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Santos Jazz Festival

05 DE JUNHO DE 2014

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A Cul(pa)tura é de quem?

O internauta Igor Branco reclama da falta de organização na distribuição dos ingressos para abertura do 3° Santos Jazz Festival

Por: Da Redação

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por Igor Branco

4 de junho de 2014, 14 horas.
Começa a distribuição de ingressos, no Teatro Coliseu, para a apresentação de Cesar Camargo Mariano e Orquestra Sinfônica de Santos, a ser realizada no dia seguinte, no referido teatro.

4 de junho de 2014, 14 horas e quinze minutos.
Distribuição encerrada. Pouco mais de cem pessoas ainda esperavam na fila pelo ingresso quando receberam a notícia de que os mesmos estavam esgotados. “Mas como?”, fiquei imaginando. Menos de um minuto foi o suficiente para perceber que eu não era o único com um gigante ponto de interrogação desenhado na testa.

Cheguei à porta do Teatro Coliseu quando faltavam dez minutos para o início da distribuição dos ingressos. Fiquei surpreso com a fila que encontrei e logo que saí do carro, passei meus olhos pela esquina e segui contando a quantidade de pessoas que estavam na fila. Eu sabia do número reduzido de lugares disponíveis dentro do Teatro, por volta de 700, e sabia do limite de ingressos que cada pessoa poderia retirar no balcão, 2. Uma simples divisão, uma contagem rápida de indivíduos e me senti seguro. Não haviam mais de cem pessoas na fila. Sendo assim, tomei meu lugar no fim dela e esperei.

O movimento da fila começou pontualmente às 14 horas. E se encerrou subitamente poucos minutos depois. Fila parada, passa um senhor dizendo que acabaram os ingressos. Impossível, eu penso, há alguma coisa errada aqui. Mal sabia que haviam muitas coisas erradas por lá. E eu entrava no caminho para descobrir algumas.

Eu tinha a certeza de que não vira mais de cem pessoas na fila antes da distribuição ser iniciada. Meus sentidos não poderiam estar loucos. E não estavam. Adentrei o salão do Teatro Coliseu para encontrar uma pequena multidão indignada com a informação presente. No rosto da maioria ali estava estampada a surpresa e a indignação com o tratamento recebido no momento. A pergunta “mas como?” logo deu espaço a afirmações como “Impossível, não tinha tanta gente aqui”.

Iniciei minha busca por informações e a primeira que recebi foi da equipe do Teatro Coliseu. 700 ingressos haviam sido distribuídos. A impossibilidade de tal feito me empurrou no caminho de mais respostas confusas e mais perguntas. Duas pessoas trabalhavam no balcão fazendo a distribuição. Teriam elas conseguido atender 350 pessoas em menos de 15 minutos. Conhecendo o Brasil, improvável. E mesmo assim nenhum dos ali presentes no momento havia visto mais de 300 pessoas passarem por ali. Eu não vira mais de cem. Fui mais fundo no assunto.

Consegui a segunda informação, também da equipe do Teatro, de que uma cota dos ingressos havia sido separada para a distribuição para patrocinadores, convidados e afins. Faz sentido. Quantos?, perguntei. “No balcão foram distribuídos 500 ingressos”, me responderam. Pra quem? A pergunta saiu rápido e logo se espalhou pelo salão. Pois não era só eu, ninguém ali presente havia contado mais de cento e vinte pessoas na fila, momentos antes da distribuição de ingressos começar. Estava no ar a polêmica e estávamos todos em busca de respostas.

Por meia hora as respostas foram, no mínimo, desencontradas. Porque não havia ninguém da organização do evento presente ali. Por insistência de muitos a equipe do Teatro Coliseu entrou em contato com o senhor Jamir Lopes, diretor de produção do evento. Por meia hora mais de 50 pessoas aguardaram a presença de um responsável pelo evento que pudesse nos dar explicações. Porque os números não somavam. Nesse momento iniciamos nosso contato com o Jornal A Tribuna, ao mesmo tempo em que juntamos nossos questionamentos.

