Instituições de ensino utilizam método EAD para não interromper ano letivo | Boqnews
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Educação

05 DE ABRIL DE 2020

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Instituições de ensino utilizam método EAD para não interromper ano letivo

Plataformas como Zoom, Hangout, Skype, entre outras, estão sento utilizadas para a comunicação entre professores e alunos

Por: Da Redação

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O confinamento social trouxe experiências diferenciadas a todos e ‘novas’ formas de se estudar. O ensino a distância (EAD) ganhou força dentro de escolas e universidades e está sendo utilizado para que se tenha continuidade do ano letivo.

No dia 18 de março, o Ministério da Educação publicou a Portaria nº 343, autorizando, “em caráter excepcional”, a substituição de aulas presenciais por aulas de educação a distância.

Antes mesmo de ser adotada pelo MEC, os estados e municípios já haviam suspendidos as aulas.

“O EAD se encaixa perfeitamente como solução para a realidade atual. Devido a sua flexibilidade, aos diversos meios de transmissão de conteúdo (vídeos, textos, aplicativos, jogos), aos canais de comunicação existentes, além de beneficiar os diferentes tipos de aprendizagens”, avalia Fábia Kátia Moreira, consultora de EAD e tecnologia internacional, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo o Censo da Educação Superior de 2018, realizado pelo Inep/MEC, o número de matrículas na modalidade a distância continua crescendo, atingindo mais de 2 milhões em 2018. O que já representa uma participação de 24,3% do total de matrículas de graduação.

Os dados apontam que o número de matrículas em cursos de graduação presencial diminuiu cerca de 2,1% entre 2017 e 2018. No entanto, no ensino a distância há variação positiva de 17% no mesmo período.

De 2016 a 2017, o crescimento havia sido de 17,6%.

” Entre 2008 e 2018, as matrículas de cursos de graduação a distância aumentaram 182,5%, enquanto na modalidade presencial o crescimento foi de 25,9% nesse mesmo período”, indica o relatório.

 

Professores realizam reunião via plataformas digitais. Foto: Divulgação/Ari Brito

Mudança para os professores

Para a professora do curso de Pedagogia da São Judas, campus Unimonte, Susanna Artonov, 54 anos, a chegada dessa nova forma de pensar o mundo requer muita aprendizagem, solidariedade, além da competência técnica para o domínio das plataformas utilizadas.

Esta última, aliás, Susanna assegura que os professores precisam ‘correr atrás’ do domínio, pois é uma prática ainda pouco utilizada por inúmeros docentes.

“Os alunos também têm ajudado muito. Descobrimos também que usuários de redes sociais não necessariamente conhecem as plataformas que hoje temos à disposição”, explica. Hoje, plataformas como Zoom e Hangout são as mais usadas.

Aliás, ela classifica esta nova experiência como interessante, pois apresenta novas metodologias de ensino, como a inserção de vídeos e produção conjunta de conteúdo.

Outro empecilho é a internet. De acordo com a professora, a ferramenta pode assustar alguns profissionais que não estão familiarizados com ela.

Já para o professor de Publicidade e Propaganda da Universidade Santa Cecília, Ari Brito, 50 anos, as maiores dificuldades neste método hoje são a resistência e a dificuldade dos alunos em utilizar as plataformas.

Muitos, segundo ele, esperam PDF’s e outros materiais, o que ele considera como ‘superficiais’.

“Demora um pouco até se acostumar com as novas plataformas “, ressalta.

Para o profissional, todos precisam colaborar um pouco com esse momento excepcional que está acontecendo.

Às vezes, na visão de Brito, os pais costumam assistir aos telejornais e novelas na hora das aulas. Mas com os filhos confinados dentro de casa e estudando pelo computador, isso pode acabar causando conflitos.

Em relação às aulas, o professor confirma que está tendo respostas positivas dos estudantes, e que, em conversas com outros docentes, o parecer fora igual ao dele.

As limitações tecnológicas acabam também prejudicando, como celulares que não acessam aplicativos ou a ausência de wi-fi em casa.

Dando aulas há cerca de 3 anos por este meio, Ari acredita que é inevitável as universidades, sejam elas públicas ou privadas, não terem uma parte de seus ensino por EAD – Educação a Distância.

“Não podemos ficar protelando em relação ao ensino a distância. Óbvio que da forma como aconteceu foi complicada. Mas por conta do coronavírus, acelerou um processo que no futuro iria acontecer naturalmente”, finaliza.

