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Opiniões

23 DE JULHO DE 2017

Os judas políticos

Por: Fernando De Maria

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Traição é um substantivo feminino comum na história da humanidade. Foi assim com Judas Iscariotes em relação a Jesus Cristo,como o alagoano Domingos Fernandes Calabar, considerado o grande traidor da história colonial do Brasil. Calabar mudou de lado ao deixar os colonizadores portugueses e bandear-se aos invasores holandeses.

E na política não faltam exemplos, principalmente na brasileira. Alguns já viraram figurinha carimbada, como o senador Renan Calheiros, que já foi aliado do presidente Michel Temer e hoje é uma das vozes mais críticas no Senado.

Portanto, apesar das negativas de praxe, não será surpresa se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que promete fidelidade plena a Temer, mudar de opinião se perceber que são concretas as chances de 2/3 dos parlamentares aceitaram o prosseguimento da denúncia contra o presidente, tema a ser votado na primeira semana de agosto.

E se Temer sair-se desta, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já adiantou que irá apresentar mais denúncias contra ele até o término do seu mandato em setembro. Ou seja, a fogueira vai continuar acesa.

Maia sempre teve carreira política sofrível, vivendo à sombra do pai, o ex-prefeito carioca, César Maia. Seu recorde de votos foi na eleição de 2002, com mais de 200 mil sufrágios. Na última, em 2014, obteve 1/4 deste montante.

Citado no escândalo da Odebrecht com a alcunha de Botafogo – seu time de coração – Maia tem o Ministério Público e a Justiça no seu encalço. Se chegar à Presidência por alguns meses sairá deste incômodo e sua investigação fica ‘congelada’. E como o futuro a Deus pertence, este prazo de ‘folga’ pode alterar seu destino político.

Por isso, não será surpresa a possível mudança de atitude de Maia nos próximos dias. Algumas ações já começam a explicar esta situação, como a sedução de deputados dissidentes do PSB que estariam sendo cooptados pelo PMDB, a convite de Temer, ou pelo DEM, com o aval de Maia. Esta rusga partidária sinaliza que o presidente não estaria tão tranquilo em relação ao seu futuro no cargo, ainda mais diante de tão baixa popularidade.

Afinal, se a Câmara acatar a denúncia, Temer deverá se afastar por até 180 dias, caindo no colo de Maia a presidência da República, podendo se estender até o final de 2018, caso a Câmara aprove o impeachment, algo que hoje pode ser improvável, mas não impossível.

Por ironia do destino, Temer é hoje a Dilma Rousseff do ano passado, relembrando um velho comercial de marca de bebida alcoólica. Hoje, Maia poderá ser o Temer que a ex-presidente temia. Ironia da vida.

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