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15 DE JUNHO DE 2015

Dinheiro da plebe

Por: Fernando De Maria

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Inaugurado com pompa há um ano (15 de junho) dentro das comemorações da Copa do Mundo no Brasil, o Museu Pelé tenta usar da criatividade para se manter autosuficente e deixar de registrar balanços no vermelho. Atrasos salariais viraram uma constante, por exemplo.

Não bastasse, a administradora do Museu, AMA – Brasil, já teve que acertar pendências com a empresa geradora de energia, CPFL, para evitar risco de corte de energia. Dos R$ 30,8 milhões originalmente previstos no projeto em 2014, a conta fechou no vermelho no ano passado em R$ 225 mil. E tem crescido.

Na ocasião, as principais autoridades do País estiveram presentes à festa de inauguração, como o vice-presidente Michel Temer, o governador Geraldo Alckmin e até a presidente Dilma Rousseff, por meio de mensagem gravada e transmitida em um telão, além, é claro, do próprio homenageado, amigos e autoridades de todas as cores partidárias e torcidas.

Certamente, são poucos os empreendimentos no País que contaram com tanto apoio público e privado para a proposta se tornar realidade (são 29 patrocinadores e copatrocinadores).

Afinal, foram investidos ao longo da obra – com recursos públicos e privados – algo em torno de R$ 50 milhões na edificação – antigo casarão do Valongo, prédio de alto valor cultural e arquitetônico totalmente recuperado.

Não se pode negar o esforço feito para tornar este empreendimento em algo real, seja por parte dos governos municipais, do Estado e da União, além da iniciativa privada.

Aliás, deve-se destacar o papel da prefeitura em agilizar as obras do local antes da liberação das verbas federais calculadas em R$ 10 milhões para a conclusão dos serviços a tempo do prédio ser entregue durante a Copa.

Literalmente foi uma corrida contra o prazo para deixar tudo em funcionamento. Deu certo. O espaço é amplo, com interatividade razoável (item, aliás, que precisa ser melhorado), mas peca no valor.

Comparar o preço do ingresso do museu (R$ 18) ao do cinema – em um mundo com domínio da indústria cultural – não parece uma decisão sensata. Tanto que toda vez quando há promoção no preço, o público comparece.

Ações conjuntas são válidas e devem ser incentivadas, como o projeto Festival Santos Café, que ocorrerá de 9 a 12 de junho no Centro Histórico. Será uma celebração ao café, mas existirão atividades artísticas, gastronômicas e culturais em espaços desta região central. Uma iniciativa louvável que pode ser uma alternativa pontual, mas insuficiente para conter o déficit.

Por exemplo, passado um ano, por qual razão não existe na prática um roteiro envolvendo também o CT do Santos e o Memorial das Conquistas, com vans circulando com o Roteiro de Pelé (na ocasião, o material chegou a ser divulgado, mas não foi levado adiante)? Potencialidade existe, ações estão sendo feitas, mas ainda há a necessidade de se provar que o dinheiro da plebe foi bem empregado para a construção do museu para um rei.

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