Março é o mês das mulheres. Em termos de saúde, algumas informações são bastante conhecidas, como a importância da boa alimentação e das atividades físicas.
Mas, por um outro lado, a ciência vem avançando para descobrir novas formas, em meio a muita tecnologia, que prometem tornar a vida das mulheres muito melhor.
Confira a seguir uma entrevista com o médico Nelson Marfil, da Clínica Endocentro, especialista em endoscopia e em Qualidade de Vida, sobre estes temas.
1 – Que cuidados especiais a mulher deve ter com a própria saúde, diferentemente do que acontece com os homens?
As mulheres têm uma fisiologia bastante diferente do homem. Além dos cuidados preventivos com o aparelho ginecológico, a mulher, cientificamente, necessita de maior tempo de sono que o homem.
2 – E o impacto da atividade física? Existo algo mais recomendado para a mulher?
A atividade física é essencial para ambos os sexos, do ponto de vista da longevidade saudável. No caso específico da mulher ela é ainda mais importante quando se aproxima a menopausa, devido à abrupta queda hormonal que acontece, diferentemente da menopausa masculina, chamada andropausa, quando a queda da atividade hormonal é mais suave, permitindo maior adaptação dos homens à esta fase da evolução humana. A abrupta queda dos hormônios sexuais femininos leva àqueles sintomas terríveis da menopausa como os fogachos, o ressecamento vaginal, alterações na textura da pele e anexos cutâneos, perda da massa muscular e acentuada queda na libido; todos estes sintomas são bastante minimizados pela atividade física regular. Quanto ao tipo de atividade física, depende muito da genética da mulher, do prazer gerado pela atividade e eventuais problemas osteo-articulares. Eu, particularmente, sou grande fã da ginástica funcional, que intercala séries de musculação com alongamentos e atividade aeróbica.
3 – E quais tipos de suplementos e medicamentos são mais apropriados para que a mulher tenha uma saúde melhor?
Atualmente os alimentos provenientes da terra perderam muito em qualidade nutricional, devido à massificação da produção agrícola, os transgênicos e a verdadeira invasão de produtos alimentícios nas gôndolas dos supermercados. Veja bem, produto alimentício não é alimento e eles geralmente têm baixíssimos índices nutricionais. Como exemplos destes produtos podemos citar os refrigerantes, os empacotados em geral, os frios, etc.
4 – Ainda em termos de alimentação, há diferenças em relação à dieta dos homens?
A alimentação deve ser a mais variada possível. Como diziam nossas avós, o prato deve ser colorido. E isso é verdade, pois cada cor de alimento é rico em determinada substância que lhe dá esse tom de cor. Por exemplo, os vegetais escuros são ricos em ferro, vitamina C e indol 3 carbinol, uma substância presente nos vegetais crucíferos que auxilia na prevenção do câncer de cólon e mamas. Já as frutas vermelhas são ricas em antioxidantes, que ajudam a prevenir o envelhecimento e por aí afora.
Ciência
5 – O que a ciência está trazendo para melhorar a qualidade de vida das mulheres nos próximos anos?
A medicina da longevidade está evoluindo bastante e encontra cada vez mais adeptos sérios no Brasil. A eventual suplementação de vitaminais, sais minerais e hormônios pode melhorar muito a qualidade de vida da mulher, porém o mais importante, ao meu ver, a alimentação equilibrada, a boa qualidade do sono e a atividade física habitual são a melhor maneira de ter uma longevidade saudável. Além disso, muitos exames têm surgido para, cada vez mais precocemente, detectarmos as doenças tais como a colonoscopia, endoscopia, a mamografia digital quando indicada, a termografia, o Papanicolau, a ultrassonografia ginecológica, etc. O mais importante é fazer uma visita ao seu médico, pelo menos uma vez ao ano.
6 – Seguindo estas recomendações é possível a mulher viver mais e melhor?
Sim. Basta seguir recomendações importantes. Algumas atitudes simples na rotina da mulher podem melhorar em muito sua qualidade de vida e longevidade saudável. Além da alimentação, atividade física e qualidade do sono é muito importante a mulher fazer o auto exame das mamas. O ideal seria fazer este exame uma vez por mês. No caso das mulheres que menstruam, fazer sempre ao final da menstruação; para as menopausadas, escolher um dia do mês fixo para fazer o auto-exame; procurar imediatamente o seu médico ginecologista caso haja algum nódulo, alteração na pele ou nos mamilos. Outro exame muito importante é a colonoscopia, que deve ser realizada após os 45 anos, mesmo que não haja qualquer sintoma. Em mulheres que têm antecedentes de câncer de cólon ou mamas, pode ser preciso fazer o exame antes dessa idade, dependendo da sintomatologia.