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Opiniões

09 DE DEZEMBRO DE 2020

Politização prejudicial

Por: Humberto Challoub

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Apesar de animadora, a iniciativa do Governo de São Paulo em fixar data para o início da vacinação contra o Covid-19 revelou-se em mais um triste ato do enredo de politização que acompanha o avanço do vírus em território nacional. Marcada por orientações contraditórias, negação à gravidade da doença e desvios de parte dos recursos destinados à aquisição dos suprimentos necessários para prestar o atendimento devido à população, a pandemia tornou ainda mais evidente a precariedade do sistema de saúde em várias regiões do País, principalmente as que se localizam mais distantes dos grandes conglomerados urbanos.

Mais do que nunca evidenciou-se a necessidade de ampliação dos investimentos em um setor que enfrenta inúmeras dificuldades e não consegue absorver a contento as grandes demandas por serviços médicos. Inegavelmente, existe o consenso de que o sistema público de saúde brasileiro não conseguiu alcançar a proficiência no atendimento aos pacientes que têm como única opção as unidades mantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Constantemente presente na relação das principais queixas da população em relação aos serviços oferecidos pelas administrações municipais e estaduais, onde se concentram as maiores demandas, o setor de saúde forjou seu conceito negativo pela completa negligência das autoridades, que até hoje não souberam – ou não quiseram – adotar políticas realistas de atendimento aos pacientes.

A depreciação das instalações hospitalares, a ausência de profissionais de saúde em quantidade suficiente para suprir as necessidades e a inexistência de projetos preventivos voltados a reduzir os excessivo número de atendimentos emergenciais desnecessários se tornaram comuns, banalizando os óbitos que poderiam ser evitados com o mínimo de organização, responsabilidade e eficiência no trato dessa questão.

Apesar de ser reconhecido como um modelo que oferece cobertura mínima aos menos favorecidos, o SUS se revelou inadequado para resolver os inúmeros problemas enfrentados pela população para ter garantido o direto, estabelecido como preceito constitucional, de ser atendido dignamente nas unidades públicas de saúde. O caos estabelecido na saúde, agora agravado pelos efeitos da pandemia, não deveria servir a disputas políticas, mas sim à adoção de medidas criativas e vigorosas, sem as quais continuaremos a assistir passivamente a morte de brasileiros pelo descaso e desprezo à dignidade humana.

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