Para muitos, lidar com os números é uma verdadeira tormenta. Compreendê-los, no entanto, significa descobrir as reais possibilidades de lidar com situações que fazem parte do cotidiano, mas nem sempre são percebidas.
Um exemplo ocorre em relação ao transporte coletivo, especialmente o metropolitano, que sofreu um reajuste recente de 6,94% nas tarifas, onerando ainda mais o bolso do usuário deste serviço. Em Santos, o aumento foi menor, mas também elevado (6%), passando a tarifa de R$ 2,50 para R$ 2,65.
A despeito dos argumentos da principal empresa concessionária do serviço na região, a Piracicabana, que atua em Santos com linhas locais e regionais, na prática percebemos que os investimentos divulgados pela empresa, como a constante renovação da frota, por exemplo, são insuficientes para atender a uma demanda em franca expansão. Ou seja, o número de ônibus ofertado nas linhas regionais está longe do ideal.
Vejamos: entre 2007 e 2010, a média de passageiros/dia útil que utilizam o transporte público na Região Metropolitana da Baixada Santista cresceu em 11,8% passando de 175.835 para 196.582, conforme a EMTU, apesar do aumento da malha cicloviária que atende a uma demanda cada vez mais crescente.
Ora, a despeito das ciclovias – utilizadas em sua grande maioria por ex-passageiros de ônibus -, as empresas de transporte continuam aumentando o número de usuários transportados diariamente. Mais receita, mais lucro, que não se reflete na melhoria da qualidade do serviço oferecido.
Isso fica claro quando falamos em transporte metropolitano, um verdadeiro acinte para que o utiliza diariamente, especialmente o (a) cidadão (a) residente em Praia Grande ou na área continental de São Vicente, que precisa se deslocar para Santos, cidade-mãe da região.
Os números do último Censo mostram um crescimento impressionante no volume de moradores, especialmente em Praia Grande, na década anterior. Enquanto Santos aumentou meros 0,4% em sua população, Praia Grande viu seu total de moradores crescer em 34,7% no período. Em números absolutos: cerca de 67 mil novos habitantes, maior que a população de Bertioga, Mongaguá ou Peruíbe.
Como parte deste acréscimo populacional ser formada por moradores de classes menos abastadas, que encontram nestas localidades a possibilidade de ter seu próprio imóvel, explica-se, portanto, o aumento no número de passageiros transportados diariamente, fato que não se reflete no atendimento às necessidades desta população.
Portanto, está na hora de se colocar em prática ações metropolitanas no transporte coletivo. Discute-se sobre o VLT há anos, cujo projeto prevê a ligação apenas entre Santos e São Vicente em sua área insular, esquecendo-se da área continental vicentina e de Praia Grande que, se mantido o ritmo de crescimento populacional atual, será o maior município da região em menos de duas décadas.
É bom lembrar: a miopia política faz mal não só à saúde, mas também aos eleitores.
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