A magazine Saraiva divulgou na segunda-feira (16 de janeiro) a lista dos dez jogos mais vendidos no ano de 2016 em todo território brasileiro. Poderíamos passar horas debatendo preços, modas, sobre o que o jogo tem de prós e contras, mas temos de pensar no que nós estamos consumindo. Será que é tudo aquilo que procuramos em um jogo? Será que vale a pena? O top 10 da Saraiva mostra muito do que seguimos de tendência ou há algum diferencial daquilo que já é visto ao redor do mundo?
Em seguida temos a listagem com algumas observações que cada jogo trouxe ao mercado e se é válido ou não a sua colocação. Lembrando que isto se trata de pontos que vejo no ramo mundial de games, convivo diariamente e que ouço de várias pessoas ligadas e antenadas ao grande mundo dos videogames. Se discordar, sinta-se livre nos comentários para expor seu ponto de vista!
Será que consegue adivinhar quais foram os 10 antes de ver a lista?
10º Lugar: The Sims 4 (PC)
A franquia mais famosa de simuladores de vida social já criada, The Sims, chegou à sua quarta edição. O terceiro game, que foi bastante consagrado e aclamado pela mídia, já recebera diversas críticas positivas e diversas expansões divertidas (Pets, na qual você controla o bicho de estimação do seu personagem é até hoje procurada com afinco). No quarto jogo resolveram inovar e tiraram um pouco do controle que o jogador tem sobre o mundo criado. Com emoções adicionadas aos personagens, tudo se tornou imprevisível e cada figura criada era única e tinha reações e atitudes diferentes a cada momento que passava durante o game. Mesmo sendo lançado há dois anos, suas vendas se mantiveram em alta (não só no Brasil, mas em todo mundo, alcançando a marca das mais de três milhões de peças vendidas).
Crie um personagem à sua imagem e semelhança e acompanhe sua vida no maior simulador de vida criado na atualidade
9º Lugar: Far Cry Primal (PS4, Xbox One, PC)
Mesmo que apenas a versão de PS4 tenha entrado no top 10, todas valem os comentários. A Ubisoft, produtora da série, havia criado em novembro de 2014 o quarto título da franquia, Far Cry 4. Em fevereiro de 2016 (um ano e alguns meses) lançou “Primal” com uma proposta inovadora, mas com um imenso desafio: se retirar da má fama de sua empresa. A Ubisoft é criadora de games como Just Dance e Assassin’s Creed. Para quem os conhece fielmente, podem discursar horas sobre serem bons ou não, mas há um fato inegável: lançam todo ano e sempre com mecânicas similares aos anteriores.
Far Cry Primal apareceu nesse cenário, mas foi altamente criticado por ser “mais do mesmo”. Apesar de sua boa estrutura, da proposta inovadora e do jogo realmente ser bom (se analisado isolado), ele não escapa das sombras da franquia Far Cry como todo e da fama da Ubisoft de querer faturar repetindo sucessos anteriores. Merece destaque pelo seu poder gráfico em retratar os homens das cavernas e criaturas que existiam apenas há milhões de anos atrás, pelos confrontos serem com uma boa física e jogabilidade. Porém, se jogou o terceiro (épico) e o quarto (muito bom), não terá muitas novidades e algo que surpreenda. Fez boas vendas ao redor do mundo, com cerca de 3 milhões de peças vendidas.
