Sobreviventes | Boqnews

Opiniões

17 DE AGOSTO DE 2015

Sobreviventes

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Existem situações na vida sem explicações. Como explicar, por exemplo, a queda do avião Cessna há um ano no bairro do Boqueirão sem que houvesse qualquer vítima fatal em solo? Destino? Milagre? Habilidade do piloto? Enfim, indagações sem respostas.

A morte do então candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos, amplificou a dimensão da tragédia. Ao contrário da última quinta, que amanheceu ensolarada, aquele dia 13 de agosto de 2014 estava coberto de névoa e chuva.

As más condições meteorológicas contribuíram para o triste cenário. Mas só tiveram o impacto negativo com a soma de outros fatores agregados que culminaram na colisão da aeronave em um terreno vazio – um dos raros existentes no bairro -, que vitimaram os sete passageiros da aeronave.

Passado o susto e trauma, os sobreviventes esperam até hoje por definições. No emaranhado jurídico, ocorrem distorções e os moradores ainda aguardam novos capítulos para retomar a estrutura que tinham antes do episódio.

No jogo de empurra-empurra, até o momento apenas uma família conseguiu fazer um acordo com os supostos donos da aeronave. Os demais e o próprio dono da academia afetada aguardam uma decisão concreta para poder reconstruir seus caminhos. As promessas eleitorais do PSB feitas no ano passado parecem ter sido esquecidas.

Hoje, o discurso é que o partido entrou na Justiça contra a Cessna, fabricante do avião, e contra a seguradora da aeronave, uma vez que a agremiação se considera vítima. E como recebe dinheiro público do fundo partidário, não pode fazer acordo sobre indenizações sem antes esgotar todos os recursos judiciais. Com a celeridade da Justiça, serão décadas de espera.

Aliás, é no mínimo estranha a situação da aeronave. Afinal, ninguém sabe quem é o real dono. Inicialmente, soube-se que ela pertencia ao grupo A. F. Andrade, de Ribeirão Preto. e que, na ocasião, estava em recuperação judicial. Porém, em razão disso, só poderia ser vendida com autorização da Justiça, mas isso não ocorreu.

O empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho – que agora nega a propriedade – iniciou a compra do avião, mas a Anac não concluiu os trâmites para a transferência. Seus advogados afirmam que, com a não concretização da mudança, os pagamentos foram convertidos em horas de voo. E assim, a responsabilidade seria do grupo A. F. Andrade.

Neste imbróglio, sobraram às vítimas em terra a convivência com os danos emocionais e financeiros da tragédia, sem contar na desfaçatez de advogados que tentam alterar o foco destacando que por estarem morando no bairro do Boqueirão, uma área considerada nobre, as vítimas não precisam solicitar os direitos pela Justiça Gratuita, o que invalidaria o processo. Apenas para ganhar tempo.

Assim, só faltam alegar que a culpa do acidente foi dos moradores que ali residiam. Não é à toa que o diretor da academia atingida Benedito Juarez Câmara afirmou que os bastidores da queda da aeronave são “a Lava-Jato do PSB”. É necessário, portanto, uma lupa amplificada para apurar as reais responsabilidades deste episódio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.