reais: a dos sentimentos e desejos e a das convenções sociais.
Terapeutas de casais podem assegurar que relacionamentos, mesmo os mais felizes, envolvem muitas razões para sustentá-los e nem por isso satisfazem todas as necessidades das pessoas.
O romantismo nos inspira a admitir apenas uma parceria amorosa, isso não impede que desejemos outras pessoas, o desejo erótico escapa de nosso controle, mas a escolha do caminho, o comportamento diante do desejo, esse é de nossa escolha e responsabilidade.
Entender que o sentimento não é construído, mas que a relação torna-se fundamental para que sem hipocrisia possamos entender o que sentimos, para a partir daí , fazermos nossa escolha .
A verdade é que não existe ninguém capaz de satisfazer todas as nossas expectativas, conviver com algumas faltas faz-se mister em qualquer relação que se preze.
Saber que sexo, paixão e amor têm movimentos próprios o esforço criativo para ter-se felicidade é compreender esses movimentos e com muita intimidade amorosa dividir isso com o parceiro para se equalizar as necessidades sem ferir ou ser ferido.
Mas uma questão crucial, a ética, o respeito e a correspondência aos contratos celebrados quando por meio da paixão, amor,atração e principalmente admiração escolhemos aqueles com quem desejamos viver a nossa intimidade,sexual e afetiva.
Dentro desse contexto podemos, sensíveis aos estímulos de Eros, nos deslumbrarmos, com outrem que nos inunde de emoção , desejo ou tentação.
Nós mesmos e não a sociedade delinearão o caminho a seguir dentro de nosso projeto de vida, sem negar a vulnerabilidade aos surtos de paixão que permeiam uma relação duradoura e construída.
Se não nos permitirmos esses surtos, não questionaríamos a validade e o empenho que temos em manter uma relação duradoura, lapidada, e algumas vezes reformada com perdas. Assim deve-se dar espaço para a renovação e o crescimento, ficando submersa pela força estagnada da certeza da exclusividade.
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