Se assistiu “Era do Gelo”, esqueça um pouco que eles são bonzinhos e calmos e comece a correr
8º Lugar: Overwatch (PS4, Xbox One, PC)
Chegamos ao “jogo do ano”. Você se pergunta, mas o que ele, “o melhor de todos”, está fazendo na oitava posição? Falar sobre isso é tratar sobre um tema delicado no Brasil: conexão. O PlayStation 4 e Xbox One você é obrigado a realizar uma assinatura caso deseje jogar online e garantir o multiplayer. Além do preço do videogame (que aqui não é barato, convenhamos), você ainda paga uma taxa a mais para desfrutar de uma função que ele possui naturalmente. Críticas a parte, a internet no Brasil não é boa. Isso interrompe muitas pessoas que gostariam de jogar online com seus amigos. Aí vem a “pancada”. O jogo só permite que você jogue conectado à internet. Em segundo ponto, assinar aos serviços online da Sony e Microsoft exige uma boa procura dos cartões pelas lojas, já que não é encontrado na “mercearia da esquina” e nem achado em grandes lojas de videogames por divergências entre a distribuidora dos cartões e as empresas contratantes. Se tentar inserir seu cartão de crédito no videogame para comprar através dele, terá outra surpresa, já que 90% dos cartões nacionais são negados pela PSN e Xbox Live. Gostando ou não, isso afasta o seu público, que nos outros países têm uma facilidade gigantesca em adquirir isto e no nosso país ainda ser uma dificuldade a vencer.
Falando do jogo, Overwatch merece o título de “Jogo do Ano” com louvor. Divertido, com boas dublagens (em qualquer língua, basta jogar no Youtube e ver o trabalho e cuidado que a Blizzard teve em cada canto do mundo), personagens cativantes, mecânica simples de combate, um ótimo material divulgativo (já que está no Youtube ainda, pode ver vários curtas da série Overwatch feitos com a mesma maestria que animações da Disney no canal da própria criadora) e preocupação em oferecer aos jogadores o melhor material que podiam. Mesmo não possuindo uma história clara e ser apenas competitivo, conseguiu conquistar a todos que tiveram a oportunidade de jogá-lo. Altamente recomendável, não só por mim, mas pelas quase quatro milhões de pessoas que o adquiriram até dezembro/2016.
Quem vê a D.Va assim, nem imagina que ela derruba muitos oponentes usando seu robô gigante enquanto caçoa deles
7º Lugar: Tom Clancy’s The Division (PS4, Xbox One, PC)
The Division cai nos problemas de Overwatch e Far Cry Primal ao mesmo tempo. Além de ser apenas online, o jogo foi lançado em menos de um ano do anterior da linha “Tom Clancy”, Rainbow Six Siege (altamente aclamado e procurado pelo público) e à espera do próximo, Ghost Recon: Wildlands que será lançado um ano após (07 de março de 2017). Com excelentes gráficos, The Division captou pela densa história e com o foco no teor da guerra online como todo bom jogo de tiro faz atualmente.
Tom Clancy’s The Division é baseado na série de livros de Tom Clancy, historiador e escritor que é conhecido pela sua riqueza de detalhes e por ter especialidade em guerras, espionagem e histórias com diversas forças-tarefas do mundo. Além da boa jogabilidade, é uma ótima oportunidade de se aventurar pelas aclamadas inspirações em suas obras em um jogo do estilo que é um dos mais queridos da juventude ao redor do mundo. Vendeu cerca de seis milhões e meio de peças e até hoje conta com um público fiel ao game.
Um dos maiores perigos começa quando entra na Zona Cega, acredite, você vai querer estar preparado
6º Lugar: Final Fantasy XV (PS4, Xbox One)
Já fiz um post aqui (o primeiro, pode conferir aqui https://www.boqnews.com/colunas/a-fantasia-final/ ) sobre o Final Fantasy e tudo que a franquia e o jogo significam. Para não ficar repetitivo, vale lembrar que Final Fantasy XV ficou em SEXTO lugar em apenas UM mês do lançamento para o final do ano. Se isto não reflete o potencial e sucesso que possui, talvez se encante pelos personagens carismáticos, pela ótima história, gráficos estonteantes e um cenário que daria inveja a qualquer programador de games.
Em um mês e meio de seu lançamento, a própria Square-Enix anunciou ao mundo que venderam mais de seis milhões de peças por todo mundo, com diversos brindes gratuitos para poder realizar o download futuramente e o prometido modo multiplayer agendado no passe de temporada, ele continua encantando e trazendo novidades a cada semana. Particularmente, me surpreende que ele alcançou esta posição no Brasil tão rapidamente, já que RPG é um gênero mais “peculiar” e pouco procurado pelo público nacional. Talvez eu esteja errado (ou faça amizade com pessoas erradas), mas não imaginei ele com este crescimento em território brasileiro.
