Em sua segunda passagem pelo Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin terá mais uma oportunidade para imprimir sua marca. Pelos sinais iniciais, o empenho parece ser elevado e, aos poucos, ele quer se desvincular da imagem do seu antecessor, José Serra, e tentar colocar o PSDB nos eixos, fato não tão simples assim.
Alckmin, que sofreu dois revezes antes de voltar ao cargo, sabe como a política prega peças. Em 2006, foi jogado aos leões, travestidos de tucanos, no embate contra Lula. Chegou ao segundo turno, mas conseguiu ter menos votos que no primeiro, feito raro.
A derrota seguinte ocorreu há dois anos, quando sequer chegou ao segundo turno na Capital, sendo traído pelo seu próprio partido, que, nos bastidores, fermentou a candidatura de Gilberto Kassab, vencedor contra a petista e hoje senadora Marta Suplicy à prefeitura paulistana. Fora da política, virou professor universitário e depois secretário do governo Serra, uma verdadeira esmola diante das circunstâncias existentes.
Como a vida dá voltas, assim como na política, Alckmin está novamente no poder. Pela escolha do secretariado, percebe-se que ele não tinha na prática um grupo próximo. Tanto que parcela considerável dos secretários é formada por deputados de outros partidos, abrindo espaço para suplentes. Eleitos pela região, estão Marcio França (Turismo), Bruno Covas (Meio Ambiente) e Paulo Alexandre Barbosa (Secretaria de Desenvolvimento Social).
Alckmin sempre teve uma relação de afeto com a Baixada Santista, desde os tempos de infância. Tanto que no seu governo anterior até uma expressão era lembrada para mostrar a participação de políticos da região na sua administração: a República do Gonzaga. Não bastasse, o Santos, seu time de coração, é sua outra paixão.
Neste sentido, o governador sabe bem das necessidades que a Baixada Santista tem. São diversas, mas algumas se destacam, como a questão do transporte metropolitano – ineficiente e dispendioso -, a habitação, com a remoção de famílias residentes em áreas de risco e insalubres, e a saúde, pois a Baixada Santista só ganha do Vale do Ribeira em relação aos investimentos públicos per capita desembolsados pelo Estado neste setor.
Por isso, merece aplauso a decisão do governador em criar um grupo para realizar um diagnóstico na saúde da região, envolvendo representantes do Estado, dos municípios e universidades.
Se os resultados obtidos – como a carência de leitos SUSs e de UTIs e a falta de um hospital público que atenda as cidades do litoral sul, em franca expansão, por exemplo – resultarem em ações concretas em prol da região, perceberemos que efetivamente Alckmin terá um olhar especial pela Baixada Santista, região onde ele diz nutrir um carinho bem especial.