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Opiniões

24 DE JUNHO DE 2011

Homens de branco

Por: Fernando De Maria

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Falta de médicos em hospitais, ex-secretário de Estado denunciado por  receber sem trabalhar  e manifestação dos profissionais da categoria por reajustes na tabela de preços repassados pelos planos de saúde. Tais assuntos ganharam destaque no noticiário da última semana. Soam, porém, como histórias repetidas onde quem sai perdendo é o cidadão comum.


Os problemas do atendimento à saúde não se restringem à região, ao Estado e ao País.   E nem sempre é por falta de dinheiro, mas também por má gestão e ausência de comprometimento dos profissionais, sejam os gestores públicos, sejam os que atuam diretamente no atendimento à população.


O episódio do ex-secretário de Esporte e Lazer do Estado, Jorge Pagura, médico de profissão, demitido do cargo pelo governador Geraldo Alckmin por ser um dos 12 investigados pelo Ministério Público e Polícia Federal por suspeita de desviar recursos públicos da área de saúde ao receber sem trabalhar e fraudar licitações do conjunto hospitalar de Sorocaba, mostra uma prática nem sempre incomum: a de profissionais que recebem, mas nem sempre fazem o devido plantão de 12 horas na rede hospitalar.


Sem controle  efetivo das chefias e diante do corporativismo de  parte da categoria, muitas vezes a cena se torna frequente, sobrecarregando os que honram a profissão e têm que se desdobrar para atender a demanda cobrindo a ausência do colega.


Já presenciei uma cena do gênero. Em certa ocasião estava na praia jogando vôlei em um domingo à tarde quando um dos participantes ficou irritado, pois seu celular tocara e ele teve que ir embora pela segunda vez consecutiva.


Depois soube que era obstetra e estava de plantão no Hospital Guilherme Álvaro. Reclamou do fato, pois uma paciente entrava em trabalho de parto e ele não poderia mais curtir suas horas de lazer (?) na praia. Não sou leviano em afirmar que isso é comum, mas ilustra a situação como a do ex-secretário estadual que veio à tona na Imprensa e também não é um fato isolado.


Na realidade, existe uma falta crônica de profissionais atuando na rede pública. O motivo alegado são os salários baixos pagos pelos governos. O sindicato da categoria também reclama  dos valores pagos pelos planos de saúde e pede um reajuste de R$ 80 por consulta. Ou seja, a insatisfação é geral.  E quando a mão-de-obra rareia, o cenário piora.
Santos, cidade com relativa estrutura na saúde, enfrenta dificuldades em preencher as carências destes profissionais.


No concurso público homologado em janeiro passado, 174 médicos foram nomeados, mas apenas 38 tomaram posse (22%) até o momento. Por isso, a alternativa para preencher as faltas é a de contratar os médicos autônomos que recebem R$ 599,50 por jornada de 12 horas. Em maio, 42  supriram a ausência dos concursados na rede.  Desta forma, o Poder Público tem que ampliar seus gastos para suprir um problema sem fim.

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