Hora de integrar a floresta | Boqnews
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Opiniões

04 DE AGOSTO DE 2020

Hora de integrar a floresta

Por: Humberto Challoub

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Motivo de controvérsia e preocupação da comunidade internacional, as questões que envolvem a preservação da floresta têm adquirido cada vez mais relevância, não apenas pelos reflexos ambientais que podem produzir ao planeta, mas também pelas consequências econômicas que envolvem os negócios do País no exterior. Nesse cenário, mais do que nunca, torna-se necessário valorizar a importância das populações residentes naquela região, que devem ser vistas como parceiros estratégicos na defesa da soberania nacional em territórios que cada vez mais despertam a cobiça de nações estrangeiras.

Vítimas no processo de colonização e marginalizados durante décadas pelo total desprezo aos seus valores culturais, os povos amazônicos sempre foram subjugados pelo interesse na exploração das riquezas naturais e minerais contidas nas áreas por eles ocupadas, sendo invariavelmente relegados à condição secundária nas prioridades definidas pelo Estado. Apesar do reconhecimento aos avanços obtidos no trato das questões indígenas e dos povos ribeirinhos, grande parte daquelas comunidades ainda não gozam dos plenos direitos de cidadania. Daí os conflitos intermitentes gerados pelo desrespeito aos seus valores fundamentais, baseados na possibilidade de sobrevivência em terra fértil.

A negligência no reconhecimento dessas populações produziu, ao longo da história de formação da identidade nacional, o ambiente ideal para a ação de oportunistas e à proliferação de entidades estrangeiras interessadas em melhor conhecer as riquezas abrigadas na floresta tropical, camufladas sob a égide da benemerência e de falsos princípios humanitários. As extraordinárias possibilidades oferecidas pelas regiões nativas existentes da floresta tropical já são por demais conhecidas como significativos mananciais de matérias-primas, especialmente para mineradoras e indústrias farmacêuticas que almejam o desenvolvimento de novos produtos.

Nesse sentido, além de fazer valer direitos fundamentais, o debate sobre as questões amazônicas, obrigatoriamente, deve focar propostas que estabeleçam reais e efetivos canais de integração daquelas comunidades, assegurando a proteção de bens culturais e territoriais de valores inestimáveis. As promoções de ações paternalistas ou estereotipadas têm pouca serventia. Por isso, é de se esperar que as autoridades governamentais estabeleçam as diretrizes rígidas visando a comunhão dos interesses econômico e ambientais às necessidades atuais e futuras do conjunto da sociedade brasileira, sem o que ficaremos à mercê da ingerência inoportuna internacional.

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