O velho ditado o combinado não é caro é cada vez mais varrido para debaixo do tapete, como se as relações acertadas previamente entre as pessoas de nada valessem. Isto ocorre em todas áreas e sociedades, proporcionando uma sensação de que os compromissos inexistem e o que fora acertado previamente deixa de ser validado posteriormente.
A questão, aliás, não é uma exclusividade tupiniquim. Pesquisa realizada pelo Fórum de Assuntos Públicos dos Estados Unidos revela que apenas 25% dos funcionários americanos acreditam estar comprometidos com seu trabalho; e 50% fazem o mínimo possível só para manter seus empregos. Além disto, 75% declararam estar em condições de serem mais produtivos do que estavam sendo no momento da entrevista. Uma enganação geral.
A falta de comprometimento permeia as relações sociais e profissionais atingindo em cheio uma organização, seja pública ou privada. Nesta última, o prejuízo fica restrito à empresa e seus colaboradores, o que, sem dúvida, gera transtornos, mas de impacto restrito.
A questão é pior no tocante ao setor público, onde não há a figura do dono. É aí que vira terra de ninguém, onde a expressão empurrar com a barriga é comum. Exemplos não faltam. Quem nunca teve problemas com o atendimento em uma repartição pública, onde a lerdeza no atendimento são, salvo as honrosas exceções, comuns?
Ou o rodízio praticado por profissionais da saúde nos prontos-socorros para atendimento ao público, deixando os pobres pacientes esperando por horas para serem atendidos? E o pior: os ausentes recebem mesmo sem trabalhar, como forma de compensar o recebimento dos baixos proventos. Alguns chegam a trabalhar em dois a três locais simultâneos, em horários próximos. Nem os Jetsons, a famíia futurista, conseguiriam tal feito. Como as autoridades de saúde fazem vistas grossas à realidade, fica tudo com a sensação do faz-de-conta que eu te pago e então faz-de-conta que você trabalha.
E mais: os professores que faltam, muitas vezes por motivos banais e não previstos em lei, e conseguem um atestado para garantir o dia, mas esquecem o comprometimento no aprendizado dos seus alunos que o esperam em sala de aula?
Ou as autoridades que reclamam da falta de verbas para a saúde, mas nunca agiram efetivamente em conjunto para lutar por melhorias para a região, que recebe de verbas estaduais o segundo menor valor per capita para atendimento hospitalar em São Paulo?
E por fim, os políticos, que, muitas vezes, alteram o discurso do palanque pré-eleitoral quando chegam ao poder, esquecendo-se do que fora prometido e combinado anteriormente. Neste caso, o combinado sai bem caro para o eleitor.
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