A construção do túnel Santos-Guarujá é mais do que uma obra de infraestrutura, mas a concretização de um compromisso com o futuro, a desmistificação de uma “lenda urbana” e um símbolo da capacidade de articulação entre diferentes esferas de poder para impulsionar o desenvolvimento regional e nacional.
Esse é o entendimento dos participantes do painel sobre impactos e soluções da relação Porto-Cidade promovido pelo Congresso Nacional Portuário, ocorrido entre quinta e sexta (dias 5 e 6), em Santos, no litoral paulista.
Considerada a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, a ligação seca representa “um sonho de mais de 100 anos” que está prestes a se concretizar, devido à “boa vontade” e “diálogo democrático” entre as diferentes esferas de governo, segundo o secretário de Assuntos e Emprego de Santos, Bruno Orlandi.
O edital da obra deverá ser publicado no dia 5 de setembro, conforme anúncio dos governos federal e estadual.
Titular da pasta de Desenvolvimento Econômico e Portuário de Guarujá, Thaís Margarido reforçou que tirar do túnel do papel será o “fim de um mito urbano” e trará efeitos positivos para a economia, gerando empregos qualificados devido à natureza inovadora desse empreendimento.
Ambos também mencionaram o impacto significativo na vida das pessoas, pois a travessia entre as cidades levará menos de dois minutos.
Além disso, o túnel contribuirá para a sustentabilidade, diminuindo a dispersão de CO², fazendo referência à redução de emissões de veículos parados nas filas da balsa.
Diálogo permanente
A importância do diálogo e da colaboração contínua entre os portos e as cidades que os abrigam foi o ponto de convergência entre os participantes do painel.
Eles apresentaram experiências, destacaram os desafios e apontaram possíveis caminhos para uma integração mais efetiva entre os interesses portuários e urbanos foram
Para o secretário Nacional de Portos, Alex Sandro de Ávila, essa integração não é uma agenda simples e ocorre da noite para o dia.
Por esse motivo, é fundamental manter um diálogo permanente para que a comunidade portuária conheça melhor as demandas da população e do poder público.
Assim, permitindo a identificação de oportunidades de compensações sociais em obras e projetos.
O representante do Governo Federal destacou um exemplo positivo do Porto de Cabedelo, na Paraíba.
Afinal, lá a parceria com o Estado e o Município permitiu a criação de um centro de atendimento com médicos, dentistas e assistentes sociais para atender a comunidade do entorno.
Na avaliação dele, é um exemplo de como a escuta ativa e a cooperação entre os entes públicos podem resultar em ações concretas e transformadoras.
Orlandi, ressaltou a importância estratégica e simbólica do Porto e ressaltou que poucos municípios do mundo têm a sorte de abrigar uma estrutura com esse potencial.
Por outro lado, chamou a atenção para os desafios que acompanham essa grandiosidade, como os impactos urbanos da circulação de caminhões e as demandas por zeladoria pública.
Iniciativas
O secretário de Assuntos Portuários e Emprego de Santos compartilhou iniciativas bem-sucedidas que mostram como a articulação entre porto e cidade pode gerar benefícios tangíveis.
Um dos exemplos foi a criação do Parque Valongo, resultado da revitalização de armazéns portuários abandonados da região central a partir de investimento de R$ 15 milhões da empresa Cofco Internacional, em parceria com o Ministério Público, sem o uso de recursos públicos.
Thaís Margarido reforçou que o planejamento urbano precisa ser parte indissociável da relação Porto-Cidade.
Para ela, a urbanização, a abertura de vias e o desenvolvimento da infraestrutura retroportuária são temas fundamentais para que o município possa acompanhar o crescimento do setor portuário.
Assim, a secretária também mencionou que os recursos investidos em áreas sociais, como Educação e Saúde no Município, vêm em grande parte do tesouro local, o que reforça a importância de parcerias que tragam retorno à população.
Ela destacou o potencial da Pérola do Atlântico que terá em breve um aeroporto civil para atender ao turismo.
E que terá condições no futuro de operar cargas, contribuindo para o fortalecimento da economia da Baixada Santista.
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