Noctis, o príncipe de Lucis, tem uma das jornadas mais aclamadas de 2016 em mãos em Final Fantasy XV
5º Lugar: Street Fighter V (PS4, PC)
Um dos jogos de luta mais famosos do mundo, Street Fighter foi anunciado como exclusivo para o PlayStation 4 e computadores em sua nova versão e teve vários altos e baixos. A sua inclusão no e-sports foi decisiva para os inúmeros campeonatos oficiais que se seguiram de seu lançamento, assim como o cenário online forte dele permitia que competisse contra quem tivesse a versão de computador ou PS4, independente de qual aparelho tivesse. Os personagens também foram bem trabalhados, assim como o gráfico certeiro do jogo (que aprimorou o que foi implantado pelo quarto game da franquia) que trouxe ainda mais aprimoramento aos famosos Ryu, Ken, Dhalsim entre outros. Como ponto negativo, a imensa demora em atenderem ao público com um modo História (lançado apenas em julho de 2016, cinco meses depois), correções no sistema de punições online, balanceamento de personagens fez os jogadores se afastarem e reclamarem da Capcom pelos atrasos. Atualmente estes problemas já foram corrigidos e os gamers estão voltando a olhar com bons olhos ao jogo, se gosta do gênero de luta ou marcou a infância, é pedida certa.
Apesar do design original estar disponível, o jogo possui uma passagem de tempo onde poderá ver Ryu e Ken mais velhos e experientes
4º Lugar: Battlefield 1 (PS4, Xbox One, PC)
Anunciado em maio de 2016, cumpriu com os diversos rumores que apontavam que o famoso game de estratégia e guerra traria confrontos antigos de volta na nova geração. Battlefield 1 traz a Primeira Guerra Mundial em gráficos ultra realistas e com destaque para a sua visão do que é a guerra de fato. É o único jogo que avisa logo a princípio que a guerra é tratada como “brincadeira”, que será “simples” e que iriam se divertir, mas não era nada disso. A guerra mata pessoas, coloca famílias em desespero, que a qualquer momento você pode sucumbir em campo de combate e nunca ser identificado. Assustador, certo? Mas essa noção tornou o realismo tão grande que foi bem-recebido pelos jogadores e hoje é um dos principais jogos de guerra da escolha geral. Por experiência pessoal, conheço grupos inteiros que jogam este game online e que contemplam como o melhor jogo de guerra da atualidade (geração Xbox One / PS4). Lançado em outubro de 2016, atualmente conta com sete milhões e meio de unidades vendidas por todo mundo.
Cavalos, armas antigas, tanques de guerra e muito confronto físico trazem a realidade da Primeira Guerra Mundial ao cenário dos games em Battlefield 1
3º Lugar: Guitar Hero Live (PS3, Xbox 360, PS4, Xbox One, Nintendo Wii U)
Guitar Hero foi um dos, se não o mais, famosos jogos da geração PlayStation 2. O game de rock onde se podia jogar suas músicas favoritas com uma guitarra, simulando os acordes reais, foi sucesso absoluto de uma geração e marcou toda uma geração. Com diversas versões, incluindo para bandas específicas (Van Halen, Metallica, Aerosmith etc.), ele ascendeu ao topo e, repentinamente, sumiu das prateleiras. Nada de produção de novos games da série, declarações dos criadores diziam que “fizeram tudo que queriam ter feito”, as famosas guitarras pararam de serem fabricadas e assim a franquia ficou congelada por tempo demais.