 

Vantagens e desvantagens

Impactados, os alunos também tiveram que transformar suas rotinas em casa, assim como os professores.

O estudante de Publicidade e Propaganda, Luan Lopes Sotelo, 31 anos, se mostrou bem confortável com as mudanças.

Já utilizando da ferramenta ao longo dos anos, Sotelo informou que o conhecimento obtido dentro da área se deu, além das aulas, por meio de tutoriais e aulas a distância.

Na visão dele, os professores se mostram proativos e esforçados para com as aulas. “Eu particularmente estou gostando da modalidade, pois alguns estão passando a informação com mais clareza e há menos distração que na faculdade”, assegura.

Contudo, os problemas enfrentados longe da faculdade acabam interferindo no aprendizado.

Segundo elea pandemia trouxe prejuízos à empresa Nexo Films, gerida por ele.

Os danos ainda estão sendo calculados, tendo em vista que ainda não há previsão para o fim da pandemia, mas hoje há redução no orçamento de 85%.

Questionado se a mudança para o EAD poderá beneficiá-lo em relação à empresa, ele acredita que sim. “Apesar de acreditar que parte do networking que a universidade me proporciona me permite ampliar alguns negócios e até melhorar fluxos que não seriam possível se o curso fosse inteiramente neste formato”.

 

Dificuldades em casa

A dinâmica em casa mudou em relação ao comportamento familiar. Um exemplo disso é a publicitária Carolina Barbieri, 34 anos.

Gael Barbieri tem 1 ano e meio de vida, mas transformou a residência em inúmeros aspectos. A proibição de aulas presenciais fez com que o menino ficasse à mercê das aulas onlines assim como os demais.

No entanto, a pouca idade fez com que ele receba ainda mais atenção dos pais.

Tendo que flexibilizar os horários, Carolina conta que está difícil conciliar as atividades de sua empresa de publicidade com o dia a dia do filho, principalmente quando o menino resolve brincar.

Para isso, criou-se uma rotina a ser seguida, tentando desta forma, auxiliar no dia a dia. “Existem as aulas que a escola manda, estamos tentando mantê-la. Café da manhã, desenho, banho, brincadeira, sono, aula em vídeo da escola, brincadeira novamente. Revezo com o meu marido entre uma ligação e reunião, mas tem sido difícil manter a produtividade”, afirma.

Ela conta ainda que, apesar de muita energia, o lado positivo de manter Gael próximo aos dois é que está se criando um laço familiar mais forte.

Hoje, inúmeros pais, assim como Carolina, vivenciam momentos até então vistos apenas pelos professores.

A arte imitando a vida…

“A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida…”. 

A frase proferida pelo dramaturgo e escritor irlandês, Oscar Wilde, teoricamente é verdadeira. Hoje, no entanto, pode-se falar que a arte está imitando a vida.

Fechada, a Escola de Teatro Tescom também aderiu a prática a distância para continuar as atividades que estavam sendo realizadas.

A diretora Karla Lacerda optou, junto a outros diretores, fazer uma opção diferenciada das ferramentas virtuais, aderindo a criação e propondo videoaulas, com ligações de vídeo. Além de propostas de leitura, escritas poéticas, entre muitas outras atividades culturais.

“Os professores propõem o objeto de estudo, mas são os alunos que escolhem a forma de caminhar, criar e falar sobre o que julgam importante para este momento”, explica.

 

Até mesmo aulas de teatro estão sendo feitas para não perder ano letivo. Foto: Divulgação/Karla Lacerda

 

Segundo ela, a possibilidade de novas formas de comunicação ampliam a criatividade e também os interesses dos alunos.

“O que importa é a comunicação direta entre os educadores e esses artistas em formação e o que mais tem nos surpreendido é a vontade e disponibilidade de jogar junto, não só dos alunos, mas de seus familiares. Assim, ‘todos entram em cena’”, enfatiza.

O estudante de teatro, Ronald Rocha, 26 anos, elogia o novo método, a qual ele considera como intenso. O desempenho coletivo agrada os alunos que já sugerem manter a prática após o final da pandemia.

Tendo como ponto forte a expressão corporal, o teatro passa visões diferentes e emocionantes.

Mas como alunos de teatro podem estudar de casa?

Segundo Ronald, existem dificuldades enfrentadas por todos, tendo em vista da necessidade da aproximação física e de contracenar com os atores.

