Contagem regressiva para o fim da janela partidária.
Afinal, com encerramento no dia 5, próxima sexta, muitos candidatos a vereador ainda não sabem qual rumo irão tomar.
A cada dia, uma novidade.
E um mar de incertezas.
A única é que a Páscoa – para muitos – será a mais animada dos últimos anos.
Com direito a chocolate.
Para muitos, a Páscoa será de chocolate e ‘chocolates’ políticos. Foto: Agência Brasil
Tanto como produto, como em relação à gíria futebolística.
Ou seja, haverá partido – e candidato (a) – que levará um ‘chocolate’ para o adversário.
A notícia, divulgada em primeira mão no site O Vale, onde o vice-governador Felício Ramuth afirmou que o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa terá carta branca, caso seja candidato à prefeitura pelo PSD, caiu como uma bomba no meio político.
Falta do vice-governador Ramuth em São José dos Campos ‘bagunçou’ a política em Santos. Foto: Arquivo/Jornal Enfoque
E embaralhou o troca-troca partidário – há menos de 10 dias do fim da janela.
Dessa forma, conforme reportagem, Barbosa abriria uma vaga no PSDB para facilitar que o suplente Eduardo Cury (PSDB) assuma. Ele é o segundo suplente do PSDB.
Ele já foi deputado por dois mandatos e tem base em São José dos Campos, no interior paulista – mesma cidade onde Ramuth governou.
Para tal, no entanto, haveria necessidade de Alex Manente (Cidadania) conseguir se eleger prefeito em São Bernardo do Campo, com apoio do PSD de Ramuth e Gilberto Kassab, o número 1 do PSD nacional.
Barbosa não comenta sobre o assunto.
Ou seja, não nega nem confirma.
Sabe que ainda há tempo para decidir qual caminho seguro a seguir.
Como diz o ditado, O Tempo é o Senhor da Razão…
Espera o apoio
No entanto, do outro lado do balcão, a equipe da deputada Rosana Valle (PL) dá como certa a ida do PSD para apoiá-la nas eleições deste ano.
Sinalização já dada por Kassab durante vinda a Santos na semana passada.
No entanto, o vento pode ter mudado de rumo.
Afinal, o anúncio de Ramuth pode significar que a principal liderança do partido teria dado carta branca ao vice-governador tornar pública a ideia de atrair o ex-prefeito de Santos para a legenda.
Gente do PSD, no entanto, diz que a iniciativa é do próprio Ramuth, sem relação com algum pedido de Kassab.
Pode ser que sim, pode ser que não.
Afinal, cravar uma eventual candidatura agora a prefeito seria um erro – afinal, em seis meses muita coisa muda na política.
A única certeza é o fim da janela partidária.
Com esta pulga atrás da orelha, pensam os pré-candidatos, em quem apostas as fichas e onde as chances de se eleger serão maiores?
Portanto, tal decisão, na prática, será tomada em uma decisão futura, pois ainda faltariam 6 meses para as eleições.
Agora, é jogar para a torcida.
Se for candidato, Barbosa leva vantagem perante Rosana Valle, segundo as últimas pesquisas – ao contrário do prefeito Rogério Santos.
Um neófito na política, mas que tem um governo bem avaliado.
A aposta é que seu nome cresça nos próximos meses a medida que mais pessoas associem seu nome ao mandato à frente do Palácio José Bonifácio.
Questão de tempo e estratégias políticas e de comunicação.
Água debaixo da ponte
Portanto, como o tempo para as eleições é longo, o velho ditado é cristalino: muita água vai passar debaixo da ponte.
Aliás, vale lembrar que Barbosa foi o deputado mais votado do PSDB nas eleições de 2022.
E já manifestou seu descontentamento no partido diante de alguns entreveros ocorridos entre lideranças nacionais tucanas.
Assim, não haveria qualquer risco de cassação de mandato – a janela partidária é apenas para candidatos a vereadores.
Nos bastidores, Barbosa já teria manifestado seu interesse em deixar a legenda – e não teria problemas em sair do ninho tucano.
Afinal, não é à toa que o seu indicado, o prefeito Rogério Santos, deixou o PSDB rumo ao Republicanos, mesmo partido do governador Tarcísio de Freitas.
PL – PSD
Por fim, ainda que o PL sonhe com o PSD, fica claro que a legenda viria de forma esvaziada (apenas com o tempo no horário de rádio e TV), pois o partido integra a base do prefeito Rogério Santos.
Não bastasse, o deputado Paulo Correia, liderança regional da legenda, tem forte ligação tanto com o prefeito Rogério Santos como com o deputado Paulo Alexandre Barbosa.
Sem contar a antiga amizade com o vereador Adilson Jr, líder do governo na Câmara de Santos.
MDB
Outro chocolate que pode estar se dissolvendo na boca do PL ocorre com o MDB.
O ex-presidente da Câmara e ex-vereador Sadao Nakai, hoje sem partido, é o preferido para ser vice da deputada Rosana Valle.
E seria uma opção sua ida ao MDB.
Sadao já disse que irá se filiar apenas com o objetivo único de disputar o Executivo – ou seja, o Legislativo está descartado.
O MDB já governou Santos e teve nomes de destaque, como Esmeraldo Tarquínio – cassado pela ditadura -, além de Oswaldo Justo (1985-1988) e João Paulo Tavares Papa (2005-2012).
Na última eleição, o MDB não fez qualquer cadeira no Legislativo, pois seu principal nome, o então vereador Antonio Carlos Banha Joaquim, foi candidato a prefeito para manter o partido vivo na Cidade.
No entanto, a eventual ida de Sadao para ser vice de Rosana sem discussão com a base do partido em Santos causou atritos com a alta cúpula do MDB no Estado.
Resultado: até o ex-presidente Michel Temer entrou na parada.
E não gostaram da forma como o caso tem sido tratado, ou seja, ‘goela abaixo’.
A decisão está nas mãos do presidente do partido, deputado Baleia Rossi.
O clima é tenso no alto poder do MDB.
E, assim, algo que era dado como certo hoje vive um mar de incertezas em relação ao futuro do partido nas eleições municipais.
Aliás, não será surpresa se o partido der um chocolate no PL local e apoiar outra candidatura, no caso de Rogério Santos – ou Paulo Alexandre, se Santos sair do páreo.
Se isso realmente ocorrer, haverá um troca-troca partidário nesta reta final da janela partidária, a ponto que alguns partidos serem esvaziados – especialmente com pouco tempo na TV e recursos do Fundo Eleitoral – para dar espaço para outros mais robustos.
O tempo é curto e a única certeza nesta Páscoa é que ela será recheada de chocolates.
De todos os gostos e sabores.
De maneira figurada ou não.
E com noites sem sono por indigestão, azia ou … dor de cabeça.
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