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18 DE DEZEMBRO DE 2009

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Desafio olímpico

A realização dos Jogos Olímpicos ao Brasil, mais precisamente, no Rio de Janeiro, em 2016, e da própria Copa do Mundo, dois anos antes, já causou inúmeras discussões sobre o que se poderá fazer para angariar turistas e ter profissionais e infraestrutura para recebê-los nas cidades-sede e vizinhas.Tais eventos são muito aguardados especialmente do ponto […]

Por: Da Redação

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A realização dos Jogos Olímpicos ao Brasil, mais precisamente, no Rio de Janeiro, em 2016, e da própria Copa do Mundo, dois anos antes, já causou inúmeras discussões sobre o que se poderá fazer para angariar turistas e ter profissionais e infraestrutura para recebê-los nas cidades-sede e vizinhas.

Tais eventos são muito aguardados especialmente do ponto de vista social, pela possibilidade — declarada, inclusive, por autoridades federais e pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) — de ter o esporte como principal ferramenta de incentivo à inclusão e à educação. Trata-se de um desafio que terá, nos próximos sete anos, uma oportunidade singular de ser aceito e alcançado, e que, em seu atual estágio, até vem sendo cumprido.

Porém, a maior preocupação, conforme especialistas e profissionais diretamente envolvidos com o momento, é aprimorar à formação e à capacitação dos educadores físicos, que terão que dar conta da provável demanda de alunos-atletas que surgirá nos próximos anos, e, ao mesmo tempo, localizar o ser humano e o esportista que há dentro de cada estudante. “A qualificação dos profissionais é o ponto principal que precisamos avançar nesses anos, além da regulamentação urgente da prática da Educação Física nas escolas do País”, resume o gerente de Iniciação, Fomento e Eventos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Edgar Hubner.

Importância
De fato, após a escolha do Rio como sede das Olimpíadas, o discurso tem sido de que é das escolas que surgirão os novos atletas que ajudarão o País a se tornar uma potência olímpica. Algo que já é feito em locais considerados gigantes em competições esportivas, como os Estados Unidos e a China. No entanto, mais do que a conquista de medalhas de ouro em 2016, o legado a ser deixado deve ser, na visão de esportistas e profissionais envolvidos com a área, de caráter principalmente social.
“A prática esportiva proporciona uma melhor qualidade de vida, dá valores, e com isso você começa a mudar uma sociedade, um país”, afirma o ex-judoca e medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, Rogério Sampaio. “A mudança do Brasil passa pela educação, e a educação, pelo esporte”, resume.

Um dos primeiros desafios passa justamente pela inclusão social pelo esporte. Para o coordenador da equipe de professores de Educação Física da Secretaria Municipal de Educação de Santos (Seduc), Ivens Paiva, a demanda olímpica pelo sucesso brasileiro nas Olimpíadas vai ocorrer, mas não deve haver pressão externa, para que se fuja do que o próprio chama de cobertor curto.

“O que se tem que entender é que ninguém vai fazer, em sete anos, um atleta olímpico. Não se pode só enfatizar o esporte de resultados, em detrimento ao esporte escolar, que integra. É como se cobríssemos o corpo com o cobertor, mas esquecêssemos das pernas, porque ele é curto”, defende. “O objetivo da Educação Física escolar é garantir a prática esportiva a todos, enfatizando a cultura do movimento corporal, e certificando que mesmo quem não tem tanta habilidade possa também participar”, salienta.

Em nível nacional, um dos programas que visam essa inclusão são as Olimpíadas Escolares, realizadas desde 2005, anualmente, em cidades brasileiras. A participação é considerável. Segundo dados do COB, em 2008, foram mais de 23 mil escolas de todo o Brasil nas disputas, com quase 2 milhões de alunos-atletas. “O objetivo é possibilitar o encontro entre esses estudantes, relacioná-los socialmente e esportivamente, e, pelas competições, ter como traçar um diagnóstico do País, tanto do ponto de vista do esporte, como do social”, explica Hubner, que também é diretor geral do evento.

O gerente do COB avalia, ainda, que, ao longo desse período, um ponto positivo detectado, além da natural observação de locais onde há uma maior infraestrutura ou capacitação profissional, é a de que, no que diz respeito à potencialidade de atletas, as diferentes escolas brasileiras estão bem servidas. “Se você pegar como exemplo o judô, em 2008, as 16 medalhas de ouro foram dadas a 14 estados distintos. E essa grande distribuição é positiva, pois mostra uma boa perspectiva de as crianças, além de educadas, terem condições de seguirem no esporte”, considera. “O brasileiro tem qualidades naturais para isso, possui um biotipo adequado”, completa.