Todavia, ele explica que o lado bom de ter este distanciamento é que os estudantes podem reaver o conteúdo passado.

Assim, fazem um estudo mais minucioso sobre as expressões, gestos e vícios. “Eu, por exemplo, ficava com a sobrancelha franzida o tempo todo, e às vezes não funcionava para o sentimento que queria passar. Dessa forma, consigo corrigir esses pontos específicos”, destaca.

 

Dicas para assumir as rédeas da situação

A mudança de rotina traz novos desafios à população. Os cuidados com o corpo e a mente também devem ser mantidos. Para a psicóloga Mariângela Veiga, assumir as rédeas e os cuidados da vida são fatos importantes neste período.

“É uma oportunidade ímpar de amadurecimento humano para isso. As notas serão só o resultado do empenho pessoal”.

Outra ponderação feita é sobre a criação de uma rotina para manter uma boa saúde emocional.

De acordo com ela, o foco deverá ser redobrado, tendo em vista as constantes distrações em casa, como computador e televisão. Portanto, é necessário a definição de um horário para estudar e aprender.

Para manter a mente equilibrada, a profissional aconselha, além da criação da rotina, se informar sobre o que vêm acontecendo no mundo. E não ficar ‘caçando’ quantos contaminados ou quantas mortes já aconteceram até o momento.

“Veja programas de TV construtivos, filmes, séries, documentários. Medite, ouça músicas e mantenha-se centrado por meio da sua respiração. Essas são só dicas que podem ajudar nesse momento de restrição e confinamento”, finaliza.

 

Professores e vestibulandos

Com datas mantidas, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 está mantido. No entanto, terá uma grata surpresa: haverá uma versão digital para a prova. Não será obrigatório se inscrever nesta opção.

O Governo Federal estima que até 100 mil candidatos irão optar pela versão. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), aliás, espera que até 2026, o Enem se torne totalmente digital.

O edital divulgado mantém a aplicação da prova impressa para os dias 1° e 8 de novembro.

Já a prova digital acontecerá nos dias 11 e 18 de outubro.

A vestibulanda Maria Fernanda de Jesus, 17 anos, se formará este ano pela Escola Liceu Santista. Preocupada com a prova no final do ano, ela reforça que neste momento o mais importante é a são os cuidados com a família, com a saúde mental e outras questões.

“O futuro que já era uma incógnita, entrou num breu sem fim, e mesmo assim, a pressão sob nossas decisões, continuam intactas. Pessoalmente, sempre fui contra o sistema educacional atual, que incentiva a rivalidade”, realça.

Para a professora do Liceu Santista e da Universidade Santa Cecília, Paula Denari, a grande questão hoje, é se pensar na dificuldade que é este novo processo de aprendizado. Conforme ela, as escolas sofrem uma pressão exacerbada dos pais, para que haja diversos conteúdos aos filhos.

“É óbvio que precisamos dar continuidade aos estudos, muito mais como forma dos alunos não perderem as referências e não ficarem enlouquecidos”, salienta.

Paula reafirma a cobrança exercida pelos pais, que, na visão dela, esquecem que o profissionais são pais, filhos, mães que também estão com os filhos em casa.

 

Desafios em âmbito fundamental

No Colégio Átrio as medidas foram tomadas com a ‘troca de pneus com o carro em movimento’, garante a coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental, Alciellle Santos.

“A escola adotou um modelo de aprendizagem em meio digital, com roteiros semanais de estudo, uso de vídeos e plataformas e aulas ao vivo (lives), o que na Educação Básica, não configura EAD, mas possibilita o prosseguimento com qualidade e respeito aos estudantes.

Na concepção dela, o maior desafio fora adaptar todo o plano de ensino em andamento para um novo tipo de abordagem. Neste caso, sem a presença, sem contato e sem os recursos proporcionados pela escola. “Não havia tempo de preparar nada com antecedência, tivemos que mobilizar o potencial coletivo para implementar um modelo mínimo e ir aprimorando semana a semana, em processo”, ressalta.

Segundo Alcielle, houve dois desafios enormes para os estudantes, como a rotina sem a presença pedagógica e também a ausência dos amigos e do ambiente escolar. Para ela, uma boa parte dos alunos tinha seus pais em casa, no entanto, não com total presença deles para si.

“Afinal também se adaptavam a uma realidade nova, seja de home office ou de risco familiar, para os que continuaram a trabalhar fora”, completa.

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