Fora da disputa presidencial, PSDB tenta salvar a “joia da coroa” | Boqnews
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Eleições

27 DE MAIO DE 2022

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Fora da disputa presidencial, PSDB tenta salvar a “joia da coroa”

Desde 1995 no poder, PSDB corre risco de perder a eleição em São Paulo

Por: Da Redação

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A desistência da pré-candidatura de João Doria ao Palácio do Planalto é o estopim da crise do PSDB, um dos principais partidos do Brasil. Fundado em junho de 1988, a sigla sempre exerceu um papel de protagonismo na democracia brasileira pós-ditadura. Tanto que nas eleições de 1994 e 1998, o candidato do partido à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso venceu no primeiro turno.

Nas eleições de 2002 a 2014, o PSDB chegou no segundo turno em todas as ocasiões, com José Serra (2), Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Inclusive na última oportunidade quando o partido chegou ao segundo turno, o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves por pouco não derrotou a então presidente Dilma Roussef (PT), em sua reeleição.

O partido perdeu força em 2018, com a chegada de Jair Bolsonaro. O ex-governador paulista Geraldo Alckmin conquistou um pouco mais de 4% dos votos válidos na disputa presidencial.

Conflito

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, em março de 2021, que anulou as condenações do ex-presidente Lula (PT) e o tornou elegível acentuou a polarização na política brasileira, entre ele e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Com este cenário, a situação do PSDB ficou ainda mais desafiadora. No fim do ano passado, ocorreram as prévias do partido.

Três nomes disputaram o pleito. Os então governadores João Doria – São Paulo e Eduardo Leite – Rio Grande do Sul, além do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. As prévias foram marcadas por problemas na votação e a disputa durou uma semana. Doria conseguiu a vitória e foi escolhido como o pré-candidato da sigla. Contudo, o resultado não foi bem aceito por parte da cúpula tucana, especialmente pelo deputado Aécio Neves.

No final de março, o ex-governador Eduardo Leite abriu mão do mandato como governador e até cogitou trocar de partido. Um dos principais nomes da legenda, Aécio Neves, que apoiou Leite nas prévias, afirmou em entrevista à imprensa que Doria levaria o PSDB “a uma grande derrota nas eleições”.

Fatores

Ex-governador paulista João Doria desistiu de concorrer à presidência pelo PSDB/Foto: Divulgação

Um dos principais fatores que aumentaram a pressão da candidatura Doria foi a alta rejeição do governador nas pesquisas.

Dessa forma, a pressão do partido aumentava. Antes de sair do governo paulista para disputar a presidência, ele chegou a anunciar que ficaria na legenda, provocando um verdadeiro rebuliço.

Com a garantia da direção do partido que teria a legenda, Doria saiu e reafirmou o apoio à candidatura de seu vice Rodrigo Garcia renunciando ao mandato. Ele tentou o gás final de sua candidatura, lançando o slogan “João do Brasil”. Contudo na última segunda-feira (23), fez um pronunciamento desistindo da candidatura. “Não sou a escolha da cúpula do PSDB”, citou o ex-governador de São Paulo.

Em pouco mais de 11 minutos em sua coletiva, Doria, em tom cabisbaixo, sintetizou e agradeceu o apoio que teve por parte da legenda na sua trajetória política, iniciada em 2015, quando venceu as prévias para disputar a Prefeitura de São Paulo, sob as benções do seu ex-padrinho político, Geraldo Alckmin, hoje no PSB.

Em sua fala, Doria enfatizou que participou de todas as prévias para os cargos que disputou, seja para a Prefeitura de São Paulo, Governo do Estado e para a Presidência da República. “Sensação do dever cumprido e missão bem realizada marcada por uma boa gestão e sem corrupção”, enfatizou. Salientou ainda que aposta na vitória do seu ex-vice, Rodrigo Garcia, “que será reeleito ao governo de São Paulo”. Trata-se da grande aposta da legenda para continuar a sobreviver politicamente, pois o PSDB governa o Estado de São Paulo desde 1995, com a eleição de Mário Covas.

Análise

O cientista político Rafael Moreira enfatiza que existem vários fatores que podem explicar a crise tucana, “O primeiro deles é que o partido perdeu força para outras siglas que ocupam o mesmo campo da direita, como o PSL, que se fundiu com o DEM e virou União Brasil. E o Novo também começou a ganhar espaço”, destacou.

