Bastaram menos de 24 horas para o lançamento da candidatura da vice-prefeita Renata Bravo (PSD), que o caldo ‘entornou’ na Câmara de Santos.
Reflexo do mega apoio explícito por várias lideranças da Administração.
A ponto da sessão ser concluída, após meia hora do seu início, por falta de quórum.
Afinal, o lançamento – realizado na segunda-feira na AA Portuguesa Santista – reuniu centenas de pessoas -, o que pode ser entendido como um mérito do trabalho da vice-prefeita.
O problema é que, conforme apurou o Boqnews, secretários municipais, assessores e até profissionais que se comprometeram a trabalhar com vereadores da base do governo, pularam de lado em apoio à candidatura dela.
Como reflexo, vereadores ficarem insatisfeitos – alguns bem revoltados com a situação.
Não bastasse, o apoio explícito do deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) à candidatura da vice-prefeita, pessoa de sua extrema confiança, além do próprio prefeito Rogério Santos (Republicanos) e da vice, a vereadora Audrey Kleys (Novo), provocou frisson entre os parlamentares da base.
O Boqnews apurou que o episódio representa para muitos o desprestígio de vereadores da base junto à Administração Municipal diante dos apoios públicos à candidatura da vice-prefeita.
O arco de alianças da prefeito inclui 10 partidos: Republicanos, Novo, PSD, União Brasil, PP, PSB, Podemos, Solidariedade, PSDB e PRTB.
Fichas no tabuleiro
Afinal, nos bastidores da Câmara, há a sensação de que a Administração vai colocar todas as fichas na candidatura da vice-prefeita para que ela seja a mais votada ao Legislativo.
“Se isso se confirmar, pode haver pressão para ela assumir a presidência da Câmara na próxima legislatura”, disse um deles, da base de apoio.
Dessa forma, com a rebelião, pautas importantes deixaram de ser analisadas.
Por exemplo, uma proposta do próprio Executivo deixou de ir à votação.
Caso do Projeto de Lei que prevê a doação de área do Município no Jardim Santa Maria junto à Praça Maria Coelho Lopes, 328, destinada para o Centro Estadual de Educação Tecnológico Paula Souza para a construção da primeira ETEC – Escola Técnica Médio e Fatec – Faculdade de Tecnologia na Zona Noroeste.
Aliás, a obra é um compromisso do prefeito Rogério Santos com o governador Tarcísio de Freitas durante vinda dele em maio com a promessa da cessão de terreno para as obras.
Outros projetos também estavam em pauta.
Por exemplo, a de que isenta a reparação das calçadas aos proprietários de imóveis situados em ruas onde são realizadas as feiras livres (Cacá Teixeira – PSDB) e de mudanças no atual projeto do Promifae – Programa de Incentivo ao Esporte (Rui de Rosis – PL).
Sem contar o polêmico projeto do vereador Fábio Duarte (PL), que institui o Dia do Cidadão Patriota em 14 de março.
Aliás, mesmo dia reservado à homenagem à vereadora carioca Marielle Franco aprovada em 2022.
Aliás, temas que mobilizaram pessoas favoráveis e contrárias ao assunto, inclusive nas redes sociais e nas galerias do Legislativo.
Como foi?
Logo após o minuto de silêncio, em homenagem às pessoas da comunidade falecidas e mencionadas pelos edis, a movimentação de alguns já começou.
A sessão começou com casa cheia às 16 horas desta terça (20).
Após falas de alguns, foi o vereador Benedito Furtado (PSB), da base de apoio do prefeito, que escancarou o impasse.
Assim, ele falou sobre a ‘festança, do grande espetáculo’, referindo-se ao lançamento da candidatura da vice-prefeita.
“Ao que parece o prefeito não precisa do apoio de ninguém, pois a vice prefeita vai eleger o prefeito sozinho. Sou da base do governo, mas isso é uma vergonha. Todos os vereadores estão perplexos. Parecia jogo da seleção aqui na Portuguesa. Isso não ajuda em nada a campanha de ninguém. Pessoas ligadas a mim recebem o convite para ir ao evento”, falou o vereador durante os primeiros minutos da sessão.
Na sequência, o vereador Rui de Rosis (PL), que já fora líder do Governo e hoje integra a oposição, foi enfático em sua fala.
“Tinha muita gente que participava da campanha de vocês. É muita cara de pau fazer isso com esta base do governo”, discorreu.
E lembrou que a Câmara votou a favor (ele foi o único contrário) sobre o empréstimo de quase R$ 180 milhões na semana passada para obras habitacionais no Jardim São Manoel.
“Precisaram de vocês e agora ocorre esta situação?”, indagou.
No final, o plenário foi esvaziado e restou ao presidente da Câmara, Cacá Teixeira, dar por encerrada a sessão por falta de quórum.
Restaram apenas vereadores da oposição (PT – Telma e Chico Nogueira, e PSOL – Débora Camilo).
Além disso, Sergio Santana e Fábio Duarte, ambos do PL, além do próprio presidente do Legislativo, que comandava a sessão.
Confira a sessão na íntegra.
Outro lado
A Administração encaminhou a seguinte nota.