Ao afirmar que a região não necessita de um novo hospital – tema discutido pelo então ministro da Saúde, o santista Arthur Chioro – o secretário estadual da pasta, médico David Uip, deveria se atentar ao que está ocorrendo com o maior hospital estadual da Baixada Santista, litoral e Vale do Ribeira, o Guilherme Álvaro. Com a não prorrogação de contratos (são entre 70 e 100 técnicos) e 12 enfermeiros até o final do ano que não terão os contratos renovados, a ala cirúrgica 2, que realiza operações cirúrgicas, de neurologia, ginecologia e vascular, vai fechar.
Não bastasse a quebra de aparelhos é uma constante. Um paciente – após 2 anos esperando a fila de espera – sofreu as consequências da quebra do aparelho quando realizava uma cirurgia e o aparelho já estava em seu canal de uretra. Teve que retornar para casa e voltar à estaca zero para fazer os novos procedimentos pré-operatórios. Não há previsão de quando isso irá ocorrer. O equipamento permanece quebrado. Há dois anos ele aguarda a operação e esta foi a terceira vez que a mesma foi cancelada. Há sete meses, ele anda com sonda, o que o impede de trabalhar como empreiteiro de obras. Como não é aposentado, o dinheiro sumiu e sua esposa se tornou a única fonte de renda da pequena casa onde reside, com seus três filhos.
Além disso, faltam luvas, fios para sutura e outros equipamentos básicos para atuação dos profissionais. Não existem milagres. As limitações técnicas impedem um atendimento, no mínimo, digno.
Apesar disso, o secretário midiático assegura que a saúde da região está muito bem, pois as aberturas do Estivadores (quem vai bancar?) e do hospital regional de Itanhaém vão atender a demanda. Resta saber quando isso ocorrerá.
Esquece, porém, que só os endinheirados – e políticos – conseguem ser atendidos em hospitais de excelência como o Sírio-Libanês ou o Albert Einstein. Enquanto isso, resta ao povão esperar para ser atendido dignamente no principal hospital público da região. Se viver até a hora de ser atendido…