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Foto: João Pedro Bezerra

Comércio

15 DE MAIO DE 2020

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Entre a abertura e a pandemia

Lojas fechadas e demissões colocam em risco a economia

Por: João Pedro Bezerra
Da Redação

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O comércio é um dos setores mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus.

A crise sem precedentes tem causado demissões e fechamentos de estabelecimentos.

A taxa de desocupação no País cresceu no primeiro trimestre deste ano em relação ao último trimestre do ano passado e atingiu 12,2%, alta de 1,3 pontos percentuais.

Os dados por cidades no site do Ministério do Trabalho estão desatualizados e impedem um acompanhamento com dados locais.

Vale lembrar que os efeitos do coronavírus, com a implantação de medidas como o isolamento social, só foram aplicados a partir dos últimos dias de março.

O governador João Doria ampliou a quarentena no estado até o dia 31 de maio. No entanto alguns municípios flexibilizaram as atividades comerciais não essenciais, como Guarujá e São Vicente.

Foi necessário o Ministério Público intervir para que as decisões fossem revistas pelas autoridades.

Em Santos, cidade com mais vítimas na região por conta da Covid-19 (com 81 óbitos confirmados até quinta, média de 1,8 mortes/dia), não há qualquer sinalização de flexibilização até a data estipulada pelo governo paulista.

Com isso, quem pode, atende por delivery. Mas nem sempre esta é a melhor solução econômica.

No geral, para a maioria, as vendas ficam bem abaixo do atendimento tradicional, especialmente para estabelecimentos que atendem apenas a noite, como pizzarias e esfiarias.

Posição favorável

O Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista se posicionou favoravelmente a flexibilização do comércio não só em Santos, mas como nos nove municípios que fazem parte da região metropolitana

Neste domingo (17), aliás, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometem fazer uma ampla carreata pela cidade, saindo às 11 horas da região do teleférico, na orla vicentina.

O grupo circulará pela avenida da praia até a Ponta da Praia, retornando pela mesma via, até chegar à Praça Independência, no Gonzaga.

Nas redes sociais, eles pedem a abertura do comércio, flexibilização da quarentena e retomada da economia.

Reflexos

Um dos principais comércios da cidade, a loja do Chileno localizada na Aparecida encerrou as atividades em duas das três unidades.

Dessa forma, o único estabelecimento que permanece funcionando faz atendimento apenas por delivery, mas insuficiente para pagar as despesas.

Assim, a empresa que contava com 15 funcionários, agora têm cinco.

De acordo com uma das proprietárias, Paula Mass, a Prefeitura não prestou auxílio ao comércio e ainda por cima multou a loja em R$ 10 mil pela venda de produtos não essenciais, segundo os fiscais, apesar do local vender alimentos.

“Se a situação continuar desse jeito, terei que fechar o comércio definitivamente”, ressaltou Paula.

Outros estabelecimentos que estão sofrendo nesse período são os salões de beleza, barbearias e os tradicionais quiosques na praia que apesar da opção por delivery sofrem com a concorrência desproporcional das grandes empresas deste ramo.

Sem clientes alguns quiosques estão fechados parcialmente, como pode ser visto pela orla da Cidade.

Além disso, os locais são alvo de roubos e vandalismos durante a noite, quando a rua está praticamente vazia.

Shoppings

Por conta das aglomerações e o ambiente fechado que o shopping proporciona ainda é incerto uma previsão da abertura do setor que provavelmente será um dos últimos a terem a rotina normalizada.

Enquanto isso, empresários e funcionários passam por momentos delicados.

O prazo inicial de fechamento se encerrou em 30 de abril, mas não há previsão de reabertura destes locais.

No Miramar Shopping, uma loja de cosméticos encerrou as atividades em função da crise causada pelo novo coronavírus e precisou demitir funcionários.

A assessoria do shopping não informou o número de locais que precisaram fechar as portas definitivamente, apenas ressaltou está seguindo as recomendações das autoridades.

Já a assessoria do Shopping Parque Balneário emitiu a seguinte nota: “O setor administrativo do shopping está trabalhando no regime de home office desde o início da quarentena. Já, a equipe operacional continua garantindo a manutenção mínima do shopping, porém, seguindo todos os protocolos de segurança, evitando assim qualquer possibilidade de contágio”.

O Balneário conta com 180 lojas e recentemente cinco encerraram suas atividades, porém, algumas já haviam sinalizado o fechamento antes da pandemia.

Outro shopping a ter demissões de funcionários nas lojas é o Super Centro Boqueirão, onde poucos estabelecimentos estão atendendo por delivery, como floriculturas e restaurantes.

Enquanto, o Praiamar Shooping, o maior de Santos, funciona apenas com a unidade do Carrefour funcionando e as lojas fechadas passam pela mesma dificuldade.

Situação semelhante ao Pátio Iporanga, aberto apenas para o supermercado Bolshoi.

Posicionamento e Impactos

Questionada sobre o número de estabelecimentos que fecharam as porta definitivamente durante a pandemia , a Prefeitura de Santos, em nota, deu o seguinte posicionamento.

“A Secretaria de Finanças (Sefin) esclarece que o encerramento definitivo de atividades empresariais decorre de um procedimento administrativo, que envolve vários setores da Prefeitura, em diversas etapas, até a sua conclusão. Desse modo, não há constatação de encerramento definitivo de estabelecimentos empresariais. Neste momento, de acordo com dados do cadastro mobiliário do Município”.

Outro ponto abordado no setor do comércio é o prejuízo econômico.

Afinal, a volta do comércio não será como antes, pois boa parte das famílias acumulam dívidas, que tendem a crescer se não houver perspectivas.

De acordo com o professor de administração da UniSantos, Alexandre Barros, a pandemia trouxe um impacto gigantesco.

“Não temos as vendas para equilibrar as contas. Logo, aqueles que possuem reservas vão queimar e aqueles que não possuem reservas vão se endividar ou fechar as portas. Mesmo durante a pandemia aqueles que abriram serviços de delivery estão trabalhando de maneira paliativa, pois não cobrem a totalidade de seu custo fixo”.

O professor ainda frisou que na pós-pandemia, a situação vai demorar para se normalizar, pois muitos clientes deverão ter cautela para voltar a consumir como anteriormente.

Dessa forma, algumas lojas não deverão abrir mais, pela dificuldade financeira e o consumo baixo.

Sobre a estimativa de demissões e fechamentos de lojas, Alexandre disse que fazer projeções nesse momento é arriscado em razão do cenário de incertezas.

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