Motivadas pelas duas principais forças sindicais do País, a CUT e Força Sindical, o Brasil parou nas principais cidades e capitais brasileiras na sexta-feira, muito mais em razão dos bloqueios pontuais realizados por sindicalistas em pontos estratégicos do que efetivamente como apoio popular contra as reformas pretendidas pelo governo. O direito à greve é sagrado, mas o direito de ir e vir, também constitucional, também deveria ser respeitado, o que não ocorreu. Além das estradas e vias paralisadas, o comércio do Centro de Santos teve que fechar as portas. As ruas ficaram vazias.
A questão deve ser analisada sob vários ângulos. Os sindicatos – temendo o fim de um dos seus principais pontos de financiamento – o imposto sindical (sem contar no assistencial) estão preocupados com o seu futuro. Sem este recurso garantido, terão que ser criativos para se manter na ativa.
Na realidade, há um exagero no total de entidades sindicais. São quase 16.500, sendo 70% de representantes de trabalhadores e os demais 30%, patronais. Sem contar as federações, confederações e outros tipos de representatividade, muitas delas verdadeiros cabides de empregos e com ideologias questionáveis da velha prática do toma lá dá cá. A Lava-Jato que o diga.
No entanto, não se pode negar que as manifestações também servem como protesto por algumas das decisões tomadas em Brasília que não contam com respaldo da sociedade.
Sobre a reforma trabalhista, devem-se considerar os avanços que estão sendo colocados, como a flexibilização da jornada de trabalho, a oficialização do trabalho home office, entre outras questões. Mas é impossível deixar de criticar a terceirização plena dos serviços (inclusive na atividade fim), até no setor público, o que provocará uma catástrofe nas relações trabalhistas, prejudicando o trabalhador, com o surgimento de empresas fantasmas que desaparecerão na mesma velocidade que aparecerem.
Já a Previdência Social merece atenção à parte. A despeito dos números – questionáveis, aliás – da situação da Previdência é impossível deixar de indagar sobre aqueles que tentam enfiar as mudanças goela abaixo , mas que ficarão de fora destas alterações por contarem com fartos proventos garantidos. Sem contar as mudanças feitas para agradar determinados grupos sociais. Novamente a conta ficará com o cidadão comum, que arca com o sistema e na hora de ser reconhecido, apenas as migalhas lhe restarão.
Exemplo das viúvas que, no fim da vida, terão que se limitar a viver com dois salários mínimos de renda (no máximo), ou caso não tenham – como as donas de casa, que dependem do provento do marido – precisarão viver com a metade do valor que recebido quando estava vivo. Como se fosse possível dividir por dois os gastos, de forma tão simplista. Síntese desta situação anacrônica.
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