Uma das principais lideranças políticas da Baixada Santista, a vereadora Telma de Souza (PT) participou do Jornal Enfoque/Manhã de Notícias da última terça-feira (22) e falou sobre diversos assuntos, como as eleições em outubro e o trabalho realizado na Câmara Municipal de Santos.
Prefeita de Santos entre os anos de 1989 e 1992, Telma de Souza também foi deputada federal (3 mandatos) e estadual (1 mandato).
Em entrevista, ela admitiu a possibilidade de concorrer ao cargo para o Congresso Nacional nas eleições de outubro.
Confira a entrevista
Boqnews – Como a senhora enxerga a possível chapa com Lula (presidente) e Geraldo Alckmin (vice)?
Telma de Souza – Nós temos compromissos políticos com este País. Um deles é tirar o presidente Jair Bolsonaro (PL) do poder. Neste momento, a pessoa que se credencia para essa tarefa é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, essa é a primeira questão.
Já a segunda questão é ganhar a eleição de preferência no 1º turno, a medida que a campanha será muito pesada.
Assim, o nome de Geraldo Alckmin é fundamental para a federação.
Ele traz setores da política da Grande SP e do interior. Um vice em qualquer chapa deve ser agregador.
Boqnews – Um dos principais pontos para a federação é a aliança do PT com o PSB, contudo há também o Governo de São Paulo. Uma das especulações é que Fernando Haddad (PT) seja candidato ao Palácio dos Bandeirantes, com Caio França (PSB) vice. Já Márcio França (PSB) disputaria uma vaga no Senado. Como a senhora analisa este cenário?
Telma de Souza – Eu tenho uma excelente relação com o Caio França, é uma pessoa bastante íntegra, mas na minha opinião, eu acho que ele seja um pouco jovem para este papel.
Para ganhar a eleição são necessárias composições complementares.
Dessa forma, na minha opinião, a chapa ideal seria Márcio França no Senado, se ele aceitar.
Já para o Governo do Estado, é interessante o Haddad ter um vice mais de centro-direita.
Boqnews – Qual o objetivo desta federação?
Telma de Souza – A finalidade da federação é garantir que, caso o Lula seja eleito, não ficaremos presos ao Centrão.
Temos um grupo de pessoas nesta federação que serão candidatos ao Legislativo.
Assim, teremos uma composição ideológica mais próxima do nosso programa.
Boqnews – No caso de São Paulo, a senhora acredita que a disputa no segundo turno fique entre Fernando Haddad e o atual vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB)? E como fica a candidatura de Tarcísio Gomes de Freitas (candidato de Bolsonaro)?
Telma de Souza – Eu acho que o ministro Tarcísio de Freitas chega com força, acenando os projetos de obras, como no Porto e o túnel entre Santos e Guarujá. Acredito que haverá uma disputa equilibrada na direita entre o ministro e o atual vice-governador (Rodrigo Garcia).
Caso, seja resolvida a situação de Márcio França no Senado, o nosso cenário com Haddad fica mais tranquilo, num certo ponto.
Boqnews – Em relação a Baixada Santista, como ampliar o número de representantes no Congresso Nacional?
Telma de Souza – É uma pergunta difícil de ser respondida. Mas eu penso que quando o candidato apresenta um programa é preciso uma linha de conduta, junto a isso tem que mostrar credibilidade, tendo uma trajetória no presente que possa ser projetada para o futuro.
A Baixada Santista precisa ter mais deputados federais.
Uma região com o maior Porto da América Latina não pode se dar ao luxo de não ter representação, principalmente no Governo Federal.
Boqnews – O PT tem dois representantes na Câmara Municipal de Santos, a senhora e o vereador Chico Nogueira. Caso os dois sejam candidatos para deputado federal, isso não é um complicador na divisão de votos?
Telma de Souza – Eu acho um fator complicador. Essa discussão ainda não foi levada aos níveis partidários e, evidentemente, nós temos uma série de situações.
Todos nossos filiados têm a legitimidade de se propor uma candidatura.
Entretanto, nosso maior objetivo é fazer uma grande bancada para deputado federal e estadual e eleger Lula para presidente.
Boqnews – Qual sua opinião sobre o processo de desestatização do Porto de Santos?
Telma de Souza – É muito complicado você propor uma desestatização, pois o Porto em si é um local estratégico para o País.
Não dá para fazer essa discussão no final de um governo.
Essa pauta deveria ter sido realizada no início da gestão para aprofundar as discussões.
Eu acho que os portos, de uma maneira geral, não podem ser desestatizados porque são um espaço de segurança púbica e mais ainda um porto com 30% de movimentação do Produto Interno Bruto (PIB) do País deve ser objeto de muita discussão.
O edital está previsto para novembro, mas eu acredito que isso não aconteça, porém os rumores são terríveis.
E, claro, existe uma negociação de R$ 7 bilhões e um túnel de R$ 3,5 bilhões.
Por mais que seja simples, temos as balsas, de alguma maneira elas cumprem seu papel.
O túnel é desejável, mas neste momento de pandemia, desemprego, fome e necessidades sanitárias não podemos fazer uma ação sem discussão.
Boqnews – Como está a volta do legislativo santista? Na semana passada, tivemos uma votação polêmica sobre o veto da gratuidade para idosos com menos de 65 anos …
Telma de Souza – Poucos sabem, mas havia um subsídio da Prefeitura de Santos para a empresa Piracicabana (responsável pelo transporte público) de R$ 800 mil por mês.
Por sua vez, agora será de R$ 1,1 milhão.
Neste cenário, por que então aumentou a passagem? Isso não pode!
As pessoas ou comem ou pagam o aluguel.
Assim, como elas vão conseguir se locomover?
Eu votei contra o veto e a favor da gratuidade para idosos com menos de 65 anos. (60 a 64 anos, votação ocorrida na semana passada).
Assim, a mobilidade não é uma escolha das pessoas, elas precisam utilizar do transporte para poder trabalhar.
Boqnews – E sobre o funcionalismo, cujo dissídio ocorre em fevereiro?
Telma de Souza – Sim, estamos lutando pelo reajuste salarial para as agentes de saúde e para elas receberem os atrasados, o recado está dado.
Confira o programa completo