Em uma década, população de rua na cidade de Santos cresce 71% | Boqnews
Foto: João Pedro Bezerra

Santos

15 DE JANEIRO DE 2021

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Em uma década, população de rua na cidade de Santos cresce 71%

Pesquisa da Unifesp registra crescimento expressivo das populações que residem nas ruas da Cidade

Por: Da Redação

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Basta percorrer os bairros de Santos para ver o aumento do número de moradores de rua. A crise econômica no País acabou sendo agravada pela pandemia da Covid-19, e o cenário de pobreza, infelizmente, voltou a bater à porta de vários brasileiros.

O auxílio emergencial foi uma tentativa de diminuir este momento difícil e delicado. Porém, com o fim do benefício, a estimativa é que mais de 3 milhões de pessoas entrem em situação de extrema pobreza no Brasil, segundo a pesquisa do especialista em política social, Vinícius Botelho, publicada pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para estar na extrema pobreza é necessário que o indivíduo receba menos de U$ 1,90 por dia, cerca de R$ 10.

As cidades acabam sendo o reflexo de um País desigual. Em Santos, essas diferenças são visíveis todos os dias. Os moradores de rua estão espalhados por todos os bairros, mas, em especial, na Zona Leste.

Moradores buscam um jeito de se abrigar no período da noite/ Foto: Divulgação

Censo

Segundo a pesquisa do relatório preliminar do censo, realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com a Prefeitura de Santos, no ano de 2019, 868 pessoas estavam em situação de rua no município, 361 a mais do que em 2009, quando eram 507. Ou seja, um aumento de 71,2%. É importante frisar que destas 868 pessoas, 107 estão em acolhimento.

De acordo com uma das coordenadoras da pesquisa, Sônia Regina Nozabielli, a explicação para este aumento é decorrente do sistema político nacional, já que nos últimos anos houve diminuição de investimentos para políticas públicas e sociais, além das reformas aprovadas pelo Congresso.

Ela citou que as pessoas vão morar na rua, por uma série de fatores, como o desemprego, a falta de moradia, conflitos familiares e o fenômeno global. “É necessário uma profunda mudança de comportamento na sociedade, com a realização de grandes debates para melhor entender a situação dos moradores de rua”, enfatizou.

Gráfico mostra elevação no número de moradores de rua em Santos/ Foto: Divulgação/Unifesp

Dados

No relatório detalhado do censo produzido pela Unifesp, disponível do site da universidade e da Prefeitura, é possível detectar que a maior parte dos moradores de rua em Santos são formados por pessoas de 40 a 59 anos, que representam 48,9% do total. Em seguida, aparecem os indivíduos de 25 a 39 anos, com 37,1%. Em relação ao gênero, 81,9% dos moradores de rua são homens e 13% são mulheres. Travestis, homens e mulheres trans ou aqueles que não responderam representam 5,1%

Na questão da etnia, a maioria desta população se autodeclara preta ou parda, que somam 61.4%, 30% são brancos, 2,1% indígenas, 0,3% amarelos e 5,6% não responderam.

Bairros

Região do Centro é a que mais abriga moradores de rua/ Foto: Divulgação/Unifesp

A maior presença dos moradores de rua no município estão concentrados nos bairros da Vila Nova e Paquetá (22%), denominado de Centro 2 pela pesquisa, logo em seguida aparece o Jardim da Orla (12%) e o bairro do Macuco (11%). A equipe de pesquisa também observou que os locais com mais pessoas nesta situação são áreas que tem o comércio durante o dia, onde o indivíduo possa conseguir alimentação ou dinheiro e a noite uma área mais tranquila com as lojas fechadas e uma menor ocupação como no jardim da orla.

A imagem da desigualdade é retratada em alguns pontos da Cidade, como por exemplo, o bairro do Gonzaga. No fim do ano passado, enquanto milhares de pessoas foram às lojas comprar presentes para familiares e amigos no Natal, moradores de rua estavam juntando moedas próximo à Praça da Independência. Eles na tentativa de comprar panetones e comida para a ceia de Natal. No bairro do José Menino, a situação é parecida. O contraste dos moradores de rua, vários deles usuários de drogas, com prédios e casas de alto valor financeiro é apenas a evidência de uma sociedade desigual.

Prefeitura

Questionada sobre as ações realizadas para ajudar os moradores de rua, a Prefeitura de Santos emitiu a seguinte a nota.

” A Secretaria de Desenvolvimento Social possui uma coordenadoria específica, que oferta diversos serviços. A Equipe de Abordagem Social trabalha diuturnamente nos logradouros públicos da cidade, monitorando os locais de maior incidência desse público e identificando as pessoas em situação de rua no Município. As abordagens, ofertadas de forma programada e continuada, constituem-se em um processo de trabalho planejado de aproximação, escuta qualificada e construção de vínculos de confiança, visando o acesso das pessoas em situação de rua a direitos e à rede de proteção social.”

Solidariedade

Moradores de rua necessitam de ajuda/ Foto: João Pedro Bezerra

É necessário entender que os moradores de rua precisam de ajuda e lutam contra a fome, ou seja, as ações de solidariedade tem um papel fundamental nesta questão humanitária. Além das ações individuais ou de grupos, a população de forma geral pode contribuir com as entidades que auxiliam esses moradores. O Albergue Noturno, localizado no bairro da Vila Nova, que ajuda a população de rua, aceita doações de vários itens, como: roupas, alimentos, produtos de higiene, além da doação em espécie.

Outra entidade que atende os moradores de rua é o Ismênia de Jesus, que diariamente fornece refeições à população de rua. Em razão da pandemia, são entregues marmitex aos que procuram a entidade, impedindo o acesso ao local.

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