A Páscoa terá, este ano, a terceira alta consecutiva nas vendas do varejo, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O aumento previsto é de 1,5% em relação ao ano passado, quando o faturamento cresceu 2%.
As vendas devem atingir R$ 2,4 bilhões em todo o país.
O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, disse que a expectativa para a data está condizente com o nível de atividade atual da economia.
Ou seja, “com o nível de consumo e com desemprego ainda alto”.
Observou que essa data, que costuma impulsionar o crescimento das vendas do comércio, este ano vai dar um “empurrãozinho muito pequeno. Porque o nível de desemprego ainda está muito alto”.
Outro fator que atrapalha as vendas da Semana Santa deste ano é a alta do dólar nos últimos meses.
Com isso, produtos como ovos de Páscoa e chocolates em geral; azeite e pescado, ao contrário do ano passado, mostram preços mais salgados, devido ao dólar.
“Isso tende a atrapalhar um pouco as vendas da Páscoa”, disse Bentes.
No entanto, o fator principal para o economista-chefe da CNC é a dificuldade de retomar a capacidade de consumo no ambiente de desemprego alto.
“Acho que isso está por trás desse número decepcionante das vendas de Páscoa”.
O aumento de 1,5% projetado para o faturamento do varejo na Semana Santa está bem distante da alta de 9,5% registrada em 2010.
Contudo, o economista lembrou que esse foi um outro momento da economia.
À época, o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) evoluiu 7,5%.
Temporários
Bentes destacou que a expectativa de crescimento do PIB este ano está em torno de 2%.
Assim, tende a dar o ritmo da economia.
“Com o mercado de trabalho fraco do jeito que está, o comércio paga a conta nas datas comemorativas. Neste caso, através de altas bem modestas no faturamento real. E isso acaba atrapalhando até a expectativa de contratação de temporários”, afirmou.
A pesquisa da CNC projeta contratação de 10,7 mil trabalhadores temporários na Páscoa em todo o país.
Contudo, abaixo do número do ano passado (10,8 mil), devido ao ambiente incerto na economia.
O que, segundo ele, acaba fazendo com que o varejista invista pouco em contratações este ano.
O salário médio de admissão no varejo deverá ser de R$ 1.267.
Portanto, uma alta de 5,9% em comparação à Páscoa de 2018.
O economista explicou que, historicamente, cerca de 12% dos trabalhadores temporários acabam efetivados depois da Páscoa em hipermercados e lojas especializadas.
Em termos de vendas, a Páscoa é a quinta data comemorativa do varejo nacional e uma das mais afetadas pela variação do câmbio.
As outras são o Natal, Dia das Mães, Dia dos Namorados e Dia das Crianças.