“Está em jogo a fronteira de hegemonia entre Russia e Ocidente”, diz Jamil Chade | Boqnews

Correspondente internacional

30 DE MARÇO DE 2022

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“Está em jogo a fronteira de hegemonia entre Russia e Ocidente”, diz Jamil Chade

Correspondente internacional, jornalista Jamil Chade está no Brasil para lançar seu novo livro Luto-Reflexões sobre a Reinvenção do Futuro

Por: Fernando De Maria

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A guerra Rússia-Ucrânia passa pela hegemonia entre os países da Europa e não há sinais claros que ela se encerrará tão cedo.

Há o temor que o desfecho entre os dois países atinja nações vizinhas.

A Finlândia, por exemplo, vizinha à Rússia, tem planos de contingenciamento para situações de calamidade que datam desde o período da 2ª Guerra Mundial.

Pelo menos 1/3 da população adulta finlandesa é formada por reservistas das Forças Armadas.

Assim, o país construiu uma rede de túneis e verdadeiras ‘cidades subterrâneas’ preparadas para abrigar civis em meio a eventuais bombardeios.

“O que está em jogo é a fronteira da hegemonia entre Rússia e Ocidente”, destaca o jornalista e correspondente internacional do Uol, Band e My News, Jamil Chade.

Ele participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias de hoje (30).

Chade reside na Suíça, mas está no Brasil para lançar seu novo livro Luto – Reflexões sobre a Reinvenção do Futuro.

Dessa forma, com experiência de ter percorrido mais de 70 países em reportagens para os mais destacados veículos de comunicação, vários deles em conflitos de guerra, Jamil enfatiza que há o real temor de países europeus com os impactos dos resultados desta guerra, no estilo efeito Orloff (com o slogan, eu sou você amanhã).

Atualmente, Jamil colabora para os grupos Bandeirantes, Uol e MyNews.

Insegurança

“A guerra ocorre na Ucrânia, mas poderia ocorrer em outros lugares”, enfatiza.

Ou seja, a  preocupação é saber o que isso significa em termos de segurança para os demais países europeus vizinhos, como Lituânia, Letônia e Finlândia, por exemplo.

Assim, há um claro temor do avanço do poder russo sobre outras nações, a exemplo do que ocorre com a Ucrânia, em especial entre as nações que fizeram parte da antiga URSS, derrubada no final dos anos 80, mas cujas ligações históricas com Moscou permanecem.

Na entrevista, Chade lamentou a atual situação do povo ucraniano.

Afinal, já são mais de 4 milhões de refugiados, 13 milhões de ucranianos presos dentro dos seu próprio país.

“A guerra vira de cabeça para baixo a vida das pessoas”, salienta.

Assim, lembra que cinco dias antes dos ataques da Rússia, contatou uma amiga em Kiev, capital ucraniana.

Na ocasião, ela assistia a uma ópera e respondeu que estava tudo bem.

“Hoje, imagino que boa parte daquelas pessoas não tem mais nada”, resume.

Afinal, milhões saíram de suas casas apenas com a roupa do corpo – e muitos abandonaram seus carros rumo às fronteiras, deixando veículos, malas, famílias e histórias para trás.

Correspondente internacional, Jamil Chade não acredita que o acordo de paz entre Rússia e Ucrânia ocorra logo. “Os dois lados não querem ceder”, disse durante entrevista ao Jornal Enfoque. Foto: Reprodução/Manhã de Notícias

Acordo de paz?

Apesar das tratativas entre os governos russo e ucraniano, o acordo de paz não deve ocorrer tão cedo, avalia o jornalista.

“Os dois lados não querem ceder. Afinal, quando eles voltarem para casa irão se indagar: ‘valeu a pena’. Será difícil dizer: ‘venci’  “?, questiona.

Até o momento, 23 mil pessoas já morreram, entre centenas de crianças.

Milhões estão desalojados, a economia afetada e os prejuízos já beiram os U$ 565 bilhões (quase R$ 3 trilhões).

Desde novembro, cobrindo encontros entre russos e americanos na sede da ONU – Organização das Nações Unidas em Genebra, Suíça, Chade percebeu a complexidade do tema.

