Se o cronograma se confirmar, as obras do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos começam em maio. A EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos já homologou o resultado da licitação para execução do primeiro trecho, ligando Barreiros, em São Vicente, até a Estação Conselheiro Nébias. A vencedora da concorrência foi a Construtora Queiroz Galvão e Trail Infraestrutura Ltda, cuja proposta foi de R$ 313,5 milhões.
É inegável a falta de inteligência dos burocratas, pois a primeira etapa dos trabalhos do VLT provocará o caos no já conturbado espaço urbano santista.
Já não bastasse a incompetência por partes das autoridades para a execução de obras de acesso ao Porto de Santos, que têm provocado transtornos às pessoas, cenário que, infelizmente, irá se aprofundar com os recordes de safras, agora os burocratas da EMTU enfiam goela abaixo uma obra que carece de lógica impressionante.
Isso porque a licitação de todo o VLT foi dividida em duas etapas: a primeira ligando Barreiros à Avenida Conselheiro Nébias. Ou seja, o itinerário seguirá o trecho da linha férrea já existente, que fazia o trajeto Samaritá – Santos trazendo cargas e passageiros (que desciam na estação localizada junto à Avenida Ana Costa). Pela lógica, esta etapa deveria terminar no Porto para apenas no segundo momento iniciar a discussão da segunda fase que prevê a extensão pela Avenida Conselheiro Nébias até o Valongo, cortando as ruas do Centro. A assessoria da EMTU garante que as obras desta segunda etapa iniciarão em julho e não haverá prejuízos ao cidadão. Alguém crê que este prazo será cumprido?
Na hipótese da primeira etapa avançar, teremos às vésperas das eleições estaduais do próximo ano uma linha que ligará São Vicente até a Avenida Conselheiro Nébias, findando no cruzamento com a Avenida Afonso Pena. Por estar incompleta, todos os trens terão seu ponto final neste trecho impactando sobremaneira esta região da Cidade.
Esquecem os burocratas que o segundo setor a ser licitado será o mais trabalhoso e demorado, incluindo desapropriações de imóveis e o realinhamento de espaços públicos (pelo projeto, o VLT vai cruzar a Praça dos Andradas, em frente à Cadeia Velha, por exemplo), demandando um tempo maior para sua eventual execução. Além disto, existem sítios arqueológicos espalhados pelo Centro, que necessitam de estudos prévios e demorados.
Ou seja, a obra ficará pela metade causando mais transtornos que soluções. Seria mais inteligente se a primeira licitação contemplasse o trecho férreo já existente, mas que se estendesse até o Porto e não parasse na Avenida Conselheiro Nébias. Assim, o impacto seria bem menor do que a forma como a licitação foi feita. Isso é cristalino como a água.
O que surpreende é a falta de ação por parte da CET e Câmara, que aceitam uma idiotice deste porte sem questionamentos. Afinal, para que facilitar se é possível complicar?
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