Um ano depois e mais de 8,5 toneladas de tampinhas retiradas do lixo | Boqnews
Lacres e tampas plásticas são recolhidas e se transformam em leite e achocolatado. Foto: Nando Santos

Tampa Amiga

27 DE MARÇO DE 2019

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Um ano depois e mais de 8,5 toneladas de tampinhas retiradas do lixo

Em um ano, projeto Tampa Amiga já recolheu mais de 8,5 toneladas de tampas plásticas, além de lacres de alumínio. Material vendido ajuda duas entidades.

Por: Fernando De Maria

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Colaboradores ajudaram na criação da logomarca do projeto Tampa Amiga, que tem ganho cada vez mais adeptos

 

Há exatamente um ano, o médico Bruno Pompeu começou um trabalho de recolhimento de tampas plásticas – como aquelas de refrigerantes, por exemplo – pelas praias e vias públicas.

Tudo começou após um pedido de sua enteada para recolher lacres e tampas plásticas em troca da aquisição de uma cadeira de rodas.

Aos poucos, ele percebeu que o solitário gesto poderia render frutos maiores. E ajudar mais pessoas.

(Leia detalhes da origem do projeto nesta reportagem.)

E assim, ao lado da esposa, a psicóloga Dulce Del Santoro, eles começaram o projeto Tampa Amiga.

O objetivo é recolher lacres e plásticos que teriam como destino o mar, as ruas e os aterros sanitários.

Em troca, o material recolhido é vendido.

E assim, ajuda nas despesas de alimentação, higiene e limpeza de duas entidades de Santos, no litoral paulista: ARS – Ação de Recuperação Social, responsável por 30 crianças, e o Lar Veneranda, por 150.

Só em alimentos, foram 1 tonelada e 17 quilos neste período.

 

Pelo whatsapp

Usando apenas o whatsapp como ferramenta de divulgação – e mais recentemente uma conta no Instagram criada por uma das participantes do grupo – o Tampa Amiga cresce diariamente com a adesão contínua, seja em estabelecimentos comerciais ou residenciais.

“Não imaginava que o projeto tomaria uma proporção gigantesca”, explica o profissional.

Diariamente, ele divide seu tempo no atendimento a pacientes em seu consultório, assim como médico no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos,  e agora como responsável por esta teia social que envolve exatas 206 pessoas via whastapp.

Além disso, centenas de outros colaboradores  ajudam a movimentar o volume de material recolhido.

Não bastasse, com o dinheiro recolhido, percorre os supermercados para comprar alimentos, como leite, achocolatado e outros produtos, para entregar às entidades – ou simplesmente pagar faturas de alimentos, como a aquisição de 85 quilos de carne para alimentar os menores, como na quarta (27), quando o projeto fez aniversário.

“É algo que nos  dá muito prazer em saber que estamos ajudando tantas crianças”, enfatiza.

 

O volume de tampas cresce a cada dia. A separação por cores ajuda a garantir um valor maior na venda. Foto: Divulgação/Tampa Amiga

Números crescendo

Aliás, contrariando o que o doutor imaginava – que chegaria até o final do ano passado com 1 tonelada recolhida – na prática este número é (muito) maior.

Até o último carregamento, no início de março, foram 8 toneladas e 567 quilos de tampinhas, sendo quase 700 quilos só de lacres de alumínio – os das latinhas de cervejas e refrigerantes.

Para abril, a previsão é que o total recolhido se aproxime das 10 toneladas.

Material que deixou de ir para o lixo e teve como  destino a reciclagem.

As tampas moles (PP – polipropileno) são as de margarinas, garrafas com água, shampoos e outras semelhantes.

As mais duras, típicas dos refrigerantes, são as PEAD – Polietileno de Alta Densidade.

Para se ter uma ideia do volume, para formar um quilo de tampas plásticas são necessárias, em média, 980 tampinhas.

Portanto, com o material recolhido só deste material (7.867 quilos) é possível chegar à conclusão que já foram coletadas consideráveis 7,7 milhões de tampas dos mais variados tipos, formas e cores.

Todo o material recolhido é vendido para um dos participantes do grupo que paga acima da média de mercado.