E temia que o pior  ocorresse, como efetivamente aconteceu.

“As posições estão inflexíveis”, lamenta.

Afinal, não há vencedor militar.

“A população ucraniana quer resistir e lutar”, diz.

São três pontos centrais que precisam ser ponderados para um eventual acordo de paz: a definição sobre a situação de Donbass, no leste ucraniano; a eventual neutralidade da Ucrânia e a expansão da Otan com sua inevitável aproximação da vizinha Rússia.

“Há um grande desafio de se chegar a um acordo.  Talvez ocorra um cessar-fogo, mas um acordo de paz vai demorar algumas semanas para ser negociado”, calcula.

Carta ao deputado

Chade também falou o artigo que escreveu sobre a situação feminina em tempos de guerra, ao contar passagens que vivenciou ao longo de sua carreira profissional.

O artigo, publicado no Uol, reverberou nas redes sociais e virou mote para descortinar aqueles que insistem em fazer piadas desta tragédia, tomando como referência os áudios vazados do deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, que esteve na Ucrânia alegando fins humanitários.

No entanto, em áudios vazados, ele revelou falas sexistas, provocando reações de diversos segmentos da sociedade.

A Assembleia Legislativa analisa a cassação do seu mandato.

Chade reconheceu que a carta não foi diretamente endereçada ao deputado, mas acabou ele se tornou o receptor, após circularem tantas memes e piadas sobre as ucranianas em grupos de redes sociais e de whatsapp.

“Precisava mostrar a triste realidade que a guerra traz às mulheres”, enfatizou.

Assim, o relato emocionante serve de reflexão ao descrever, ainda que de forma sintética, episódios que presenciou como jornalista em países da África, América Central e Oriente Médio, por exemplo.

Leia o texto 

Fifa

Autor do livro Política, Propina e Futebol: Como o ‘Padrão Fifa’ ameaça o esporte mais popular do planeta, Chade lamenta também que os escândalos que envolveram a entidade máxima do futebol não alteraram os problemas existentes.

“Há o sequestro da emoção por um grupo controla o futebol e transforma esta nossa emoção em muito lucro para eles”, diz.

“É um modelo corrupto e desgastado”, salientou.

“Se tivesse mudado algo, a Copa de 2022 não seria no Catar. O que mostra que o grupo do poder muda, mas a estrutura não mudou”, acrescenta.

 Luto-Reflexões sobre a Reinvenção do Futuro

A frase acima é o título da nova obra do jornalista.

Dessa forma, ele já participou de lançamentos na Mídia Ninja, Belo Horizonte (hoje), Rio de Janeiro (dia 31) e em São Paulo (dia 1), na Livraria da Vila, na Vila Madalena.

“O livro não é sobre a pandemia. Mas sobre nós. O luto não é uma referência à morte, mas ao verbo lutar”.

Ele tem a orelha da cantora Zélia Duncan e prefácio do padre Júlio Lancellotti, que participarão de  debate sobre a obra.

Dessa forma, no livro, o jornalista enfatiza a necessidade de se debater sobre as prioridades das cidades, estados e nações.

“Pelo menos 3 bilhões de pessoas sequer tomaram uma dose da vacina contra a Covid-19”, enfatiza.

Ou seja, onde está a igualdade entre os povos?

Assim, Chade aposta na importância da Educação para que as novas gerações impactadas pela pandemia e vivenciaram a ausência das atividades escolares por praticamente dois anos não sofram consequências ainda maiores de desigualdade afetando toda uma geração.

Assim, ele cita, por exemplo, o caso do Brasil, onde enquanto o discurso era para as pessoas lavarem as mãos com água e sabão no combate ao coronavírus, 6 milhões de crianças não tinham acesso a estes produtos básicos.

“A Educação faz parte da estrutura da democracia”, acrescenta.

Assim, ele defende que os governos priorizem os setores sociais, dentro do contexto contido no nome do livro: a reinvenção do futuro.

“O que vale mais atualmente: comprar jatos, submarinos nucleares e armas ou investir em saúde e educação?”, indaga.

Dessa forma, a obra pode ser adquirida em livrarias e site da editora Contracorrente, e outras como Amazon.

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