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Opiniões

25 DE JUNHO DE 2016

Luta coletiva

Por: Fernando De Maria

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Símbolo de lutas de uma das mais importantes categorias da região, o Hospital dos Estivadores – após anos fechado – passou por uma ampla reforma e agora corre o risco de… permanecer fechado.

Motivo? Reflexo da falta de planejamento: toca-se uma obra e esquece-se o custeio, ou seja, o custo para sua manutenção. Resultado: o prédio, que passou por ampla reforma e consumiu R$ 60 milhões (incluindo a compra do imóvel), agora necessita de recursos para mantê-lo na ativa.

Com capacidade plena, razão principal que ocasionou sua reforma ampla (a proposta da administração anterior era mais simples, com ampliação gradativa), serão necessários, segundo a secretaria municipal de Saúde, pelo menos R$ 10 milhões mensais. A prefeitura diz que bancará 1/4 deste montante. O Estado já sinalizou com o outro 1/4. Falta o Governo Federal bancar com a metade da pizza SUS. Só que em um momento de tanta turbulência política e financeira, a situação não é tão simples assim.

E isso explica o risco do prédio estar pronto sem garantias da sua abertura efetiva à população. Ou seja, a situação é semelhante ao do galanteador, que para tentar conquistar a garota, gasta com roupa e sapatos novos, perfume e flores, mas na hora de levá-la para jantar, para no boteco da esquina por falta de dinheiro para ir a um restaurante de bom padrão.

Promessas de recursos e emendas parlamentares já foram sinalizadas. A questão é: nem sempre estas verbas são disponibilizadas no tempo certo. Não bastasse, não se percebe um empenho coletivo por parte das demais prefeituras da região por entender a importância da reabertura do Estivadores, que irá acrescer 223 leitos ao enorme déficit existente nas cidades da Baixada. Não somente com recursos, mas também com pressão política coletiva.

Afinal, em uma década, a Baixada Santista perdeu 283 leitos SUS – Sistema Único de Saúde, uma sensível queda de 14,6% no período. Temos hoje uma proporção de 1,55 leitos/1000 habitantes, sendo 0,93 do SUS e 0,62 dos convênios. O Nordeste é a região que tem a pior proporção no País. Mesmo assim, melhor que a nossa: 1,8 leitos/mil moradores.

Muitas cidades diminuíram sensivelmente o volume de leitos oferecidos à população na última década. Guarujá encolheu em 25% a oferta de vagas e São Vicente, 28,5%. Mesmo em cidades que aumentaram o volume de leitos, como Praia Grande e Bertioga, o crescimento foi insuficiente para acompanhar o aumento populacional no período.

Portanto, está na hora de picuinhas políticas serem deixadas de lado e que o tema seja tratado de forma metropolitana, sendo encampado pelo Condesb – Conselho de Desenvolvimento Metropolitano, Uvebs – União dos Vereadores da Baixada Santista e organismos sociais. Afinal, a abertura do Estivadores não é uma bandeira de A ou B, mas da região, que há décadas carece de uma atenção digna na área de saúde tanto do governo estadual como federal. Basta comparar nossos indicadores para comprovar o quanto estamos relegados a segundo plano pelos governantes. Exceto na hora de pedirem votos.

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