Em Santos, ocorre desde o ano passado a Olimpíada das Escolas Municipais, onde as instituições públicas do município participam de diversas modalidades. Inicialmente prevista para ser retomada em 2010, a competição escolar não está confirmada, em virtude da realização dos Jogos Abertos do Interior, que, no próximo ano, serão realizados na Cidade, e contarão com as estruturas das escolas para os eventos e alojamento. “Mais tardar, em 2011, as Olimpíadas devem voltar a ser realizadas com regularidade”, prevê Paiva.

Condições
Ao longo desses anos, o principal desafio será a capacitação dos profissionais de educação física para receber não apenas a demanda de atividades, mas preparar os alunos para a inclusão pelo esporte e, de quebra, detectar talentos. O trabalho não é fácil. Primeiro, pela necessidade de motivar estudantes que não gostam de esporte a praticá-lo, ao menos, como forma de integração e fomento à saúde.

Além disso, as mais notórias reclamações, por parte de alunos de ambas as redes (pública e privada), incluem a falta de compromisso de alguns professores, que simplesmente “dão a bola e deixam a gente lá jogando, e ficam batendo papo”, afirma um estudante da rede particular, que não quis se identificar. Fatos que complicam a imagem do profissional, e mostram o trabalho que haverá nos próximos anos para capacitar todos os professores.

De acordo com Ivens Paiva, da Seduc, há aproximadamente 100 docentes de educação física registrados junto à Prefeitura de Santos. Com o advento da nova rotina esportiva, propiciada pelos eventos da próxima década, uma das atitudes tem sido, conforme o coordenador da equipe de professores de Educação Física da Seduc, ampliar as chamadas turmas de contraturno, parte do programa Escola Total. Trata-se do período fora do horário de aula quando os estudantes, incentivados à prática esportiva, podem participar de atividades específicas sobre diferentes modalidades.

O projeto, realizado pela Seduc em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes (Semes) e a Fundação Pró-Esporte de Santos (Fupes), tem por intuito que os alunos interessados, por meio do incentivo na escola, aprimorarem qualidade e a técnica nas modalidades após as aulas. “O objetivo é adaptar a cultura da educação física com a possibilidade de identificar talentos”, explica.

Atualmente, uma das primeiras providências são as adaptações nos horários de capacitação dos professores, para que estes não necessitem deixar a instituição para acompanhar cursos ou clínicas, que contam com participação de técnicos da Fupes, por meio do programa Caminhando com o Esporte. “Não queremos deixar de qualificar esses professores, mas devemos ter o cuidado de não prejudicar as aulas, que já são curtas”, explica. “Por hora, essa logística é nossa primeira fase de adaptação”, completa.


Enfase à infraestrutura

A questão estrutural também é bastante discutida. Conforme o coordenador da equipe de professores de Educação Física da Secretaria Municipal de Educação (Seduc), Ivens Paiva, aproximadamente 40% das escolas municipais de Santos possuem quadras. Porém, mais da metade tem apenas um espaço, que é utilizado para atividades desportivas quando necessário. Paiva, lembra, no entanto, que as unidades mais novas já foram construídas com quadras em seu planejamento. “E as escolas estão sendo abastecidas com novos materiais”, reforça.


Além disso, atualmente, está em fase de construção o chamado Ginásio do Cais, na Avenida Rangel Pestana, na Vila Mathias, que terá capacidade para 5 mil pessoas e tem investimentos de R$ 13 milhões, aproximadamente. O objetivo é que o espaço seja utilizado por crianças e jovens para atividades esportivas e culturais.



O medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) e ex-judoca, Rogério Sampaio, que atualmente preside a Fundação Pró-Esportes de Santos (Fupes), porém, defende que os trabalhos podem ir além. “A gente sempre quer mais, pois sabe que é possível. Investiu-se bem em estrutura, mas há recursos para que novas aplicações sejam feitas. Se 25% do orçamento de uma cidade é voltado à educação, por que não determinar uma porcentagem especificamente para o esporte nas escolas?”, sugere. “E nunca é demais nos basearmos em exemplos de fora, não é vergonha nenhuma”, acrescenta.

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