“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã”
A canção de Milton Nascimento sintetiza bem o momento político municipal, envolvendo servidores, Administração Municipal e vereadores. E, é claro, a população, que sofreu, direta ou indiretamente, os problemas decorrentes da paralisação histórica, a maior até então. O desgaste provocado é enorme. E as feridas dificilmente serão cicatrizadas.
O Legislativo, que mantinha raras vozes de oposição no mandato anterior do prefeito Paulo Alexandre Barbosa, começou com a mesma toada neste segundo mandato. Afinal, apenas dois vereadores do PT – a exemplo da legislatura passada – fazem oposição ao chefe do Executivo. Um mar de almirante, ideal para navegar por águas tranquilas.
No primeiro teste de fogo dos atuais vereadores, a situação – apesar de ainda bem favorável ao prefeito – já revela, a pouco mais de 100 dias do início deste segundo mandato, que vozes dissonantes já ecoam no Castelinho.
Surpreendeu – de certa forma – a votação dos 21 vereadores a respeito do projeto de lei encaminhado pelo Executivo sobre o abono de 2% a partir de julho, e 5,35% em outubro e novembro, com incorporação deste índice apenas em dezembro.
A vitória foi de 14 votos a 8, sugerindo que a oposição quadruplicou. Pelo menos em relação a esta proposta. E até vereador do PSDB, partido do prefeito, votou contrário ao projeto do Executivo.
Não bastasse, um áudio vazado e publicado nas redes sociais sobre o vereador Geonísio Aguiar, o Boquinha, líder da base governista do PSDB, mostra o edil criticando a Administração sobre ter praticado no ano passado uma pedalada fiscal, usando recursos do Iprev – Instituto de Previdência para cobrir os rombos nos cofres, a qual ele cita que a pedalada é “maior que a da Dilma” em referência à ex-presidente, cassada em 2016 por este motivo.
Ou seja, gastou sem ter recursos para fazê-lo. Assunto para o Ministério Público averiguar.
Para se defender, ele gravou um vídeo alegando que editaram o teor das suas palavras proferidas durante audiência pública no Legislativo em fevereiro. Percebe-se, porém, que as falas são completamente distintas. E a ácida, com direito até a palavrão, foi feita em gravação de voz em outro aparelho e não no microfone da sessão.
Portanto, os sinais são claros de que, nos bastidores, o clima de insatisfação é crescente entre os vereadores e a Administração. E agora com parcela considerável dos servidores insatisfeitos, que terão os dias descontados. Fica claro, portanto, que nada será como antes após esta greve.
Em tempo: veja quais vereadores que não aceitaram o projeto municipal – algo que deve se repetir nesta segunda (10): Audrey Kleys (PP), Benedito Furtado (PSB), Fabricio Cardoso (PSB), Chico Nogueira (PT), Zequinha Teixeira (PSD), Kenny Mendes (PSDB), Rui de Rosis (PMDB) e Telma de Souza (PT).
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