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18 DE SETEMBRO DE 2009

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União de esforços

Há quase três anos, 166 famílias residentes na Vila Alemoa passaram pelo momento mais difícil de suas vidas. Em 19 de dezembro de 2006, um incêndio destruiu 250 barracos no local, em uma tragédia de repercussão nacional. Por sorte, ninguém morreu, mas o fato acabou unindo ainda mais uma comunidade cuja população é difícil estimar. […]

Por: Da Redação

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Há quase três anos, 166 famílias residentes na Vila Alemoa passaram pelo momento mais difícil de suas vidas. Em 19 de dezembro de 2006, um incêndio destruiu 250 barracos no local, em uma tragédia de repercussão nacional. Por sorte, ninguém morreu, mas o fato acabou unindo ainda mais uma comunidade cuja população é difícil estimar. Afinal, conforme o Censo do IBGE, feito em 2000, eram 560 pessoas. No entanto, nos cálculos da Frente Popular da Vila Alemoa vivem, aproximadamente, 1.113 famílias, em um total de 2.600 crianças, que, desde então ganharam motivos para sorrir nos últimos meses do ano, a começar no Dia das Crianças.

É quando a comunidade realiza, a partir de doações, uma festa com doces, salgados, refrigerantes, danças, corrida do ovo e bambolê, acompanhada da distribuição de brinquedos arrecadados em diferentes estados, mas que são entregues totalmente consertados, como se fossem novos. Fruto de um trabalho que envolve aproximadamente 30 pessoas, a ‘oficina de brinquedos’ funciona dentro das próprias casas, às vezes, ao longo de toda a madrugada.

“A gente não consegue parar, porque tem que cuidar das crianças ou trabalhar, mas quando surge a folga, vai cada um para um canto começar a preparar os brinquedos para a criançada”, explica a líder comunitária da Frente Popular da Vila Alemoa, Maria Lúcia Cristina de Jesus. “Se for preciso, a gente vira a noite, mas faz tudo”, completa.
Quando a reportagem do Boqueirão foi à casa de Cristina, já haviam 250 brinquedos, sendo que boa parte deles estava em cima das camas do quarto da líder comunitária. De um lado, bonecos sem cabeça, desfiados, estragados e rabiscados. Do outro, um “paredão” de brinquedos parecendo novos, limpos, consertados e prestes a serem colocados em pacotes de presente, já preparados para a festa do dia 12 de outubro. E apesar da quantidade, ela ainda está longe da ideal. “No ano passado, conseguimos quase 3 mil, e todos receberam brinquedos embrulhados e em seus saquinhos”, lembra.

Ideia
A ideia, em princípio, surgiu de uma brincadeira, uma tentativa de dar alegria à garotada da Vila. “A gente via que muitas crianças não eram ajudadas. Apesar de termos uma Sociedade de Melhoramentos, essa não faz nada por elas”, dispara Cristina. Segundo ela, a escola do Sesi, na Avenida Nossa Senhora de Fátima, possui dias de lazer especiais para a criançada, mas que não atendem só a Alemoa, fazendo com que muitas crianças “voltassem para casa com a carinha triste porque não conseguiram brincar ou ganhar um brinquedo”.

“Então, a gente tomou a iniciativa, de organizar a festa e doar os brinquedos, porque o sorriso de uma criança, na espera por saber que vai ganhar uma lembrança naquele dia, é muito bonito”, explica, reiterando, ainda, que a situação é mais complicada pelo fato de muitos pais não terem condições de comprar um brinquedo, seja ele novo ou velho.

Trabalho
A brincadeira ficou séria. Se em 2006, foram 250 crianças atendidas, o número subiu para 800 em 2007 e chegou a 2.400 em 2008. Sinal de que o trabalho não é fácil. “É muita gente que nasce… Existem meninas de 20, 25 anos, com até sete filhos. É complicado”, lamenta a líder.
Segundo Cristina, cada criança terá um brinquedo que mais se aproxime de seu gosto. “De tanto trabalharmos juntos, hoje a gente já acaba sabendo o nome de cada um dos moradores e das crianças daqui”, explica. E de fato: enquanto a reportagem estava no local, Cristina falava, um a um, o nome de pais que residiam na vizinhança. “Para que internet? A gente acostuma”, brinca.

O custo também não é pouco. Embora boa parte dos membros da comunidade que participam da organização da festa não ganhem mais que um salário mínimo, ao todo, mais de R$ 1 mil foram gastos, só no ano passado, na compra do material — tecido para roupinhas, tinta, fios, cola, etc —, além de enfeites para as embalagens.
No entanto, o engajamento é tamanho que até mesmo as próprias crianças, tanto os filhos de Cristina como os de outras mães colaboradoras, entram na brincadeira e também ajudam a consertar e preparar os brinquedos das demais crianças.

“As pessoas, hoje, esqueceram um pouco do significado do amor ao próximo”, lamenta. “Esquecem que se você der um minuto do seu dia para ajudar alguém ou fazer uma pessoa feliz, ele será muito melhor. E é isso que se tenta mostrar à sociedade”, conclui.
Doações para a festa podem ser feitas na Marginal Direita, 180, na Alemoa. Informações com Cristina, pelos telefones 3299-3888/9162-8351/9763-0521.

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