Em meio à pandemia que assola o mundo, todos os esforços se voltam para salvar vidas desta nova praga do século 21.
Cabe aos gestores públicos o compromisso de melhor lidar com a situação, enfrentando falta de recursos, descumprimento do isolamento social e até a ausência do uso de máscaras.
No entanto, em meio ao grave momento de saúde pública, com crescimento contínuo de mortes pela doença no Brasil – ainda que em um ritmo menor – já é possível comparar os acertos e erros cometidos pelos gestores e consertar o rumo para evitar que as mortes aumentem cada vez mais.
Neste aspecto, destaque ao levantamento efetuado pela Abramet – Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, coordenado pelo médico Carlos Eid, que traz números preocupantes.
A despeito do refrão ‘estamos salvando vidas’, largamente dito pelas nossas autoridades, algo de errado ocorreu
Afinal, Santos lidera, com folga, o ranking com o maior número de mortes por Covid por 100 mil habitantes entre as cidades acima de 50 mil habitantes no estado – objeto de análise da entidade, que utiliza os dados da Fundação Seade.
No levantamento, até o momento, foram registradas 153,47 mortes/100 mil habitantes – quase o dobro da média estadual, de 82,80/100 mil habitantes.
Por sua vez, dinheiro não falta – pelo menos se tratando de recursos públicos.
Conforme dados disponíveis no portal do Tribunal de Contas, a cidade não economizou para garantir leitos e estrutura no atendimento à doença.
Em maio, havia destinado R$ 63,25 milhões.
Em agosto, já era R$ 125,4 milhões e, sabe-se lá o motivo, caiu em setembro para R$ 120,36 milhões.
Dessa forma, em termos per capita, os gastos chegam a quase um auxílio emergencial por habitante, um recorde, conforme reportagem publicada por este jornal e site.
Por sua vez, a Câmara negou uma apuração mais profunda dos gastos públicos com a doença.
Portanto, se não faltaram recursos, por qual razão esta explosão de mortes?
Dúvidas, cujas respostas são uma incógnita.
Deve-se destacar que esta responsabilidade deve ser compartilhada com a iniciativa privada.
Afinal, mais da metade da população santista tem plano de saúde e muitos buscam e buscaram atendimentos em hospitais particulares ou pronto-atendimentos dos planos privados.

Gráfico coordenado pelo médico Carlos Eid mostra a evolução de casos da Covid-19 e como Santos se destaca negativamente neste cenário
Por que tantas mortes?
Ora, se não faltaram recursos nem leitos, o que justifica tão volume acentuado de mortes? Demora na internação para evitar o agravamento dos casos? Falta de medicamentos? E planejamento?
Assim, fica claro que algo deu errado.
No interior, cidades como Araraquara e Bauru, com indicadores bem menores, envolveram a sociedade para a criação dos comitês de contingenciamento, inclusive hospitais particulares, planos, docentes e universidades com o objetivo de traçar uma diretriz e protocolos comuns a todos.
Portanto, os resultados mostram que a união surtiu efeito.
Ainda dá tempo de rever os procedimentos – tanto público como privados – para evitar que mais mortes sejam registradas e Santos deixe este incômodo patamar.
Afinal, bons exemplos devem ser copiados.
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