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06 DE AGOSTO DE 2010

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Diferentes gerações

Aos 15 ou aos 60 anos, a sensação de ter um filho é carregada de muita emoção. Poucos são os que conseguem descrever em palavras todo o sentimento quando descobrem que um bebê está por vir. Quando nasce, então, vira um turbilhão de emoções. Dos mais jovens aos mais experientes, ser pai é se entregar […]

Por: Da Redação

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Aos 15 ou aos 60 anos, a sensação de ter um filho é carregada de muita emoção. Poucos são os que conseguem descrever em palavras todo o sentimento quando descobrem que um bebê está por vir. Quando nasce, então, vira um turbilhão de emoções. Dos mais jovens aos mais experientes, ser pai é se entregar por completo.


O susto e o receio aparecem por diferentes motivos, mas está presente em ambos os casos. Quando se é jovem demais, falta responsabilidade. Já no outro caso, muitos acreditam que passou do tempo, não terá mais energia, tampouco, capacidade física e até emotiva.


A psicologa Suzana Pessôa acredita que não existe uma idade certa para ser pai, depende da individualidade de cada um. Os extremos têm seus pontos positivos e negativos. O ideal, segundo ela, seria aliar a experiência e a calma dos que já estão na casa dos 60 com a mocidade e capacidade física dos meninos de 20. Como isto não é possível,  nos deparamos com perfis bem diferentes de pais.


“Vejo a geração dos 30 como a mais adequeda para ter filhos, mas mesmo nesta idade encontramos dificuldades. Muitos pais, por exemplo, pela profissão, dificuldades financeiras e por estarem se firmando no mercado, acabam não aproveitando os primeiros anos de vida do filho. Estão sempre muito ocupados. O tempo é curto”, explica.


O importante mesmo, independente da idade, acrescenta Suzana, é ser amigo, impor limites, participar da criação e ter sempre tempo disponível para as crianças. “Afinal, elas nascem ligadas nos 220v e precisam de atenção 24 horas por dia. Planejado ou por acidente, são para sempre”, conta.


Paternidade precoce
Quando a pessoa é muita nova, ela perde uma parte importante da vida, que é a juventude. “Época em que mais aproveitamos, saímos, vamos a baladas, bebemos, nos divertimos com amigos. Quando um filho chega,  tudo isso acaba de repente. O jovem tem que se tornar maduro antes do tempo”, explica a psicologa.


Foi assim com o editor da TV Santa CecíliaVictor Deluke, quando descobriu aos 20 anos que seria pai. No começo ficou em choque, não sabia direito o que fazer. Mas a surpresa mesmo veio depois de três meses de gravidez, quando ele e a esposa, namorada na época, descobriram que o bebê na verdade eram gêmeos. Diferente do esperado, a notícia para ele não veio como uma bomba. “Na verdade fiquei muito feliz, me animei. Não dá para explicar, simplesmente me empolguei. A partir daí gostei ainda mais da ideia de ser pai”, relembra.


Hoje, com 27 anos, Victor e as duas meninas – Júlia e Lívia – com 6 anos, se divertem como três amigos. “Paaaaaaaaii! Paaaaaaaaii!”, é assim que as duas correm ao encontro do jovem, quando a reportagem do Jornal Boqueirão atrapalhou, na tarde da última quinta-feira (5), um pouco a aula das meninas para tirar a foto dos três. Sem parar por um minuto as duas correram para abraçá-lo, com tanta empolgação que quase o jogaram no chão.


“A bagunça é diária. Me sinto muito amigo delas. Às vezes tenho até dificuldade de me impor. Não deixo de educar, mas para elas me ouvirem tenho que mudar por completo a postura”, revela rindo, como se estivesse lembrando de momentos complicados.


“Tive que mudar muito por conta delas. No começo foi mais difícil, mas me acostumei. Não vou mais a baladas, bebo bem pouco, evito ao máximo falar palavrões. Quando virei pai, me transformei em outra pessoa. Surpreendi a mim mesmo. Tento dar um bom exemplo”, explica.


Vitctor começou a conviver com elas a partir dos sete meses. “Na época, a mãe delas morava em Ilhabela e convidei para morar aqui comigo, junto com meus pais, que me ajudam bastante até hoje. Foi uma mudança brusca, mas por outro lado quando eu estiver com 39, elas terão 18.  Teremos sempre uma relação de amizade e companheirismo”, acrescenta Victor.


