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Polêmica na Câmara

21 DE AGOSTO DE 2024

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Indignados, vereadores da base promovem rebelião e esvaziam sessão

Vereadores da base de apoio se revoltaram com a situação e resolveram deixar o plenário na sessão desta terça

Por: Fernando De Maria

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Bastaram menos de 24 horas para o lançamento da candidatura da vice-prefeita Renata Bravo (PSD), que o caldo ‘entornou’ na Câmara de Santos.

Reflexo do mega apoio explícito por várias lideranças da Administração.

A ponto da sessão ser concluída, após meia hora do seu início, por falta de quórum.

Afinal, o lançamento – realizado na segunda-feira na AA Portuguesa Santista – reuniu centenas de pessoas -, o que pode ser entendido como um mérito do trabalho da vice-prefeita.

O problema é que, conforme apurou o Boqnews, secretários municipais, assessores e até profissionais que se comprometeram a trabalhar com vereadores da base do governo, pularam de lado em apoio à candidatura dela.

Como reflexo, vereadores ficarem insatisfeitos – alguns bem revoltados com a situação.

Não bastasse, o apoio explícito do deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) à candidatura da vice-prefeita, pessoa de sua extrema confiança, além do próprio prefeito Rogério Santos (Republicanos) e da vice, a vereadora Audrey Kleys (Novo), provocou frisson entre os parlamentares da base.

O Boqnews apurou que  o episódio representa para muitos o desprestígio de vereadores da base junto à Administração Municipal diante dos apoios públicos à candidatura da vice-prefeita.

O arco de alianças da prefeito inclui 10 partidos: Republicanos, Novo, PSD, União Brasil, PP, PSB, Podemos, Solidariedade, PSDB e PRTB.

Evento de lançamento de candidatura da vice-prefeita na segunda à noite reverberou na sessão da Câmara no dia seguinte. Foto: Divulgação/Redes Sociais Renata Bravo

Fichas no tabuleiro

Afinal, nos bastidores da Câmara, há a sensação de que a Administração vai colocar todas as fichas na candidatura da vice-prefeita para que ela seja a mais votada ao Legislativo.

“Se isso se confirmar, pode haver pressão para ela assumir a presidência da Câmara na próxima legislatura”, disse um deles, da base de apoio.

Dessa forma, com a rebelião, pautas importantes deixaram de ser analisadas.

Por exemplo, uma proposta do próprio Executivo deixou de ir à votação.

Caso do Projeto de Lei que prevê a doação de área do Município no Jardim Santa Maria junto à Praça Maria Coelho Lopes, 328, destinada para o Centro Estadual de Educação Tecnológico Paula Souza para a construção da primeira ETEC – Escola Técnica Médio e Fatec – Faculdade de Tecnologia na Zona Noroeste.

Aliás, a obra é um compromisso do prefeito Rogério Santos com o governador Tarcísio de Freitas durante vinda dele em maio com a promessa da cessão de terreno para as obras.

Outros projetos também estavam em pauta.

Por exemplo, a de que isenta a reparação das calçadas aos proprietários de imóveis situados em ruas onde são realizadas as feiras livres (Cacá Teixeira – PSDB) e de mudanças no atual projeto do Promifae – Programa de Incentivo ao Esporte (Rui de Rosis – PL).

Sem contar o polêmico projeto do vereador Fábio Duarte (PL), que institui o Dia do Cidadão Patriota em 14 de março.

Aliás, mesmo dia reservado à homenagem à vereadora carioca Marielle Franco aprovada em 2022.

Aliás, temas que mobilizaram pessoas favoráveis e contrárias ao assunto, inclusive nas redes sociais e nas galerias do Legislativo.

Como foi?

Logo após o minuto de silêncio, em homenagem às pessoas da comunidade falecidas e mencionadas pelos edis, a movimentação de alguns já começou.

A sessão começou com casa cheia às 16 horas desta terça (20).

Após falas de alguns, foi o vereador Benedito Furtado (PSB), da base de apoio do prefeito, que escancarou o impasse.

Assim, ele falou sobre a ‘festança, do grande espetáculo’, referindo-se ao lançamento da candidatura da vice-prefeita.

“Ao que parece o prefeito não precisa do apoio de ninguém, pois a vice prefeita vai eleger o prefeito sozinho. Sou da base do governo, mas isso é uma vergonha. Todos os vereadores estão perplexos. Parecia jogo da seleção aqui na Portuguesa. Isso não ajuda em nada a campanha de ninguém. Pessoas ligadas a mim recebem o convite para ir ao evento”, falou o vereador durante os primeiros minutos da sessão.

Na sequência, o vereador Rui de Rosis (PL), que já fora líder do Governo e hoje integra a oposição, foi enfático em sua fala.

“Tinha muita gente que participava da campanha de vocês. É muita cara de pau fazer isso com esta base do governo”, discorreu.

E lembrou que a Câmara votou a favor (ele foi o único contrário) sobre o empréstimo de quase R$ 180 milhões na semana passada para obras habitacionais no Jardim São Manoel.

“Precisaram de vocês e agora ocorre esta situação?”, indagou.

No final, o plenário foi esvaziado e restou ao presidente da Câmara, Cacá Teixeira, dar por encerrada a sessão por falta de quórum.

Restaram apenas vereadores da oposição (PT – Telma  e Chico Nogueira, e PSOL – Débora Camilo).

Além disso, Sergio Santana e Fábio Duarte, ambos do PL, além do próprio presidente do Legislativo, que comandava a sessão.

Confira a sessão na íntegra.

Outro lado

A Administração encaminhou a seguinte nota.

“A Prefeitura de Santos destaca que o Poder Legislativo é independente do Executivo, não tendo a Municipalidade ingerência sobre o expediente e o quórum dos vereadores nas sessões.
Além disso, também informa que não promoveu qualquer convocação ou mobilização para o ato político citado, o qual foi realizado no período noturno, fora do horário administrativo da Prefeitura.
A participação em eventos políticos é um direito constitucional de todo cidadão brasileiro, incluindo servidores e gestores públicos, desde que não se infrinja a legislação e as regras eleitorais.
Por fim, a Administração Municipal ressalta que está empenhada em governar a Cidade e promover as ações e políticas públicas voltadas ao bem-estar e à qualidade de vida de todos os munícipes”.
Contatada, a vice-prefeita e candidata ao Legislativo, Renata Bravo, preferiu não se manifestar.
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