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Opiniões

09 DE JANEIRO DE 2010

Águas de janeiro

Por: Fernando De Maria

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     As chuvas que provocaram as tragédias no Rio de Janeiro, na Capital e no interior paulista neste início de ano, com dezenas de mortes e destruição de imóveis poderiam ter provocado o mesmo na região, onde milhares de pessoas vivem em áreas de risco.
      Para se ter ideia, somente no primeiro dia do ano, choveu em Santos 150 milímetros, quase a metade da média histórica do mês nas últimas duas décadas (que é de 314 mm, superando março, com 308 mm).
Santos, Guarujá e Cubatão são as cidades onde há maior número de pessoas residindo em áreas de risco na Baixada Santista. Somadas, superam 50 mil habitantes – número maior que a população de Bertioga ou Mongaguá, por exemplo.
      A   riqueza orçamentária de Cubatão não é capaz de colocar um fim nos riscos que atingem cerca de 30 mil pessoas (dados de 2007), especialmente em manguezais e ao longo da Serra do Mar, que foi criminalmente ocupada, com aval de políticos ao longo dos anos. A cidade, uma das que mais arrecadam no País, convive com 2/3 da sua população morando em submoradias, conforme destaca o estudo realizado pelo jornalista José Mário Alves, objeto de seu Trabalho de Conclusão de Curso, junto com outros colegas (o material completo pode ser acessado em www.jmarios.blogspot.com).
      Conforme estimativa da Prefeitura de Guarujá, a cidade tem 16 mil pessoas vivendo em áreas de risco, distribuídas em quatro mil moradias, incluindo morros e periferia. O risco de incidentes é enorme, fato que pode ser creditado ao número de deslizamentos, que subiu de 35 em 2008 para 68 em 2009. Neste ano, já foram registrados quatro incidentes.
    Apesar da situação ser menos grave em relação aos municípios vizinhos, levantamento realizado pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas em 2005 mostrava que na ocasião existiam 1009 moradias em áreas de risco em Santos, sendo 587 de risco elevado e 54 de perigo iminente.
     Os morros da Caneleira, Santa Maria e a Vila Progresso são os locais onde a possibilidade de incidentes é maior, como explica o chefe da Defesa Civil, Emerson Marçal.
      Na prática, o trabalho executado pelas defesas civis dos municípios é de monitoramento e apoio, pois a remoção destas famílias para lugares mais seguros depende de verbas para habitação, sempre insuficiente para atender a todos.
      Enquanto isto, moradores, como a diarista Silvia Carvalho, convivem com o temor das chuvas que atingem seus barracos, como o dela, feito de madeirite, no alto do Morro da Penha. Sem possibilidade de ter seu imóvel próprio, ela reza para que nem a chuva nem os ventos fortes destruam sua moradia, fruto de suor e persistência de quem sonha em dormir um dia em um local seguro onde não precisará mais acordar de madrugada para tentar evitar que a água invada o seu lar

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