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15 DE FEVEREIRO DE 2015

Feridas expostas

Por: Fernando De Maria

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Ao renunciar a liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara de Santos, o vereador Evaldo Stanislau sintetizou um sentimento comum a milhares de militantes do País afora: para onde vai o PT?

Em sua fala diante dos colegas, o vereador foi enfático “Ou o PT muda ou mudamos nós do PT”, enfatizou o edil, responsável ao lado do colega de partido, Adilson Jr, de ser oposição à Administração. Duas vozes isoladas no meio do rolo compressor governamental. O que é ruim para o processo democrático, pois uma oposição séria é sempre salutar.

Símbolo de lutas ao longo de seus 35 anos de história, o partido tem sofrido na pele o desgaste de quem está à frente do poder no País – chegará a 16 anos pelo menos. Na última eleição, conseguiu fazer o gol no segundo tempo da prorrogação vencendo a disputa presidencial mais acirrada dos últimos tempos, mais em razão da incompetência da oposição que dos méritos governistas.

Na realidade, o PT não soube lidar com o fato de ser situação. Se antes estava acostumado a ser pedra, tornou-se vidraça e começou a praticar os mesmos atos que tanta criticava dos seus opositores e inimigos políticos.

Exemplos não faltam para mostrar as relações discutíveis em nome da governabilidade, com associação de seus líderes com figuras outrora execráveis, como José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros, Paulo Maluf, apenas para citar alguns que eram considerados símbolos de corrupção e de críticas ferrenhas quando o PT era oposição. Por ironia, tais figuras se tornaram seus principais defensores. Quem diria…

Na verdade, existe muita gente séria e que realmente quer fazer a diferença dentro do partido. No entanto, não tem encontrado forças nem espaços suficientes para reverter o cenário. A proposta de realizar uma Constituinte exclusiva para se promover a reforma política, o que seria ideal, é interessante, pois da forma como o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB), quer votar, o cerne da questão não será alterado. Porém, a fraqueza do partido coloca em risco uma boa iniciativa cair na vala comum.

Apesar de recém iniciado, o governo Dilma Rousseff é frágil e se abala a cada depoimento que surge entre os escândalos da Petrobras. Não bastasse, crescem os rumores, ainda tímidos, ressalve-se, de impeachment, preocupando ainda mais seus militantes.

Aliás, o desafio será mobilizar uma militância atordoada e envergonhada pelos sucessivos escândalos para recolocar em pé as bandeiras partidárias e sociais. Para tanto, há a necessidade urgente de oxigenação do partido, com novas ideias e pessoas para dar espaço a outros pensamentos e opiniões.

Afinal, quem se opõe publicamente à atual situação petista torna-se persona non grata, como ocorreu com o vereador Evaldo, criticado publicamente em razão da sua atitude pelos caciques da agremiação na região. Uma pena.

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