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18 DE JUNHO DE 2018

110 anos depois

Por: Fernando De Maria

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Na segunda (18), completam-se 110 anos da chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil que desembarcaram no navio Kasato Maru trazendo 781 japoneses para trabalhar em fazendas paulistas.

Até o início dos anos 70, novas levas de imigrantes chegaram ao País para tentar a sorte em razão das dificuldades encontradas no país do sol nascente naquela ocasião. Estima-se que cerca de 200 mil embarcaram em solo brasileiro, número multiplicado pelos nisseis e sanseis.

O Japão passou por sérios problemas ao longo de meados do século passado, especialmente após as tragédias provocadas pela irracionalidade humana com o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, matando milhares de pessoas, cujas sequelas se perpetuaram por gerações.

A despeito destas dificuldades enfrentadas por lá, os imigrantes não tiveram facilidades por aqui. Trabalharam no campo, na pesca, no comércio. Ajudaram a construir o Brasil.

Durante a ditadura Vargas, uma decisão alterou a vida de milhares de imigrantes (não só japoneses, mas também alemães e italianos), que residiam em cidades litorâneas.

Havia o temor que submarinos estivessem atracados no litoral brasileiro e eles pudessem colaborar com as Nações do Eixo, como ficaram conhecidas.

Milhares de pessoas tiveram que deixar suas residências em apenas 24 horas deixando para trás suas histórias e seus bens. Jornais da época relatam a tentativa de comercialização de galinhas, patos e produtos agrícolas plantados em suas chácaras espalhadas pelos atuais bairros da Aparecida/Ponta da Praia/Saboó para garantir alguns trocados e ir embora de trem para o interior paulista.

Não bastasse, após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946, o governo Dutra dissolveu as sociedades civis de imigrantes dos países do Eixo e transferiu o patrimônio destas entidades ao Governo Federal.

Com isso, a Sociedade Japonesa de Santos, que estava enfraquecida, pois a imensa maioria dos nipônicos precisou mudar para o interior anos antes, teve suas atividades violentamente interrompidas, com a incorporação do imóvel da Rua Paraná ao patrimônio nacional.

Somente agora – mais de 70 anos depois – a sede confiscada finalmente será devolvida, graças ao trabalho que envolveu dezenas de políticos, tendo iniciado em 1994 (há 23 anos!) pelo então deputado Koyu Iha, proposta retomada pelo atual parlamentar, João Paulo Papa (PSDB). O ato ocorrerá nesta segunda (18), justamente quando se completam os 110 anos do início da imigração japonesa.

Excluindo os descendentes ou historiadores, poucos conhecem as histórias do povo nipônico na Cidade. Assim, a devolução em definitivo da sede é o mínimo que pode ser feito para reparar este erro histórico.

Fica como sugestão que estas histórias sejam amplificadas e conhecidas por todos para que nenhuma autoridade e em nenhum outro momento da história repita tal ato, que demorou incríveis sete décadas até ser reparado.

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