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05 DE JULHO DE 2023

Um abuso sexual ignorado

Por: Da Redação

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“Vem sentando gostosinho pro pai”, “Novinha sentando, ma-macetando”, “Ai papai, macetei”.

Você deve estar achando esses trechos completamente inapropriados para estarem em um jornal.

E você está certo! Por que, então, aceitamos que nossas crianças estejam submetidas a conteúdos tão ou mais obscenos do que esse?

Não apenas aceitamos, como achamos graça e batemos palmas.

Enquanto não mudarmos isso, não haverá campanha contra o abuso infantil que resolverá o problema.

Muitas são as causas dos nefastos abusos contra crianças e adolescentes.

A mais ignorada pelo poder público, pelos tribunais e pela mídia como um todo é certamente a sexualização precoce, que contribui fortemente para ambientes de estímulo aos abusos.

Presente em músicas e clipes, em revistas e livros, em filmes e séries e até mesmo em desenhos animados, esse é um negligenciado, desprezado e ocultado crime contra a infância e adolescência.

A indústria do entretenimento e seus “artistas” faturam milhões de dólares conduzindo tendências comportamentais desse tipo.

As músicas, por exemplo, com letras literalmente pornográficas e danças erotizadas, são apresentadas aos pequenos em shows e, especialmente, em vídeos na Internet.

As crianças e os jovens dançam “sensualizando” e têm vídeos seus postados nas redes sociais por seus próprios pais.

Além de fomentar o abuso sexual direto, esse é o fluxo da pedofilia cibernética, que, segundo especialistas, alimenta-se em grande medida desse tipo de conteúdo.

Na recém-criada Frente Parlamentar Contra a Sexualização Precoce de Crianças e Adolescentes, estamos estudando medidas para combater esse descaminho em todo o Brasil.

Ocupamos o vergonhoso segundo lugar no ranking mundial de exploração sexual de crianças, atrás apenas da Tailândia.

Diz a Constituição: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito (…) à dignidade, ao respeito, à liberdade (…), além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Certamente, o Brasil como um todo não está cumprindo com esses deveres.

 

Franciane Bayer é deputada federal pelo Republicanos (RS)

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