De lá, o material é enviado para as indústrias do setor plástico.

E assim, misturadas e trituradas, as tampinhas irão se transformar em brinquedos, bacias, baldes, copos para festas, entre outros produtos que usam tais tipos de plásticos (PP e PEAD).

“É um parceiro que nos ajuda para a gente poder colaborar ainda mais com as crianças e as entidades”.

 

Separação por cores

No entanto, para poder vender por um maior valor às indústrias há uma exigência: que as tampas sejam separadas por grupos de cores.

Assim, a prática criou uma nova e importante ação: a participação de crianças, adultos e idosos em uma forma de terapia coletiva.

“É uma ludoterapia”, brinca o médico.

Desta forma, o Tampa Amiga vai agregando colaboradores, estimulando o trabalho social e colaborativo, diminuindo o impacto ambiental e ajudando a dar um futuro melhor para quase duas centenas de crianças e adolescentes de Santos.

E tudo de forma anônima, sem alarde, nem participação do Poder Público.

Em decorrência de uma simples ideia: catar lacres e tampinhas das embalagens para ajudar a garantir um futuro melhor não só ao meio ambiente mas também para crianças e adolescentes que formarão as novas gerações.

 

Falta espaço

Mas o crescimento também traz transtornos.

Diante do crescimento da rede de solidariedade, um problema surgiu: a falta de espaço para colocar tanto material.

“É um volume assustador”, reconhece.

Para tanto, um segundo caminhão será colocado para captação do material restante a ser usado no dia da coleta geral em abril.

Hoje, a garagem da sua casa se transformou em depósito de tanto material recolhido pela rede. “O carro fica na rua”, diz.

Não bastasse, às vezes, só sobra espaço para o motorista, de tão carregado com tampas e lacres.

“Já aconteceu de eu vir para a casa dirigindo sozinho, pois até no banco do passageiro está lotado. E minha esposa voltou de táxi”, diz.

Mas o crescimento da proposta deixa-o e a esposa, além de outros colaboradores anônimos, animados e cientes que é possível fazer a diferença, a despeito de tantos problemas e desigualdades no País.

 

Diariamente, tampas e lacres são recolhidos. Em um ano, volume já superou 8,5 toneladas. Foto: Divulgação

Confira os locais para entrega dos materiais do Tampa Amiga

 

SANTOS
Abor – Associação Beneficente Oswaldo de Rosis – Praça Primeiro de Maio, s/nº – Ponta da Praia

ARS – Rua Manoel Barbosa da Silveira, 239 – Saboó

Centro Espírita Allan Kardec – Rua Rio de Janeiro, 31 – Vila Belmiro

Portaria do edifício Med Center – Rua Olintho Rodrigues Dantas, 343 – Encruzilhada

Portaria Edifício Center Palmares – Av. Afonso Pena, 170 – Boqueirão

Portaria prédio Rua Luís de Faria, 109 – Gonzaga

Espaço Cura do Ser – Av Afonso Pena, 312 cj. 43 – Embaré

Colégio do Carmo – acesso pela Rua Egídio Martins, 181 – Ponta da Praia

Restaurante Nação Verde – Rua Euclides da Cunha, 42 – Gonzaga

Máximo Pet Shop – Rua Maria Máximo, 98 – Ponta da Praia

Restaurante Monte Carlo – Rua Oswaldo Cochrane, 51 – Embaré

Grupo Espírita Andre Luiz – Av. Bernardino de Campos, 504 – Vila Belmiro

PRAIA GRANDE
Rua Fumio Miyazi, 1117 – Jardim Guilhermina – Praia Grande

Casa dos Ortopédicos – Av. São Paulo, 1042 – Boqueirão

SÃO VICENTE
Loja Divisa Materiais – Av. Manoel da Nóbrega, 1785 (ao lado do Habibs) Itararé

CUBATÃO
Rua João Pessoa, 119 – Vila Nova

SÃO PAULO CAPITAL
Rua Renzo Borghi, 58 – Jaguaré (perto do shopping Continental)

Portaria prédio Rua Xavier Curado, 263 – Ipiranga

Cookeria – Rua Costa Aguiar, 1424 – Ipiranga

 

 

 

 

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