Guarujá se desenvolveu como uma importante Estância Balneária e teve os cassinos como os grandes atrativos para a captação de turistas.
Já foi distrito de Santos e emancipou-se em 1934, alguns anos antes da proibição dos jogos de azar no país, que se deu por iniciativa do Presidente Eurico Gaspar Dutra em 1946. Ele queria zelar pela “tradição moral jurídica e religiosa do povo brasileiro”.
A verdade é que Guarujá tinha e tem muitos atrativos naturais. Tanto que é conhecida internacionalmente como a Pérola do Atlântico. E essa riqueza deve ser melhor trabalhada para o desenvolvimento de uma atividade turística sustentável dos pontos de vista ambiental, social e econômico.
Pois bem, no final do ano passado fui convidado pelos representantes do Instituto Nova Maré, a visitar um local que tinha ouvido falar por ser “diferenciado”: a Ilha dos Arvoredos.
Representando a Parceiros do Turismo, operadora de serviços de turismo receptivo na qual sou diretor, fui realizar uma visita técnica para avaliar a atratividade do local. Analisar sua estrutura e entender a viabilidade comercial para desenvolver “produtos turísticos” que envolvam a ilha.
Importante explicar que a Ilha dos Arvoredos era basicamente uma rocha que fica 1,6 quilômetro da praia da Enseada e um pouco mais distante da praia do Perequê. Mas tudo mudou com a chegada do paulistano e filho de americanos, Fernando Eduardo Lee, nascido em 1909, empresário, combatente e grande estudioso sobre as boas práticas ambientais.
E é incrível o que vemos por lá! Fernando Lee ganhou da Marinha Brasileira, na década de 50, uma concessão para desenvolver experimentos científicos na ilha. Ele criou um instituto que leva o seu nome e implantou nela estudos que abrangem as áreas de energias alternativas, piscicultura e genética vegetal, de aves e insetos.
O roteiro começou na Praia do Perequê, com instruções da equipe de receptivo, sobre procedimentos de segurança e de como aproveitaríamos as duas horas dentro da ilha. Logo embarcamos em uma lancha para um percurso de cerca de 15 minutos.
Ao nos aproximar da ilha passamos para um bote e logo acessamos a ponte móvel. Foi uma pequena aventura pois o mar mexia um pouco, dando mais emoção ao procedimento. Antigamente utilizavam-se guindastes com um compartimento para transportar as pessoas a ilha. E o último guindaste está ornado com uma escultura que retrata um ave Fênix, logo na entrada.
Uma vez na Ilha Encantada iniciamos um tour com monitoria super capacitada e que nos transmitiu detalhes de muitas engenhosidades daquele que pode ser considerado um dos pioneiros da ecologia brasileira, o Fernando Lee.
Seu primeiro grande desafio foi armazenar água potável. E ele conseguiu desenvolver um sistema que provê o tratamento e armazenamento em grande quantidade, a partir das chuvas. É o primeiro sistema com essas características no Brasil.
O projeto Mundo Sustentável, parceria entre os dois institutos é uma das melhores maneiras de promover uma imersão à educação ambiental, tanto para estudantes de diversos níveis, como para o público em geral. Uma aula de ecologia!
E o Instituto Nova Maré está realizando planejamento para propor visitas em diferentes formatos e customizar a programação de acordo com as novas demandas.
Vale mencionar sobre a importância de uma tese de doutorado produzido pela professora Priscilla Bonini Ribeiro que acabou divulgando e gerou uma maior valorização da ilha.
Eduardo Lee morreu em 1994 deixando uma Shangri-Lee, como costuma brincar, para ser descoberta por aqueles que querem conhecer o seu legado.
A Parceiros do Turismo aprovou a iniciativa e apoia o projeto organizando passeios a ilha.
Para maiores informações: 13 99771-9825
Diogo D. Fernandes Lopes é turismólogo, empresário e guia de turismo.
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