Fenômeno que deixa ondas num tom azul fluorescente pôde ser observado em alguns pontos em Santos nas últimas madrugadas. O feito tirou pessoas de suas casas para registrar o momento, como o fotógrafo Dorigley Ferreira, que postou as fotos no facebook nesta terça-feira (28), com a descrição Acho que pessoas “normais” não saem de suas casas à uma da madruga e com 15ºC pra ir pra praia só pra fotografar umas ondinhas azuis!!! Agora sério… o negócio é lindo mesmo, já vou poder contar pros meus netos!
De acordo com o coordenador do curso de Ciências Biológicas da Unisanta, Jorge Luis dos Santos, o fenômeno não é raro. “A ocorrência é frequente. Raro, porém, é conseguir visualizá-lo”, explica. De acordo com ele, é um grupo de microorganismo, quem tem uma capacidade bem peculiar, chamada genericamente de bioluminescência. “São organismo do plâncton e quando se concentram acabam evidenciando mais claramente esta capacidade. Para que isso aconteça existe uma série de fatores oceanográficos. Alguns fatores dificultam que o fenômeno possa ser observado próximo as costas e as praias”, conta.
“São organismos que estão presentes no mar normalmente, mas como não estão concentrados, a observação visual não é possível”, acrescenta Jorge. Para ele, o local que foi registrado em Santos é privilegiado por ter reunido as condições ideais. Jorge explica ainda que além de estarem concentrados precisam ter um estímulo. “É uma reação química que gera a luminosidade, vinculada ao modo de vida. As ondas geram o estímulo necessário para que o fenômeno seja ativado, já que a água está com número grande de plânctons. Quando a onda estoura gera o flash, por isso ocorre na formação da espuma. Chamo de flash pois acaba não durando muito. Apesar da onda continuar a intensidade diminui e o flash também pelo estímulo ser menor”, descreve.
Fotógrafo Dorigley Ferreira fotografou o fenômeno próximo ao Posto 2,
por volta da 1h30 da madrugada desta terça-feira (28)
De acordo com Jorge, o fenômeno pode ser inclusive um indicativo de que a praia possa estar dentro de uma condição boa. “É difícil classificar, mas neste período a água deve estar isenta de alguns poluentes. Vejo como sendo um bom indicativo. Quando nós navegamos em mar aberto, por exemplo, este fenômeno acontece com bastante frequência. A medida que a embarcação avança, a proa vai cortando a água e a turbulência gera estes flashs, o que se assemelha ao que aconteceu aqui”, explica.