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Opiniões

17 DE JUNHO DE 2011

Letargia irritante

Por: Fernando De Maria

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Após exibição pública de maquete, encontros e oba-oba, o Governo paulista finalmente reconheceu que a esdrúxula ponte que seria construída entre Santos e Guarujá, na Ponta da Praia, seria utópica. Além das limitações impostas pela realidade (a ponte teria uma altura de 90 metros, que seria um impeditivo futuro para a atracação de embarcações de maior porte no porto de Santos) e o elevado custo de desapropriações, a proposta da obra, na prática, só serviu de palanque eleitoral para os caciques tucanos e, em especial, para chamar a atenção à candidatura José Serra à presidência da República no ano passado. Virou chacota e dinheiro público jogado no lixo com gastos com estudos e maquetes.


Quem pagou pelo devaneio tucano? Um doce para quem acertar…
Diariamente somos bombardeados com informações sobre o crescimento do Porto de Santos e os impactos que o pré-sal provocarão na economia regional. Porém, vivemos a síndrome do amanhã, como ocorre com os preparativos da Copa 2014. A diferença é que no último caso existe uma data fixada e conhecida. Em âmbito regional, esta necessidade já passou do prazo há tempos.


Para se ter ideia, há meio século o Governo paulista promete uma ligação seca  entre Santos e Guarujá, como já ocorre entre São Vicente e Praia Grande (Ponte Pênsil e Mar Pequeno). Nunca saiu do papel, apesar do crescimento regional e do fato de abrigarmos o maior porto da América Latina.


O tempo passou e a lentidão tucana (no poder desde 1994) atinge níveis críticos (sugiro que o partido mude seu símbolo para um quelônio). O sistema de tráfego viário na região – em razão do aumento de circulação de veículos e caminhões – está à beira do colapso. O Pólo de Cubatão sofre com os transtornos provocados pela falta de alternativas viárias para atendimento às indústrias, cuja movimentação acompanha o aquecimento da economia. Como os investimentos ferroviários são pífios no País, as rodovias viram a principal alternativa.


Com a ponte descartada, resta o túnel . A questão é a forma como fazê-lo. A Dersa estuda a construção de um ligando Santos e Guarujá, via Ponta da Praia. Parece ser a melhor proposta, mas deve ficar claro que tal obra – se realizada – deverá ser exclusiva para o tráfego de veículos de pequeno porte, como hoje ocorre com as balsas, e não em conjunto com caminhões.


Na verdade, se houvesse disposição política do Governo, o correto seria a construção de dois túneis: o da Ponta da Praia para acesso exclusivo a veículos de menor porte, e outro, entre Santos e/ou Cubatão com ligação à área continental santista, para atendimento do fluxo de caminhões em direção ao porto, que hoje têm que percorrer quilômetros de distância para atingir seu destino. Certamente, a iniciativa privada tem interesse em executar tais obras. Basta o governo sair desta letargia irritante.

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