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15 DE AGOSTO DE 2023

Uma gangorra para Tarcísio e Zema

Por: Da Redação

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As últimas semanas foram de sobe e desce, uma verdadeira gangorra para os governadores Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, de São Paulo e Minas Gerais, respectivamente.

Ambos, em momentos distintos, ocuparam espaço com destaque na mídia por conta de suas declarações e ações políticas.

Cabe, antes, entender o porquê desta gangorra política-midiática.

Após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, há uma disputa no bojo do bolsonarismo para ver quem ficará com seu espólio eleitoral.

Pesquisas quantitativa e qualitativas colocam Tarcísio, Michele Bolsonaro e Zema, principalmente, como aqueles que podem ganhar com a ausência do ex-presidente na próxima disputa eleitoral, em 2026.

Na direita e na extrema-direita a força do bolsonarismo é considerável e não pode ser desprezada, contudo, sem Bolsonaro, há que se lembrar que o poder não fica órfão e na ausência do capitão alguém ocupará seu lugar.

Tarcísio é considerado o principal quadro com capacidade de substituir Bolsonaro.

Governadores de São Paulo, independentemente de qual partido, sempre ocupam o espaço de potenciais presidenciáveis. Se os atos de ataque aos três Poderes, em 08 de janeiro, fizeram com que Tarcísio tenha, inicialmente, se afastado de Bolsonaro e dos extremistas, suas últimas ações o colocam em evidência em temas caros ao eleitorado conservador e de perfil bolsonarista.

Ações policiais desencadeadas no litoral de São Paulo, resultando em inúmeras mortes, guindou o governador ao centro do debate ao, em suas palavras, considerar que a ação da PM não foi desproporcional.

Tal fala, todavia, engendrou críticas, pois a ação e as mortes ainda não foram devidamente investigadas. Mas, se há críticas, há também elogio da militância e de parcela da população que se sente acuada pela violência e cobram mais vigor das polícias.

Outro tema atinente aos costumes e de predileção do bolsonaristas é a educação e, neste caso, novamente, decisões do secretário de educação de São Paulo suscitaram duras críticas.

Em primeiro lugar, ao se vislumbrar a retirada dos livros que sempre fizeram parte da escola pública e que seriam substituídos por livros eletrônicos; e, em segundo lugar, a ideia de que os diretores escolares acompanhassem as aulas dos professores e preenchessem relatórios semanais.

Zema, logo após o destaque de Tarcísio, procurou seu lugar ao sol, mas o resultado, provavelmente, foi pior do que o de seu colega paulista. Zema ventilou a ideia de criação de um bloco Sudeste-Sul nos moldes do bloco formado pelos governadores da Região Nordeste. Até aqui, tudo bem.

O busílis da questão foram suas afirmações de caráter depreciativo aos estados nordestinos, como sendo pouco produtivos: “vaquinhas que produzem pouco”, em suas palavras.

Não faz muito, Zema compartilha frase do falecido Olavo de Carvalho: “Estudar de menos e opinar demais. Essa é a melhor desgraça do brasileiro”.

Os torpedos críticos foram lançados na direção de Zema: preconceituoso, separatista, crime de lesa-pátria e tantos outros impublicáveis.

Diferente de Tarcísio, Zema não poderá disputar a reeleição para governador e, por isso, seus movimentos são de busca do eleitor bolsonarista.

Seus valores e discursos acerca do Nordeste chocam parcela dos brasileiros, mas, certamente, cativam mentes e corações bolsonaristas e, conquistando esse eleitorado, pode vislumbrar voos mais altos.

Tarcísio afirmou, dias atrás, que não será candidato à presidência (embora seja “o” candidato no campo bolsonarista) e que apoiará quem Bolsonaro indicar.

Com isso, não quer “queimar a largada” como fez João Doria. Veremos, nos próximos dias, se Zema submerge ou avança na escalada retórica. 2026 é logo aí!

Rodrigo Augusto Prando é professor e pesquisador do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Graduado em Ciências Sociais, mestre e doutor em Sociologia.

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