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24 DE JULHO DE 2009

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Liberdade e risco sob duas rodas

Botas e jaquetas de couro, óculos escuros e um modo arrojado de pilotar a moto no meio do trânsito.  Se antes esse era o estereótipo de quem conduzia o veículo motorizado de duas rodas, hoje o conceito de “motoqueiro” deu lugar ao termo motociclista: um indivíduo que une a paixão pela liberdade à segurança e […]

Por: Da Redação

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Botas e jaquetas de couro, óculos escuros e um modo arrojado de pilotar a moto no meio do trânsito.  Se antes esse era o estereótipo de quem conduzia o veículo motorizado de duas rodas, hoje o conceito de “motoqueiro” deu lugar ao termo motociclista: um indivíduo que une a paixão pela liberdade à segurança e responsabilidade no ato de dirigir.

Além disto, o crescimento contínuo no número de novas motos que chegam às ruas diariamente amplia a participação deles pelas ruas.

No entanto, o avanço no volume de motociclistas é diretamente proporcional aos riscos de acidentes e mortes no trânsito, mesmo diante de ações promovidas para conscientizar o motociclista.

Em Santos, de 2005 a 2008, a Companhia de Engenharia e Tráfego de Santos (CET-Santos) registrou um aumento de 12,2% no volume de acidentes sem vítimas com motos — de 2.632 para 2.954, respectivamente — o que dá uma média diária de oito acidentes/dia no ano passado somente envolvendo este tipo de  transporte (os acidentes com automóveis cresceram 0,5% no mesmo período).

E o pior: o número de vítimas fatais dobrou de 16 para 32 na comparação 2005/2008 – quase uma morte a cada dez dias.
Paralelo ao volume de acidentes está o crescimento no total de motos emplacadas na Cidade. De 2005 a 2008, a frota cresceu 30,9% (45.235 para 59.215).  Em relação à  de carros, o crescimento atingiu 10% (de 121.855 carros, em 2005, para 134.011, em 2008).

Segundo a CET-Santos, o aumento da frota de motocicletas é reflexo de alguns pontos, como a economia de combustível, exigência de pouca manutenção ou manutenção mais barata, agilidade no trânsito, facilidade de locomoção, além de tributos mais baixos – como IPVA e taxa de licenciamento – e, ainda, devido às facilidades de compra que estão sendo oferecidas pelas lojas.

Embora com alto índice pluviométrico, Santos é uma cidade cujo número de motocicletas sempre foi significativo: seja por tratar-se de uma cidade à beira-mar, seja por possuir terreno plano em quase toda sua totalidade. Mas nem só de lazer vive, hoje, o motociclista.

De acordo com a Associação Brasileira de Motociclistas (ABRAM), aproximadamente 25% dos motociclistas utilizam o veículo como ferramenta de trabalho no transporte remunerado, número que pode ser acrescido ainda por aqueles que usam a moto como meio de transporte diário, em substituição ao coletivo.

Conscientização
Com o objetivo de difundir atitudes de conscientização na arte de pilotar, a ABRAM estabeleceu 27 de julho como o Dia Nacional do Motociclista.

A entidade representa o motociclista, usuário, profissional, militar, esportista e estradeiro em todo o território nacional, inclusive no Conselho Nacional de Trânsito (Contran), com a missão de defendê-los e promover aprimoramento da legislação de trânsito, além de ações educativas com foco na segurança.

“Nosso maior desafio é criar uma cultura de segurança em duas rodas e ajudar o motociclista a vestir-se e agir de maneira segura”, ressalta o presidente da ABRAM, Lucas Pimentel. “É preciso ter conhecimento das técnicas de Pilotagem Segura, Direção Defensiva e Manutenção Preventiva. Para isso, criamos o Programa de Prevenção de Acidentes com Motocicletas e elaboramos materiais educativos como a cartilha 12 Mandamentos do Motociclista (acesse o site www.abrambrasil.org.br).

Assim como a ABRAM, a CET-Santos desenvolve ações de educação no trânsito, entre as quais a Campanha Álcool x Direção, iniciadas neste mês (acesse www.cetsantos.com.br, no link Educação Para o Trânsito).


