A enorme placa esconde os escombros de uma edificação onde um dia fora um pronto-socorro, que atendia diariamente centenas de pessoas, especialmente moradores dos bairros localizados na Zona Leste da Cidade, como Macuco, Estuário, Aparecida e Ponta da Praia.
Hoje, quem passa pelo local, apenas percebe um amplo tapume de chapas metálicas que encobrem o que restou da outrora edificação de saúde. Como não há qualquer sinal de homens trabalhando na área, o cidadão talvez nem saiba, mas ali, um dia, funcionará a terceira Unidade de Pronto Atendimento – UPA da Cidade (a primeira substituiu o Pronto Socorro Central e a outra, também em atraso, está prevista para a Zona Noroeste).
Pelo cenário de guerra, a obra vai demorar. E muito. Afinal, os escombros de tijolos, areia, gesso e azulejos se acumulam e permanecem no mesmo local após a demolição do prédio – ocorrida há alguns meses – serviço que custou pouco mais de R$ 200 mil, com verba do Governo Federal, mas, ao que parece, não contemplou a retirada dos entulhos. Restos, aliás, que estão se tornando focos de roedores e insetos, segundo vizinhos da antiga edificação.
Chama a atenção, porém, as datas de início e término da obra: 20/6/2016 e 19/9/2017. Não é difícil acertar, portanto, que esta será mais uma das realizações prometidas e não entregues dentro do prazo.
História antiga
A certeza da demora na entrega é tanta que no mês passado a Secretaria de Saúde de Santos renovou por mais dois anos e pelo mesmo valor o contrato de locação do imóvel onde provisoriamente funciona o novo PS. A edificação, localizada na Avenida Afonso Pena, 386, foi locada em fevereiro de 2015 pela módica quantia de R$ 25 mil mensais ao longo de dois anos, totalizando R$ 600 mil.
Em julho de 2015, a Prefeitura assinou contrato com a Dekton Engenharia para execução dos serviços de reforma e adequação, pelo valor de R$ 283.686,25. Apenas em setembro do ano passado ocorreu a mudança dos funcionários para o novo endereço.
Com o contrato em vigor, o atual PS continuará no mesmo imóvel até, pelo menos, fevereiro de 2019, 17 meses após a data prevista na placa colocada em frente às ruínas do antigo PS.
Valores
A edificação, cuja última ampla reforma ocorreu em 2001, apresentava problemas há anos. Em 2013, a Prefeitura anunciou que o Governo Federal havia destinado verba para reforma e ampliação da unidade para torná-la uma UPA. O valor total era de R$ 1.602.690,00.
Mas o tempo passou, a inflação pesou e os valores cresceram em 250%. A obra está orçada em R$ 5.595.883,73, mas os números datam de 2015, o que vai demandar os tradicionais aditivos contratuais.
Em nota, a prefeitura informa que o término da obra está condicionado ao repasse de valores pelo Governo Federal. A futura unidade contará com cerca de 30 leitos, sendo quatro de emergência e dois de observação pediátrica. Será um edifício com 3 mil m2 de área construída, dois pavimentos, além do subsolo.