Época de crianças alegres e excitadas cercadas por adultos melancólicos. Emoções bastante complexas, que evocam infância perdida, sonhos não realizados, dificuldades não ultrapassadas. Numa época em que o terror é banal, em que não nos indignamos mais, que com as emoções meio anestesiadas não nos deixamos surpreender.
Além do fato importante que nos propicia reflexões, orações e desejos os mais puros e felizes, do sentido religioso no Natal importantíssimo de ser lembrado e preservado, perceber que o Natal também é época que propicia renovação, renascimento de valores e comportamentos, reencontros, reparando o reboco da alma, fazendo com que o Feliz Natal faça sentido.
A reunião familiar, importante, pois a árvore para se manter ereta e frondosa tem que ter suas raízes alimentadas, irrigadas, mas que também nos defronta com a família ideal e a real é um teste e tanto para a nossa capacidade de ver a vida sob um prisma de encontro e afeto.
Logo após a overdose de emoções que essa época evoca na sua maioria inconsciente, pois os preparativos, compras, presentes encobrem um pouco dessa revisão da infância perdida de cada um de nós lá vem o novo ano, que nos leva, quer queiramos ou não a fazer um balanço que nem sempre nos favorece , enche de alegria e conforto, pois a vida real é assim sem perfeição.
Para saber fazer do imperfeito o que nos enriquece, precisamos de uma ferramenta muito pouco utilizada a ESPERANÇA aquela que os tempos bicudos retiraram da vida da gente, ficando equivocadamente ligada apenas à fantasia e religião. Mas a esperança é concreta, ela tem cheiro, cor, e resultados, basta que nós a coloquemos em prática, e esse é momento em que a relação com o mundo e com o futuro é posta em questão por convicção, praxe ou por convenção social.
Não interessa o que nos leva a pensar, refletir sobre isso, o importante é não perder a oportunidade. Ao invés de curtirmos a vida em todas as suas nuances, por medos, raivas, dores as mais diversas, muitas vezes estranhas a nós acabamos nos afastando do espetáculo da nossa vida, alienando-se da própria história em evocações nem sempre construtivas e se me permitem dizer todos nós, por mais preparados e lúcidos que sejamos, somos pegos nessa armadilha.
Mas se treinarmos um olhar para dentro de nós mesmos, aprendermos a ficar menos encantada com aquisições materiais e externas e nos habituarmos com a alegria e o gozo perdendo o medo de, vivenciar, de acertar ou errar com certeza teremos a possibilidade de fazer esse caminho de volta. Incorporar as dores e as imperfeições, não como perda, mas como mais um passo no processo maravilhoso da vida que é o de aprender a viver e não deixar de catar as frutas doces e saborosas que estão caindo pelo caminho, sem se importar com as frutas que não amadureceram que apodreceram ou as que o passarinho bicou.
Quando nos acostumamos com as coisas boas, muitas ou poucas, e nos vemos merecedores delas, podemos usufruí-las mais e vamos querer e nos empenhar sempre mais, apesar de todo o resto. Portanto vamos DESEJAR… Esse é o primeiro passo para realizar.
Feliz Natal e um ótimo Ano Novo!
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