O mundo precisa de um trilhão de árvores.
É a melhor e mais eficiente máquina de produzir bom clima e de fazer chover.
O Brasil precisa de alguns bilhões de árvores. O Estado de São Paulo de muitos milhões.
Tivessem todos consciência disso e haveria legiões de plantadores. Não é o que acontece.
Ressalvada a heroica ação de alguns abnegados, lembra-se da árvore no seu dia e planta-se um exemplar, sob aplauso de muitos que só observam o plantio.
Mas plantar árvores precisa atender a algum propósito. Árvore para que?
Existem as que florescem, existem as que não têm flores, mas dão sombra.
E há um tipo especial que mereceria a atenção de todos os seres preocupados com o futuro.
São as chamadas árvores frugívoras, que são eficientíssimas na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Elas alimentam os animais que praticam a frugivoria, hábito alimentar baseado no consumo de frutas.
Muitas aves se alimentam de frutos e isso quem observa os pássaros já constatou.
Nossa Mata Atlântica, este maravilhoso bioma que habitamos, tem os tucanos, as jacutingas, as jacupembas, que são grandes e consomem frutos de bom tamanho.
A jacutinga já está na lista da extinção.
Mas as cidades ainda contam com a beleza do sabiá-una, do tangará-dançador, as maritacas, os periquitos e os papagaios.
Todos eles, ao se alimentarem das frutas, exercem um trabalho ecossistêmico impressionante: dispersam sementes. Isso tem um nome científico: ornitocoria.
As frutas digeridas pelos pássaros vão passar pela digestão e voltam à terra.
Não necessariamente junto ou próximo às árvores das quais os frutos foram retirados.
Por isso é válido falar-se em dispersão. As sementes vão germinar em vários lugares, recompondo a flora e sem a necessidade do trabalho humano.
Vamos plantar mais goiabeiras, pitangueiras, jabuticabeiras, ameixeiras, cerejeiras, todas essas espécies que atraem pássaros frugívoros?
É um gesto generoso que contempla a flora, a fauna e nós mesmos.
José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo
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