Segundo a psicologa, nesta época é preciso apenas ter cuidado para que o pai não queira viver a fase adolescente que ele não teve ou precisou interromper antes do tempo. “Tem que ser algo natural. Até porque na adolescência são os filhos que vão querer independência e muitos não aceitam, o que pode gerar muitos conflitos”, explica.



Planejamento depois dos 50
Na outra ponta, Mauro Rosman, médico sanitarista e professor universitário, teve sua segunda filha em 2008, com 58 anos. Fruto do segundo casamento, ele e a esposa planejaram o nascimento de Manuela, hoje com um ano e oito meses. “Pensamos muito para decidir a vinda da Manu, mas acredito que foi a escolha certa”, explicava Rosman, enquanto a caçula comia um pão, assistindo ao Cocoricó e esperando pelo horário da escolinha.


“Me divirto muito com ela, estamos sempre brincando. Foi um grande presente. Tem um lado ruim. Às vezes meu físico não acompanha o ritmo dela. Já tive até Ler (lesão por esforço repetitivo), na época em que ela era bebê e tinha todo um jeito de tirá-la do berço.  Em contrapartida, estou curtindo muito mais do que quando tive minha primeira filha. Na época, com 32 anos, trabalhava demais, mal tinha tempo para ficar em casa. Hoje é diferente”, acrescenta.


“Sei que quando ela tiver 10 anos eu já terei 67. Provavelmente não conhecerei meus netos ou os bisnetos, mas esta é uma experiência e tanto, não me arrependo. Hoje sou muito mais tranquilo e maduro, com outras prioridades, para criar uma filha”, revela.


As duas – Gabriela, de 27 anos, e Manu – se entendem muito bem. Para provar foi só falar no nome da irmã para que a caçula da família repetisse sem parar o nome Gabi. “Ela abraça a tela do computador quando fala com a irmã. Foi uma bela surpresa ver o quanto elas se dão bem”, conta Rosman. 



Pai-avô de repente
Para o professor de Biologia, Luiz Carlos Carlan, os filhos apareceram também em duas épocas diferentes de sua vida. O primeiro, Gustavo, veio quando tinha 28. Dois anos depois teve a segunda filha, Patricia. A caçula, filha do segundo casamento, porém, veio sem ser planejada quando já tinha 45 anos. “Me tornei pai-avô”, brinca.


“Foi um susto, mas depois um grande presente. Aproveitei mais a infância da Rafaella, a caçula. Quando tive os dois primeiros, trabalhava como professor em três períodos, era difícil conciliar o tempo entre família e emprego”, relembra. 


Com jeito espontâneo e liberal, Luiz Carlos – hoje com 66 anos e os filhos com 38, 36 e 21 – faz o estilo de pai amigo. “Quando me separei da primeira esposa, Gustavo e Patricia vieram morar comigo. Sempre fui muito liberal, aceito tudo de maneira tranquila e tento mostrar minha opinião. Como já era mais experiente, com a Rafaella deixei de cobrar algumas coisas que exigi dos dois. Nossos conceitos mudam, o conhecimento aumenta. Fica mais fácil”, conta.


Com as meninas, Luiz conta que tem uma relação de cumplicidade mais forte. “Sou sempre o primeiro a saber os segredos. Quando Patricia engravidou, por exemplo, ela tinha 20 anos e veio logo me contar. O primeiro conselho: não se case. Como filhos são teimosos, casou e depois acabou se separando. Mas fico feliz com a confiança que elas têm em mim. Gustavo é mais reservado, mas nos damos muito bem também. Com todos eles tenho uma ligação forte”, conta Luiz.


“Quando a primeira filha de Patricia nasceu, a Rafaella só tinha seis anos. Na época ela teve um pouco de ciúmes. Virou tia novinha, mas hoje todos – pais, filhos e netos – nos damos muito bem”, conta com um sorriso de pai orgulhoso. Atualmente, Luiz com 66 anos tem ritmo e energia de garoto, mora sozinho, continua lecionando e todos os dias conversa com um dos filhos. 

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