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Opiniões

05 DE DEZEMBRO DE 2013

Realidade cruel

Por: Fernando De Maria

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Dois episódios semelhantes, mas com fins diferentes ganharam espaço no noticiário local nas últimas semanas. O primeiro ocorreu no dia 25 de novembro, quando dois rapazes, sendo um menor, invadiram  uma casa na Vila Belmiro para roubar, fazendo a família como refém durante horas. 
Por sorte, ninguém se feriu. Só ficaram as feridas da violência urbana.
Cinco dias depois mais um episódio, este com final trágico. Ao sair de um hospital, no Campo Grande, o médico Marco Antonio Loss, de 47 anos, foi baleado e morto por dois menores que passavam pelo local para roubar um carro. Os autores da tragédia têm 14 e 16 anos e serão encaminhados para a Fundação Casa, de onde  sairão, na pior das hipóteses, em três anos. Chama a atenção, porém, a facilidade com que os eles tiveram acesso à arma, uma pistola 9mm fabricada na Argentina, de uso restrito das Forças Armadas. Como eles conseguiram? Eis a questão.
Não vou entrar no mérito sobre a discussão a respeito da redução da maioridade penal, tema já abordado anteriormente e que tem  uma esmagadora maioria favorável, conforme demonstram pesquisas sobre o tema. Mas o buraco é bem mais embaixo. Na realidade, a sociedade brasileira está perdendo a guerra para duas pragas que invadiram os lares: o tráfico de armas e drogas, alimentados muitas vezes pela parcela mais abastada. 
Não bastasse, vivemos em uma sociedade do consumo. Não basta ser, mas ter: o celular da moda, o tênis do momento, o óculos de sol de marca. O funk ostentação, que ganha cada vez mais espaço nas mídias sociais, é um retrato claro desta situação, quando a periferia  ganha vez junto às classes mais abastadas.
Famílias desestruturadas, pais ausentes, consumismo exacerbado, violência cotidiana, facilidade de acesso às drogas são alguns dos ingredientes que levam jovens – de todas as classes sociais – a ocuparem caminhos obscuros, cujos resultados são crueis e, às vezes, letais. 
Os números reforçam o quanto esta guerra está sendo perdida.O Brasil vê crescer o desemprego e a diferença social, mas a violência segue caminho oposto. Por exemplo, os roubos – ou seja, quando um assalto é praticado com violência – cresceram 8% em oito dos nove municípios da Baixada Santista (Praia Grande foi a única fora desta listagem, algo que surpreende!) na comparação entre os dez primeiros meses deste ano e de 2012, conforme destacado na reportagem publicada na semana passada por este jornal. E a linha que divide o roubo  do latrocínio é tênue. Afinal, basta apertar o gatilho ou enfiar uma faca na vítima que a tipologia do crime muda.
Em termos proporcionais, Santos lidera o total de furtos na região.  Não bastasse, a chance de um cidadão ser furtado (sem emprego da violência) é quase 30% maior do que a média paulista (com base nos números de 2012). Quanto aos roubos, a chance é de 16,5% maior que  a média estadual.
O panorama não difere nas demais cidades da região e de outras localidades. Portanto, esta é uma bandeira que a sociedade precisa levantar antes que a situação fique incontrolável. Afinal, quantas vítimas ainda  sofrerão as consequências até a situação – um dia – melhorar?

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