Nunca neste País um presidente demitiu tantos ministros em tão pouco tempo. A frase é uma paródia célebre do antecessor de Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula.
Dilma paga hoje o preço de ter assumindo o governo após o mandato de um presidente com elevado índice de aprovação, que soube promover uma ampla articulação política com partidos das mais variáveis ideologias. A frase franciscana é dando que se recebe nunca esteve tão em voga na era Lula.
O preço político para ressurgir das cinzas em razão do escândalo do mensalão em meados do primeiro mandato foi alto e o ex-presidente soube costurar apoios de outroras opositores, como os ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor, para horror dos petistas históricos.
Porém, a fatura continua elevada e desta vez quem está em frente ao balcão para pagá-la é Dilma. E os juros dos credores têm subido. Já demitiu ou pediram demissão (um eufemismo) quatro ministros, três por suspeitas de irregularidades após a publicação de denúncias na imprensa: Antonio Palocci (PT), Alfredo Nascimento (PR) e agora Wagner Rossi (PMDB). Nelson Jobim pediu para sair após suas declarações provocativas.
Palocci, que já havia sido catapultado do cargo no governo Lula, voltou com força total na campanha de Dilma e se tornou um dos seus homens fortes. Até que a Folha de S. Paulo o denunciou por enriquecimento graças aos contratos milionários de consultorias com empresas prestadoras de serviços ao governo. Alfredo Nascimento, cota do PR e ex-ministro de Lula, foi expurgado em razão dos conluios existentes na pasta. O PR agora virou oposição. Até quando?
A bola da vez , o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, outra herança de Lula, é figurinha carimbada da política, inclusive na região. Na edição da semana passada, à la Coringa, algoz de Batman, estampou a capa da revista Veja, a gota dágua para a sua saída. Entre as denúncias, envolvimento em ações suspeitas durante sua passagem pelo Porto de Santos.
Rossi foi presidente da Codesp entre 27 de abril de 1999 e 8 de novembro de 2001. Seu filho, o deputado Baleia Rossi, é o presidente estadual do PMDB, principal partido aliado do Governo Dilma. E amigo pessoal do vice-presidente Michel Temer que exerce forte influência sobre os rumos do porto santista.
No mandato de Rossi, o então vereador Fausto Figueira (PT) – hoje assessor na Codesp – o denunciou ao Ministério Público Federal referente a três contratos de arrendamento de áreas públicas a empresas privadas no Porto, sem licitação. Na época, PMDB e PT eram inimigos. Hoje, são parceiros.
Nos bastidores, o PMDB já se movimenta para enfraquecer o Governo. Para Dilma, o desafio é conciliar as promessas feitas em campanha com os fantasmas do passado que assombram Brasília.
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