Estilo aventureiro pelas ruas e estrada


Todo motociclista “que se preze” tem  histórias para contar: desde pequenos sustos no trânsito até mesmo derrapadas e quedas inesquecíveis. O mecânico de empilhadeira Jorge Galote Nunes, 57 anos, conhecido entre amigos pelo apelido de Noventinha, é um dos associados mais antigos do Motoclube Estradeiros da Liberdade, em Santos.

Entre tantas histórias, relembra a mais recente. “Minha esposa e eu estávamos de moto com destino a um aniversário nas imediações do Itararé, em São Vicente. Ao passarmos por uma lombada, um dos componentes da roda dianteira soltou e nós tombamos. Um casal de amigos que seguia em sua moto emparelhado com a nossa assustou-se com a queda e acabou caindo também”, lembra. “A sorte é que estávamos a 20 km/hora, porque se estivéssemos andando em uma velocidade maior, poderia, inclusive, terminar em acidente fatal”. A queda resultou em várias escoriações, fratura de ambos os braços e duas costelas quebradas.

“Nem por isso a moto deixou de ser a paixão da família: eu, minha esposa e meus três filhos continuamos cultivando esse prazer. Além disso, o que mais gosto de fazer é apreciar minha moto na garagem todos os dias, antes de sair  de casa para trabalhar”, diz.

O Motoclube Estradeiros da Liberdade existe há 10 anos e possui, atualmente, 30 motociclistas associados, de 20 a 60 anos, com motos que variam de 250 a 1.500 cilindradas, a maioria deles acompanhados de suas respectivas esposas.

O grupo promove passeios mensais coletivos para diversas localidades do Brasil. Entre as mais longas, destaca-se a viagem realizada a Itajaí (SC), com total percorrido, “na chuva”, de 1,6 mil/km.
Segundo o vice-presidente do Motoclube, Dorival Zarforlin, a filosofia e ideologia do grupo é compartilhar o amor pela arte do motociclismo e promover o lazer, a irmandade e o contato com a estrada.

 “Também trabalhamos em favor da conscientização, que envolve segurança e responsabilidade no trânsito, exigência de habilitação em dia e alerta contra o abuso do álcool antes de dirigir”, explica.

O Estradeiros da Liberdade também realiza ações filantrópicas, como a participação na Campanha do Agasalho, cujos valores arrecadados são encaminhados para entidades beneficentes. Para  informações sobre o Motoclube e formas de associação, é só acessar o site www.estradeirosdaliberdade.com.br.

O grupo se encontra semanalmente às quartas-feiras, a partir das 20 horas, no Empório Sete, na Praça Nossa Senhora do Carmo, 35, na Ponta da Praia (Canal 7).

Comemoração
Em comemoração ao Dia Nacional do Motociclista, o Motoclube Estradeiros da Liberdade promoverá, na próxima segunda-feira (27), um passeio com concentração no posto Esso, no Ferry-Boat, em Santos, a partir das 20 horas, com chegada no Moto Clube Tribo do Asfalto, em São Vicente. Todos os integrantes de demais motoclubes estão convidados para o evento.


Contran promove mudanças na legislação


De forma conjunta às ações de conscientização e educação para condutores de veículos, nos últimos meses houve um endurecimento da legislação de trânsito.

Uma das medidas implantadas foi a Resolução 285 do Contran, que entrou em vigor em janeiro de 2009,  alterando as regras dos cursos de formação dos condutores de veículos automotores: o curso teórico, anteriormente com 30 horas/aula, passou para carga horária de 45 horas/aula. Além disto,  o curso de direção veicular, antes com 15 horas/aula, foi aumentado em 20 horas/aula.

“O principal problema do motociclista é que o trânsito foi todo pensado para privilegiar os automóveis. Assim, as vias, a legislação, a sinalização e o processo de habilitação não oferecem devida atenção às especificidades relacionadas ao uso da motocicleta. Nosso trabalho é inserir esse veículo no contexto do trânsito”, diz o presidente da ABRAM, Lucas Pimentel.

“Confesso que já melhorou muito. O fato de termos uma cadeira na Câmara Temática do Contran já é um sinal disso, mas ainda temos muito a avançar”, explica.

“Entretanto, outro problema grave é que 90% das ocorrências de trânsito são precedidas de uma ou mais infrações do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), assim como o desconhecimento e o desrespeito à legislação é enorme”, enfatiza.

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