Depois de ganharem tanto dinheiro, mas tanto mesmo, que não sabem o que fazer com ele, os muito ricos querem fugir deste planeta enfermo.
Elton Musk, da Tesla e X, ex-Twitter, Jeff Bezos, da Amazon, Peter Thiel, um dos primeiros acionistas do Facebook e cofundador da plataforma de pagamentos PayPal, ou pretendem fugir para Marte ou construir bunkers na Nova Zelândia, para escapar à catástrofe. E ela virá. Eles sabem das coisas.
A humanidade machucou mais a Terra do que a chuva de meteoros que extinguiu os dinossauros.
Utiliza-se dos recursos naturais, oferecidos gratuitamente aos homens, porém finitos, como se eles não acabassem nunca.
Tudo extraem do ambiente, nada repõem. Ao contrário, emitem gases venenosos, causadores do efeito-estufa.
O resultado é a ocorrência cada vez mais frequente e mais grave de fenômenos naturais como inundações, tempestades, ciclones, temperaturas desumanas, incêndios, deslizamentos, terremotos e maremotos.
Essa tendência dos ricos quererem fugir do problema que ajudaram a criar foi objeto do livro de Douglas Rushkoff, professor de estudos midiáticos e economia digital na City University de Nova Iorque.
O livro se chama “Sobrevivência dos Mais ricos: fantasias de fuga dos bilionários da tecnologia”, foi lançado nos Estados Unidos no ano passado e ainda não traduzido para o Brasil.
A sua utopia é convencer os bilionários a não abandonarem a terra, mas investirem nela para que a humanidade tenha futuro.
É muito difícil que consiga algum resultado.
O empenho dos ricos é se tornarem ainda mais ricos.
Esquecem-se de que vão deixar esta esfera mais dia menos dia.
Por enquanto, não se descobriu a fórmula de se evitar a morte.
A mais democrática das ocorrências.
Chega para todos, inapelavelmente.
Por enquanto, fugir da Terra é um sonho que pode ser acalentado por aquele que têm dinheiro demais e não imaginam outra estratégia de gastá-lo, a não ser projetando viagens extraordinárias para Marte ou talvez outros planetas em que a vida humana seja viável.
Melhor seria se aplicassem essas fortunas em projetos de recuperação da cobertura vegetal, despoluição dos mares, distribuição de renda para os famintos, com eliminação do armamento e de tudo o que é bélico.
Sonho impossível?
A alternativa ao sonho é o pesadelo que se aproxima de forma célere.
Já dá para sentir sua chegada nas catástrofes que se repetem em todos os locais deste maltratado planeta.

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras.
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