Os beachs clubs invadiram as praias de Santos, no litoral paulista.
O conceito de unir ações exclusivas na faixa de areia começa a ganhar forma e força.
A despeito de questionamentos por parte de barracas e ambulantes vizinhos aos novos espaços, a medida que eles precisam recolher suas estruturas diariamente.
O que não ocorre nestes espaços, por exemplo.
No período noturno, a estrutura é mantida em sua dimensão – ainda que de forma reduzida em relação ao período da manhã.
Mesmo assim, bem diferente das barracas tradicionais, que precisam ser totalmente recolhidas.

Estrutura do novo Beach Club, no Canal 3, no período noturno: apenas uma lona azul cobre as mesas e bancos…

… enquanto as barracas vizinhas precisam ser recolhidas em sua totalidade toda vez que estão armadas. Fotos: Nando Santos
Além de restrições, como uso de som ambiente, proibido aos carrinhos de ambulantes.
Exemplos
Assim, pelo menos duas delas já operam desde o início do verão.
Caso do Sirio Beach Club by Aloha, junto ao Canal 3, no Boqueirão.
Trata-se, segundo informação da página oficial da empresa no Instagram, de ‘uma barraca de praia vinculada ao Clube Sírio Libanês, atuando com seriedade, transparência e respeito às normas que regulam o uso da faixa de areia”, informa.
“Nosso objetivo é oferecer um espaço organizado, responsável e alinhado aos valores da instituição que representamos”, acrescenta.
Nas redes sociais, o espaço destina-se para qualquer pessoa, garante a empresa promotora do local.
Aliás, informação presente em um comunicado com o título Transparência e Compromisso.
Apesar de pouco mais de três semanas de atividade, o local já virou point neste verão.
Chama a atenção o número de marcas publicitárias e shows no local, inclusive com gerador instalado do lado externo do lounge, para garantir o som acústico do espaço.
Uma ampla estrutura se faz presente, inclusive com bancos usando madeiras de reflorestamento, garantindo um visual agradável para o ambiente praiano, com patrocínio de uma cervejaria.

Na página oficial do espaço, garante-se que não há cobrança pelo acesso ao local, mesmo com uso dos equipamentos, como bancos estofados e outros benefícios. Foto: Nando Santos
Pulseiras
Aliás, não há menção de pagamento para acessar, a despeito de imagens mostrarem que o acesso ocorre por meio de pulseiras – as mesmas usadas em eventos e em hotéis, de uso restrito e exclusivo.
Um post publicado no último dia 16 de dezembro na página do empreendimento informa a não cobrança pelo acesso ao local, apesar do questionamento de um usuário, fato negado por um dos promotores do beach club.
“Não cobramos entrada, nem exigimos consumação mínima para acesso ao nosso espaço, nem realizamos aluguel de cadeiras, guarda-sóis ou qualquer tipo de acomodação. Nossa atuação segue os limites permitidos pela legislação vigente, garantindo uma operação responsável e alinhadas às normas públicas”.
Casa cheia
A despeito do conteúdo, em um grupo fechado a qual o Boqnews teve acesso, o espaço informa detalhes da grande festa que ocorrerá hoje à noite (31) para brindar o Réveillon, com direito a amplo cardápio, DJs, grupos de pagode e sertanejo.

Além disso, restariam até o final da tarde de segunda (29) os 10 últimos ingressos a R$ 800 (não fica claro se é unitário ou o grupo), além de dois últimos bangalôs.
Aliás, as mesas para o público já estavam esgotadas.

Mais um
Não muito distante dali, um outro espaço com proposta semelhante encontra-se em frente à futura tenda de verão erguida pela prefeitura na praia do Gonzaga.

Outro espaço montado fica na Praia do Gonzaga. Foto: Nando Santos
Aliás, neste local, cercado por cordas, há tendas montadas e cadeiras confortáveis para o público presente.
Não há, porém, qualquer identificação externa do responsável pela área (ligada a alguma barraca ou carrinho ambulante, por exemplo).
Assim como o beach club vizinho, a música ambiente também se faz presente.
Preocupação
Vereador Sérgio Santana (PL) lamenta a falta de unificação de ações entre as secretarias municipais.
“O problema é que não existe uma conversa entre a Semes (Secretaria de Esportes), que autoriza o uso das praias, e a secretaria responsável pela fiscalização”, lamenta.
Assim, conforme ele, há a autorização pelo uso do espaço, mas sem discussão com as partes envolvidas.
“Isso atrapalha os ambulantes que ficam o ano inteiro tapando buraco e quando chega a época da temporada, quando eles podem ganhar mais dinheiro para pagar suas contas e os alvarás, isso ocorre”, explica.
“Eu tenho recebido muitas reclamações sobre isso, pois tem tomado lugar de muita gente”, acrescenta.
Prefeitura
Em nota, a Secretaria Municipal de Esportes (Semes) informa que o local mencionado (Sírio Beach Club) “se trata de uma barraca de praia, licenciada, com novo layout, seguindo as normas de uso”
“Este novo modelo é permitido para entidades que já possuem alvará de funcionamento como barraca de praia”.
“A metragem permitida e utilizada é de 15 metros para as barracas de praia, mais 15 metros para os periféricos (guarda-sóis, cadeiras e mesas) e mais 8 metros para as redes esportivas”.
“Importante ressaltar que a montagem deste novo modelo é acompanhada pela fiscalização da Coordenadoria do Parque Roberto Mário Santini e Esportes de Praia (Copraia/Semes)”.
No entanto, não houve resposta a respeito da outra unidade localizada no Gonzaga, conforme divulgado pela Reportagem.

Gerador garante a animação do público presente. Foto: Nando Santos
Som
Além disso, a Prefeitura informa que a legislação municipal estabelece que a utilização de caixas de som precisa de licença prévia e deve respeitar o sossego público, tanto nas vias públicas quanto na faixa de areia.
Na hipótese de descumprimento, num primeiro momento as equipes da Guarda Civil Municipal solicitam a diminuição do volume do som.
E, em caso de reincidência, os equipamentos são apreendidos e a Polícia Militar é acionada.
A regulamentação permite som ambiente apenas nas barracas fixas de praia, que possuem licença específica para isso, além de limite de decibéis.
Desse modo, a medida tem como objetivo garantir o ordenamento das praias, evitar poluição sonora e assegurar o conforto dos frequentadores.
O uso de som em carrinhos de ambulantes nas praias de Santos é proibido.
Irregularidades pelos telefones 153 (GCM), 162 (Ouvidoria) e 190 (PM)”.
Além disso, uma norma determina que o uso de qualquer bebida em recipiente de vidro não pode ser comercializada por barracas e ambulantes.
Ou seja, na faixa de areia da praia ao longo dos próximos meses de verão (até o final de fevereiro).
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