“O segundo fator são as disputas internas. Historicamente existem duas alas no PSDB, que são os cabeças brancas e os cabeças pretas. Os cabeças brancas são de uma primeira geração de tucanos que participou da fundação e o segundo é uma geração mais jovem, que entrou na sigla posteriormente. A disputa interna entre os grupos tem levado a essa crise”, frisou.

Moreira ainda cita que o partido encontra dificuldades na renovação política tanto na faixa etária como nos seus quadros, assim como no marketing. Além disso, o cientista político ressaltou que o PSDB está perdendo o protagonismo na política brasileira há algum tempo, como ocorreu na última eleição em 2018.

São Paulo, a joia da coroa

Rodrigo Garcia é o nome do PSDB para a disputa ao Governo de SP/Foto: Divulgação

Sem uma liderança nacional – nem candidato – o PSDB busca manter a manutenção do poder em São Paulo. Os tucanos tem uma verdadeira hegemonia no Estado, onde o partido ganhou as sete últimas eleições para o Palácio dos Bandeirantes, ou seja, já são 28 anos no poder.

Neste período, foram eleitos: Mário Covas, Geraldo Alckmin, José Serra, João Doria e agora Rodrigo Garcia. Em apenas dois curtos períodos, o estado não ficou nas mãos dos tucanos, mas dos vices: Cláudio Lembro (PFL) entre 31/3/2006 a 31/12/2006 e Márcio França (PSB), de 6/4/2018 a 31/12/2018.

Contudo, as vitórias podem chegar ao fim em 2022. Isso porque as pesquisas mostram uma preferência do eleitorado por Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vem subindo nas intenções de voto, sobretudo por ser o candidato de Bolsonaro e cujo eleitorado também seria de Rodrigo Garcia.
Rafael Moreira cita a eleição de 2022 talvez seja a que tenha a maior possibilidade do PSDB sair do Governo do Estado. No entanto, reconhece que existe um potencial de crescimento do governador Rodrigo Garcia.

Baixada Santista

O PSDB aposta em nomes como do senador José Serra, os deputados Samuel Moreira, Wanderley Macris e Carlos Sampaio, todos pré-candidatos. E ainda: o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez e o ex-prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, como impulsionadores de votos da legenda para garantir uma boa bancada paulista.

Dos 23 parlamentares do PSDB na Câmara Federal, 8 são de São Paulo atualmente. Além de Barbosa, o PSDB também deverá lançar a federal a servidora municipal Luci de Oliveira Cardia, de Bertioga.

Dessa forma, para a Assembleia Legislativa, a legenda planeja dois nomes: os ex-prefeitos de Santos, João Paulo Tavares Papa, e o de Itanháem, Marco Aurélio Gomes.

Simone Tebet

Simone Tebet é pré-candidata do MDB/Foto: Fábio Rodrigues/Agência Brasil

Assim, o PSDB deve anunciar em breve sua posição para a disputa presidencial.

Tudo leva a crer que o partido apoiará a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB).

Por sua vez, o coordenador regional do partido tucano, Jair Lopes, acredita que com a desistência do ex-governador paulista, o PSDB indicará o vice na chapa de Simone. Com isso, o nome do ex-governador do Ceará e senador Tasso Jereissati aparece como cotado.

Pouca conhecida entre a maioria da população, Simone Tebet tem o apoio do Cidadania.

Ela vai precisar correr contra o tempo em busca de votos, afinal Lula e Bolsonaro contam com eleitores fiéis, como cita o cientista político Fernando Chagas.

Além disso, ele ressalta que Simone Tebet precisa convencer a maioria do MDB para apoiar a sua pretensão eleitoral, considerando sobretudo que muitos caciques do partido preferem fechar uma aliança com o pré-candidato Lula logo no primeiro turno, correndo o risco inclusive de sua candidatura não decolar e ficar no meio do caminho.

“O argumento de que a pré-candidata do MDB é mulher e tem pouca rejeição não assegura a conquista suficiente de votos, para desbancar candidaturas fortes e consolidadas, que são conhecidas pela maioria esmagadora da população brasileira e já criaram um antagonismo violento, que é dificílimo de ser desfeito, até porque favorece os dois candidatos líderes das pesquisas e, por isso, eles mesmo alimentam tal polarização”, explicou Chagas.

“Em suma, o candidato para vencer essa eleição presidencial deverá priorizar os temas do emprego, renda e fome”, finalizou.

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