Mulher denuncia violência obstétrica no hospital Irmã Dulce | Boqnews

Praia Grande

24 DE JUNHO DE 2016

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Mulher denuncia violência obstétrica no hospital Irmã Dulce

Parto ocorreu no último sábado (18). Vítima fez um desabafo nas redes sociais nesta sexta (24)

Por: Da Redação

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Yanny Furukawa

Foto publicada junto com depoimento da jovem

Na Baixada Santista, assim como em todo o país, muito tem se falado da humanização do parto. Processo que deve ocorrer independentemente da escolha da gestante em parir. De forma totalmente natural, normal ou por cesária marcada ou por emergência, não só é possível como é uma obrigação dos profissionais que trabalham na área da saúde em humanizar este momento tão importante, tornando o parto mais seguro para mães e bebês, e também prazeroso.

Na prática, infelizmente, isso não ocorre em todos os hospitais ou mesmo por todas as equipes de um mesmo hospital. Nesta sexta-feira (24), um caso em Praia Grande de violência obstétrica se tornou público, com a coragem de uma mãe em relatar a sua experiência de parto, que como ela mesmo descreve é traumatizante.

A jovem Yanny Furukawa teve seu segundo filho no hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, no último sábado (18). Uma das partes mais marcantes que descreveu em seu perfil do facebook é que os funcionários “começaram a se revezar e fazer manobras, a empurrar minha barriga e depois a subirem em cima de mim para empurrar o bebê… teve um momento que estavam em 3 em cima de mim e nada, foram os 40 minutos mais traumatizantes da minha vida”. Conhecida como manobra de kristeller, esta é uma antiga prática que hoje é considerada uma violência obstétrica. Entre outras questões, a mãe, ainda traumatizada, relata que mesmo desmaiando a cada força que fazia, de ter tido hemorragia, os médicos a levaram para a mesa do parto tendo 8 dedos de dilatação. O resultado foi um corpo marcado pelo parto, muitos pontos no períneo e a lembrança de um parto terrível.

Segundo Yanny, tudo que aconteceu com ela parece ser corriqueiro no hospital. “Espero com o meu post que as pessoas tomem conhecimento e que não aconteça com outras pessoas o que ocorreu comigo. Fiquei com vergonha de ir na rua nos primeiros dias por conta do meu rosto… Hoje está bem melhor. Mas decidi postar inclusive com a foto para alertar as pessoas. Queria muito um parto normal, mas não sabia que era assim. Fiquei horas fazendo muita força, por exemplo, a pedido da equipe médica, quando na verdade depois descobri que a força era apenas no final”, conta.

“Deveria ser mais humanizado. As pesssoas precisam falar o que acontece para que a gente saiba”, ressalta. Se irá tomar alguma providência contra o hospital, a jovem ainda não sabe pois além do recém nascido também tem outro filho de dois anos, que nasceu de cesárea. “Com esta rotina não sei ainda o que irei fazer, mas espero ajudar com o meu post pelo menos”, explica.

Confira o depoimento na íntegra:

Há uma semana comecei a sentir as dores do parto, as contratações, a barriga endurecer… Sonhei e pedi a Deus muito para ter o parto normal, pois a recuperação seria mais tranquilo, pensando em mim e também no Yan. Bom, fui a maternidade Irmã Dulce tendo contratações de 3 em 3 minutos, mas nada de dilatação fui mandada para casa, passei o dia e a noite sofrendo muito, com dores constantes e quase insuportáveis. No outro dia retornei e fiquei internada, fui internada as 09:10 da manhã e o Jun só foi nascer as 22:22, foram os dias mais traumatizantes da minha vida, no começo estava super tranquila e tentando manter a calma mais depois as coisas mudaram, colocaram o soro de indução as 16 hrs, mesmo sabendo que tenho uma cesária anterior, daí em diante minha tortura começou, sofri de verdade. Perto das 21 hrs comecei a ter hemorragia e mesmo assim não fui encaminhada para cesária, cada contração que vinha eu praticamente desmaiava, não conseguia mais, não tinha mais forças e nada de médico aparecer, minha mãe desesperada foi chamar um, pois já estava muito mau.

O médico apareceu e mesmo com apenas 7 para 8 dedos de dilatação fui para a mesa de parto, não tinha mais forças, mas tentei, tentei com todas as minhas forças, jurava que não ia sair dessa. Cada força que fazia caia desmaiada e inconsciente e era eles me acordavam e mais uma vez e outra é outra e nada… quando eles começaram a se revesar e fazer manobras, a empurrar minha barriga e depois a subirem em cima de mim para empurrar o bebê… teve um momento que estavam em 3 em cima de mim e nada, foram os 40 minutos mais traumatizantes da minha vida. Não acreditava que viveria para contar essa história. Graças a Deus o Jun nasceu com 3950 e 51 cm, já estava com o cordão no pescoço e uma bossa na cabeça, mas graças a Deus está bem e super saudável. Eu hj estou bem, mas tive petéquias (rompimento dos vasos do rosto, costas e peito) estou com o rosto horrível, agora está clareando, mas parecia que tinha apanhado e muitooooo. Vou postar a foto para vocês verem e terem conhecimento. Nunca tinha visto nada como isso. Estou traumatizada, espero que isso passe logo. Espero que minha amigas grávidas não fiquem chocadas, mas quero que tenham conhecimento do que aconteceu e que isso não aconteça com nenhuma de vocês. ‪#‎partonormal‬‪#‎partoinduzido‬ ‪#‎violenciaobstetrica‬ ‪#‎praiagrande‬ ‪#‎irmadulce‬ ‪#‎petequias‬‪#‎posparto‬

Nota do Hospital
Em nota, o Hospital esclarece que “Sobre os questionamentos a respeito dos procedimentos para o parto da paciente em questão, a Diretoria Técnica esclarece que o Hospital Municipal Irmã Dulce segue as normas das boas práticas médicas e obstétricas, bem como as recomendações do Ministério de Saúde para as indicações de cesariana e condução de parto normal. O Hospital Municipal se coloca à disposição da paciente para os esclarecimentos que se fizerem necessários”, conclui

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