A entrada do senhor Jamir Lopes no salão do Teatro Coliseu foi seguida pela confirmação, por parte dele, de que 500 convites foram distribuídos no local, encerrando-se assim qualquer possibilidade de nova oferta de convites. Quando perguntado para quem esses convites haviam sido distribuídos, nenhuma resposta satisfatória foi oferecida. A razão era simples: nenhum dos envolvidos e presentes no local foi capaz de testemunhar a procura anunciada pelo diretor do evento. O que se seguiu foi uma série de questionamentos por parte daqueles que esperaram na fila por ingressos e uma série de desculpas e desrespeitos por parte do senhor Jamir Lopes.

Um fotógrafo do Jornal A Tribuna esteve presente, e no mesmo momento em que o vi, comecei a anotar o que algumas das pessoas indignadas ali me contavam. Segue:

Jeanette Amorim Cardoso, afirmou que chegou às 13:40h, vinte minutos antes do início oficial da distribuição de ingressos, que na sua frente havia por volta de mais dez pessoas na fila e que, mesmo assim, ela havia ficado sem ingresso.

Teresa Cristina, apresentou para mim a sua indignação com a equipe do Teatro Coliseu e com a equipe organizadora do evento, pois também chegara por volta das 13:40h na fila e não observara mais de cem pessoas na sua frente. Se declarou revoltada, pois de maneira alguma seria possível a distribuição da quantidade de ingressos gratuitos no balcão que a organização afirmava terem sido distribuídos.

Eurice Pessim estava com a mãe, Clarice Nogueira, de 87 anos, desde às 13:40h na fila. Ela afirma que exatamente por essa razão contou o número de pessoas a sua frente. E ela chegou a conclusão de que era a 97ª pessoa na fila. Ela também saiu do Teatro Coliseu sem ingressos.

Alynne de Lima Parreira, 21 anos, afirmou que chegou às 13:30h ao local e que as 14:16h recebeu consternada a informação de que os ingressos haviam acabado.

Os relatos seguem numerosos e não exponho todos aqui porque todos (TODOS!) mostram a mesma indignação e descrença nos números apresentados pela organização do evento.

Concluindo, eu afirmo que com certeza, até às 14h, não haviam mais de cento e cinquenta pessoas na fila do Teatro Coliseu para a retirada de ingressos. Me esforcei ao máximo para entender os números falsos que serão apresentados pela organização do evento. Quando confrontado com os questionamentos de cidadãos indignados, o senhor Jamir Lopes saiu pela porta dos fundos do Teatro, deixando mais de 50 pessoas sem resposta, numa atitude desrespeitosa e, na minha visão, covarde.

Esse relato nada mais é do que fruto da indignação de um cidadão comum, que não admite mais ser desrespeitado por aqueles que lidam com dinheiro/espaço público. Esse relato nada mais é do que um desejo de mudança, um desejo de respostas que toma forma usando palavras. Esse relato nada mais é do que a primeira atitude, de uma série infinita, que visa a melhoria de nossos serviços.

Não há mais tempo para inocentes ou culpados. Nós temos sede de pessoas responsáveis. Nós temos, sim, sede de cultura. Mas agora, mais do que nunca, tudo que queremos é: o que nos foi prometido seja devidamente entregue. E que as respostas devidas serão prontamente cobradas. Esse não é o fim.

Segue nota oficial do evento

O Santos Jazz Festival tem, entre seus objetivos, a proposta de democratizar o acesso da população à música de qualidade. Com essa finalidade, a maioria de seus shows são realizados em espaços abertos, praças públicas em especial. A utilização de teatros tem sido opção para alguns shows, especialmente aos espetáculos de abertura, desde nossa primeira edição. Todavia, esses recintos fechados impõem limitações ao acesso do público, restrito ao número de cadeiras disponíveis para o adequado atendimento ao conforto e às normas de segurança estabelecidas aos eventos dessa natureza, o que obriga a um rígido controle na concessão dos convites. No entanto, o festival tem uma programação ampla e variada, oferecendo, nesta edição, 14 shows em palcos de rua, com livre acesso ao público, que poderá curtir grandes nomes da música brasileira e internacional, como João Bosco e Shirley King.

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