Em 2015 anunciaram seu triunfante retorno e, diga-se de passagem, cumpriram muito bem com a promessa. Guitar Hero Live abandona o design cartunesco e aposta em shows reais, com atores, durante a simulação. Você realmente se sente num palco, em frente à toda a platéia com reações reais ao seu desempenho. O modo online também inovou, disponibilizando um acervo gigantesco de músicas e seus respectivos clipes para que consiga pontos necessários e libere novos shows e consiga personalizar seus itens. Foi um excelente retorno, sendo que mesmo após um ano e meio de seu lançamento ele ainda receba suporte semanal e seus jogadores seguem firmes e fortes no ritmo do rock. Mundialmente vendeu duas milhões de peças, mas considerando que seu preço é um pouco mais elevado por já vir com uma guitarra inclusa, ele foi bem recebido pelo público.
Em meio ao show, pode conferir as reações reais do público e de duas, uma: ou será louvado e ouvirá gritos em seu nome ou terá objetos jogados contra você e vaias. Só depende de sua performance
2º Lugar: Uncharted 4: A Thief’s End (PS4)
Não é segredo nem mistério para ninguém que o PlayStation 4 é o console de mesa que mais vende atualmente. Seus números ultrapassam o da Microsoft em milhões, tornando-o bem popular e responsável pela diversão de muitas famílias. Isso não é uma constatação apenas geral, mas aqui no Brasil também. E Uncharted 4 é o resultado de um jogo feito por uma das empresas mais conceituadas do mercado de games num console exclusivo e sendo altamente aguardado. Não poderia ser menos do que sucesso, certo?
Uncharted 4 traz de volta o herói Nathan Drake, que está “aposentado” de suas inúmeras expedições e aventuras ao redor do mundo e atrás de relíquias perdidas, curtindo sua vida caseira com sua esposa, jogando videogame e tendo seu merecido descanso. Até o dia que seu irmão perdido reaparece e levanta questões que fazem com que ele saia de sua zona de conforto e volte a viajar ao redor do mundo atrás de objetos que respondam sobre suas origens. Com gráficos estonteantes, personagens carismáticos, jogabilidade fluída e a possibilidade de se jogar o Crash original dentro do próprio game conquistaram todo o público que possui o game e até hoje, quase um ano após seu lançamento, ainda é bem procurado e bem lembrado por quem já o fechou. Diversão garantida, sendo vendidas quase seis milhões de peças globalmente.
Nathan Drake passava seus dias em paz, mas jogar videogame não era seu destino e a quarta aventura do herói o levou para lugares exóticos novamente onde o perigo o aguardava
1º Lugar: FIFA 17 (PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One, PC).
Sério que esperava algo diferente no Brasil? Logo no país do futebol? Brincadeiras à parte, não é surpresa alguma FIFA estar à frente do pódio. Mesmo com o efeito reclamado em Far Cry Primal, do seu lançamento ano após ano, o jogo é “obrigatório” para quem é apaixonado por futebol. Gráficos melhorados, uma jogabilidade baseada na engine usada em Battlefield para tornar tudo mais fluído e bonito aos olhos, atualizações e a possibilidade de se tornar uma lenda no online fazem do game pedida certa a quem curte, nem que seja um pouco, o esporte.
Mas se engana ao pensar que, por ser lançado “todo ano”, viria sem novidades ou atrativos aos compradores. FIFA 17 trouxe o modo “The Journey” (A Jornada), que conta a vida de Alex Hunter, um aspirante a jogador de futebol qual você, nobre gamer, tem de acompanhar dos campos de base até sua ascensão aos torneios mundiais e vencedor de diversos prêmios, rumo a se tornar o melhor jogador do mundo. Será que tem a habilidade necessária? Doze milhões de pessoas em todo mundo (no mínimo, sem contar casas que duas, três ou mais pessoas joguem no mesmo console) estão tentando neste exato momento. Mas apenas suas decisões podem atingir ao posto de melhor dos melhores. Boa sorte.
Transforme Alex Hunter no melhor jogador do mundo, em competições equilibradas e com o clamor da torcida em FIFA 17
Todos os dados dessa lista foram tirados do site VgChartz, um dos maiores medidores de vendas mundiais de games. Concorda com o top 10? Ele está muito “óbvio”? Deixe nos comentários sua opinião e vamos debater um pouco sobre eles.